O “corajoso, lutador e dedicado” deputado – nas palavras de Geraldo Júlio, após consumado o apoio – chegou a escrever em carta, há quase um mês, que foi “retirado da campanha por uma chantagem”, e que, diante do processo que resultaria no abraço ao candidato do governador, se “vivo fosse, Brizola morreria de vergonha”.
No mesmo texto, reclamou que a aliança com Geraldo Júlio representava “a escolha de um papel subalterno para o PDT”, e que se apresentava como alternativa “ao fogo cruzado entre PT e PSB”. E teceu várias e pesadas críticas ao presidente da Assembléia Legislativa, Guilherme Uchoa, a quem reiterada vezes chamava de “atrasado” e “fisiológico” pela aliança automática ao Palácio das Princesas.
Ao que parece toda a altivez de Paulo Rubem parece ter se reduzido a cinzas diante da proximidade eleitoral. Sem estar na disputa direta por votos, a mudança de postura tão rápida em favor do candidato do governador, assumindo o lado que a direção de seu partido queria desde o começo, não deve ter agradado aqueles que o defenderam com unhas e dentes, assim como ele se propio a defender a candidatura própria.
Óbvio que é do jogo político alianças e feituras de frentes de apoio em prol de uma causa comum ou alianças estratégicas. Mas o que se vê hoje em Pernambuco é apenas a face clara de um cinismo eleitoral onde se faz uma crítica a uma crítica a um adversário e em menos de 30 dias – quando não há mais condições de levar um projeto próprio – se adere sem a menor cerimônica ao adversário a quem se criticava há pouco tempo.
O eleitor, sempre ele, fica com cara de “bobo” se perguntado se a política é mesmo esse “salve-se quem puder”.
O episódio que culminou em fotos de braços dados com a campanha que combatia com entusiasmo, em favor da legitimidade de outra voz para a Frente Popular, termina encolhendo a biografia do parlamentar. Paulo Rubem é o último cooptado de um jogo pesado que incluiu o PMDB de Jarbas e até a costela do DEM, o PSD de André de Paula que também preferiu a adesão fácil.
Vivo fosse, Brizola morreria de vergonha, deputado.
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