Ricardo Antunes

Ricardo Antunes

Política com Inteligência

Perfil: Jornalista, formado pela UFPE com especializaação em jornalismo politico pela Universidade de Brasília e Georgetow University (EUA). Passou pelas principais redações de Recife e Brasília e foi observador eleitoral pela OEA.

Os Blogs Parceiros e Colunistas do Portal LeiaJá.com são formados por autores convidados pelo domínio notável das mais diversas áreas de conhecimento. Todos as publicações são de inteira responsabilidade de seus autores, da mesma forma que os comentários feitos pelos internautas.

As greves não têm a influência eleitoral de outros tempos

Ricardo Antunes, | qui, 20/09/2012 - 13:50
Compartilhar:

O mesmo tipo de pragmatismo que orienta os partidos políticos brasileiros, aglomerados pelo cheiro de poder aos mandantes da ocasião, é o pragmatismo que domina a decretação e a duração das greves no País. Mal termina o movimento dos professores das universidades federais, depois de mais de três meses de paralisação, os bancários resolvem interromper as atividades, seguidos pelos funcionários dos Correios e possivelmente pelos vigilantes de empresas de segurança que fazem o transporte de valores, dinheiro e documentos.

A interrupção de serviços essenciais é um sintoma de desgoverno, incompetência e imaturidade institucional. Mas vai longe a época em que essas coisas podiam ser utilizadas politicamente para a obtenção de votos e o favorecimento de determinados candidatos. O partido que dominava essa “tecnologia”, assim como seus satélites, estão no poder há mais de uma década. E agora o que pretendem é a manutenção do status quo, e não a sua mudança, para o desespero dos empolgados militantes e simpatizantes que ainda enxergam na ideologia surrada a justificativa para tudo, até para a incoerência, a desonestidade, a falta de ética, o oportunismo e a bandalheira.

Sem uma legislação rigorosa que seja respeitada pela deflagração de movimentos paredistas, o cidadão comum se torna refém da insatisfação dos grevistas, e também da inflexibilidade dos patrões – e muitas vezes o patrão é o governo. Os sindicatos deitam e rolam no vácuo da moleza que é fazer greve no Brasil. O direito do trabalhador se transforma num abuso quando o direito da maioria da população é flagrantemente ignorado, inclusive pela Justiça, que não dispõe de instrumentos de punição efetivos.

No decorrer do processo eleitoral, dificilmente se vê algum candidato tocando no assunto das greves. Porque a maioria dos partidos integra a base aliada do governo federal, ou do governo estadual. E a oposição ainda não consegue canalizar os prejuízos evidentes para o seu discurso. O resultado é quase inacreditável: ao contrário do passado, quando as greves pré-eleitorais tinham destino certo, as de hoje, às vésperas de uma eleição, não atrapalham as campanhas de nenhum deles.

Só atrapalham a vida do eleitor, coitado.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

LeiaJá é um parceiro do Portal iG - Copyright. 2024. Todos os direitos reservados.

Carregando