Raquel Cavalcanti

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Diário Internacional

Perfil: Jornalista e executiva de comércio exterior e relações internacionais..

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Londres 2012 e a ignorância global

Raquel Cavalcanti, | ter, 10/07/2012 - 16:24
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Faltam exatos 19 dias. Não precisa ter uma excelente memória para afirmar com convicção que a essa altura nas Olimpíadas da China, Grécia, Sidney e tantas outras nas últimas décadas, os brasileiros estariam testemunhando uma programação televisiva particularmente especial. Era provável que César Cielo fosse a estrela do quadro Arquivo Confidencial do Faustão, já Maurren Maggi poderia facilmente estar hoje se deliciando em um café-da-manhã ao lado de Ana Maria Braga.

Quem sabe a Globo News estivesse exibindo uma série especial sobre Londres, que a exemplo do “China: Além da Muralha”, apresentado durante todo o primeiro semestre de 2008, seria um excelente programa.  A Globo, contudo, simplesmente finge que o evento mais importante do esporte mundial não existe e confia no “Encontro com Fátima Bernardes” para tentar boicotar a audiência da Record bem no horário dos jogos. Até em um novo torneio de futebol já se fala. Entre os times participantes estariam Corinthians, Flamengo e o poderoso Barcelona.

A Globo é responsável pela maioria absoluta da audiência televisiva no país. Segundo a teoria do agendamento, ou o agenda setting, “em consequência da ação dos jornais, da televisão e dos outros meios de informação, o público sabe ou ignora, presta atenção ou descura, realça ou negligencia elementos específicos dos cenários públicos”. Há uma tendência à inclusão ou exclusão do próprio conhecimento humano, o objeto que o mass media inclui ou exclui de seu conteúdo. É natural que o público consumidor da notícia, considere mais importante os assuntos veiculados na imprensa.

É certo que não se esperava que a Globo fosse deliberadamente, e nem poderia sem sofrer punições legais, divulgar oficialmente o evento em Londres, uma vez que perdeu os direitos de transmissão por não cobrir a oferta da Record. O problema é que os Jogos Olímpicos não são `um evento` ordinário e há obrigações morais que, como formador de opinião, a Globo não pode se eximir.

Serão 259 atletas brasileiros competindo em 27 diferentes modalidades, o que para uma cultura monoesportiva como a do Brasil, é uma oportunidade única para a divulgação de esportes olímpicos menos acessíveis à população. Sem contar a importância destas Olímpiadas, por antecederem justamente aos jogos olímpicos  realizados no Brasil.

Se na Central Globo de Jornalismo a ordem é minimizar esta edição dos jogos, na TV fechada as Organizações Globo e sua Globosat deverá gastar cerca de R$ 1,3 milhão, oferecendo seis canais de transmissão exclusiva aos mais de 10 milhões de assinantes. O objetivo, contudo, longe de ser nobre, é reduzir alguns pontos da audiência da concorrência. 

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