Adriano Oliveira

Adriano Oliveira

Conjuntura e Estratégias

Perfil:Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE.

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O método e a previsão

Adriano Oliveira, | qua, 05/12/2012 - 09:59
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Os atos de adivinhar e de achar são diferentes do ato de prognosticar. Adivinhar e achar não representam atividade científica. Mas o ato de prognosticar é atividade científica. O adivinho e o achismo é, por vezes, confundidos com prognósticos. Aliás, os prognósticos não fazem parte do cotidiano da análise política brasileira e quando alguém decide fazê-los é qualificado de adivinho.

Para o prognóstico ser uma atividade científica, ele precisa necessariamente do método.. O método existe na atividade de prognosticar. Para a sociologia da ação, os indivíduos agem intencionalmente e racionalmente. Neste caso, a ação dos indivíduos têm sentidos. O neoinstitucionalismo, estrutura teórica da Ciência Política contemporânea, considera que os indivíduos estão a caminhar numa trajetória, e nesta adquirem visões de mundo, recebem influência das instituições, formam preferências e realizam escolhas.

A Teoria dos Jogos, a qual faz parte do arcabouço metodológico da Ciência Política, quando utilizada com criatividade e considerando as premissas do neoinstitucionalismo e da sociologia da ação, contribui para decifrar e prognosticar a ação dos atores. Entretanto, para isto ocorrer, as seguintes premissas, construídas com base na sociologia da ação e no neoinstitucionalismo, precisam estar presentes: 1) atores têm preferências, mas nem sempre elas correspondem as suas escolhas; 2) Os atores fazem escolhas racionais, pois conseguem identificar, antecipadamente, as consequências das suas ações.

As duas premissas apresentadas estruturam teoricamente o método da previsão. Com elas e com criatividade empírica, pois uma indagação precisa estar presente na realização da previsão, é possível construir prognósticos nas arenas institucionais e eleitorais. Mas, faço uma ressalva: o prognóstico não é definitivo, pois cisnes negos, ou melhor, acasos, podem ocorrer, e modificar as escolhas dos atores. Portanto, prognósticos são realizados através da construção de cenários.

Um cenário eleitoral ou institucional não pode ser único. Cenários surgem diante de variadas possibilidades. Por exemplo: quais os cenários possíveis para o governador Eduardo Campos em 2014? Observo quatro possibilidades: 1) Cenário 1: ser candidato à presidente da República; 2) Cenário 2: ser candidato a vice-presidência da República na chapa do PT; 3) Cenário 3: ser candidato a vice-presidente da República na chapa do PSDB; 4) Cenário 4: ser candidato a Senador.

Através das premissas teóricas e da Teoria dos Jogos, e, claro, considerando as ações do governador Eduardo Campos e de outros atores, como Aécio, Marina Silva, Dilma e Michel Temer, constato que o cenário 1, neste instante, é o mais plausível. Aliás, desde 2010 esta plausibilidade já estava presente. Entretanto, acasos ocorrem na trajetória, em razão disto, o cenário 1 pode não vir a ser mais plausível em 2014.

Se a plausibilidade de hoje pode não ser a de amanhã, o ato de prognosticar se confunde com o achismo? Engano. As escolhas dos atores quando realizadas com base em cenários adquirem poder maximizador. Observem que Eduardo age hoje com desenvoltura na cena eleitoral, em virtude do cenário econômico pessimista para 2014, dentre outros fatores. Mas se o pessimismo não mais estiver presente em 2013, ele mudará, certamente, o seu comportamento.

Políticos sábios agem com base em cenários, os quais precisam ser construídos com abundante informação, Teoria dos Jogos e criatividade em razão da complexidade do contexto em que os atores agem.

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