O número de jovens desempregados em todo o mundo cresce assustadoramente. A Organização Internacional do Trabalho – OIT – estima que dentro de cinco anos 12,8% dos jovens estarão sem emprego no mundo. Hoje, essa taxa já é elevadíssima, 12,6%, ou sejam, 73,4 milhões de pessoas de 15 a 24 anos de idade sem ocupação. Ou seja, um contingente que cresce a cada dia desde que o mundo entrou em crise, em 2009. Há países que lideram essa cruel estatística: na Grécia, 54,2% dos jovens não trabalham, na Espanha, 52,4%, enquanto que nos Estados Unidos o desemprego dos jovens atinge 16,3% dessa faixa etária. Em melhor situação estão a Suíça, com 6,1%, Alemanha, 8,2% e Japão, 8,8%
Na América Latina está sendo registrada tendência de diminuição de nosso tradicional restrito mercado de trabalho. Tínhamos 13,5% de desemprego juvenil em 2008, 15,4% em 2009, mas no ano passado conseguimos reduzir a 12,9% na região. Segundo previsões da OIT, a tendência é de aumento do desemprego nos próximos anos, apesar de estar sendo registrado o fenômeno da desistência: muitos jovens, principalmente nos países ricos, simplesmente desistem de continuar procurando emprego e deixam de pressionar as estatísticas como trabalhadores a procura de emprego. Eles tornam-se marginais ao processo.
No Brasil os números são positivos. Estamos com a taxa de desemprego juvenil em queda constante, apesar de nossos números ainda serem elevados. Em 2002 tínhamos 22,6% de desempregados, contra 13,2% no ano passado. Apesar de queda, recente pesquisa do IBGE, indica a permanência de diferenças regionais na oferta de emprego. A Pesquisa Mensal de Emprego (PME), realizada em regiões metropolitanas, mostra desigualdade entre os números do Sul e Sudeste com os do Nordeste e Norte. Enquanto a taxa de desocupação em Porto Alegre era de 4,4%, Salvador registrava índice de 10,3%, e Recife de 7,8%, enquanto cidades como São Paulo e Belo Horizonte apresentam índices de 6,6% e 6,3%, respectivamente.
“Sempre houve concentração dos investimentos nas regiões Sudeste e Sul, principalmente investimentos privados, de indústria e infraestrutura, como portos, aeroportos, estradas e ferrovias”, admite o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA). “O Nordeste, historicamente, registra taxas maiores de desemprego. A situação tem mudado nos últimos anos. O estado do Ceará, por exemplo, criou incentivos para a indústria têxtil, estimulando a implantação de novas fábricas e a expansão do parque já existente. A Bahia foi escolhida pela montadora Ford para a instalação de uma fábrica no município de Camaçari e a cultura da soja consolidou o oeste do estado como novo polo econômico”.
A proposta de Daniel Almeida para inserir ainda mais o Nordeste no mapa econômico nacional é definir uma política de financiamento baseada na contribuição dos estados para o Produto Interno Bruto. “É preciso determinar que os investimentos no Nordeste, principalmente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), correspondam à contribuição da região para o próprio banco. O Nordeste representa cerca de 15% do PIB brasileiro, mas recebe de volta do BNDES apenas 8%. Não se trata de a região mais rica do País financiar a mais pobre. Trata-se de a própria região financiar seu desenvolvimento.”
Ainda no bloco dos deputados que apoiam o governo federal, o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) conclui: “Precisamos de mais opções de financiamento para os empresários, é urgente baixar juros e reduzir a burocracia na concessão de crédito”. O País está imerso na campanha à sucessão presidencial. A população aguarda, além das medidas necessárias para a efetiva retomada do crescimento econômico, os planos para o enfrentamento da crise internacional. E que vença o melhor.