Eleitores e atores políticos estão em constante estado de incerteza quanto às consequências das suas escolhas e decisões. Daniel Kahneman e Amos Tversky em brilhante artigo publicado no ano de 1974 –Julgamento sob incerteza: heurísticas e vieses– mostram que atores buscam atalhos/heurísticas como fonte de informação para amenizar os efeitos da incerteza na tomada de decisão.
Kahneman e Tversky partem do princípio de que informações diversas, como por exemplo, dados estatísticos ou comentários de outros servem para guiar a tomada de decisão dos indivíduos em estágios de incerteza. Ressalto, contudo, que Kahneman e Tversky frisam que as informações precisam estar disponíveis para os indivíduos para que eles possam tomar as suas decisões. Neste caso, a disponibilidade da informação é fator crucial para que os efeitos da incerteza sobre a decisão sejam amenizados.
Em momentos eleitorais, eleitores e atores, diante do contexto da incerteza, procuram atalhos/heurísticas para amenizar os seus efeitos nas decisões. Tenho a hipótese de que a decisão dos eleitores pode vir a ser guiada por variados determinantes do voto, dentre os quais, satisfação com o governo e bem-estar econômico. Por sua vez, a decisão dos atores é guiada pela expectativa da conquista do poder.
Neste instante, os contextos eleitoral e político estão recheados de incertezas quanto ao comportamento futuro do eleitor e de dados atores. No âmbito da disputa nacional, os pré-candidatos à presidente que desejam se contrapor eleitoralmente à Dilma apostam no reduzido crescimento econômico para conquistar sucesso eleitoral. O raciocínio é o seguinte: a diminuição do bem-estar econômico dos eleitores beneficiará os candidatos de oposição. Dilma, porém, aposta na manutenção ou no crescimento do bem-estar – O crescimento econômico no primeiro trimestre do ano foi de 1,05% – Fonte: Banco Central.
Os candidatos oposicionistas e a presidenta Dilma erram ao acreditar que o bem-estar econômico é o único Senhor da eleição. Outros Senhores existem, dentre os quais, a imagem que Dilma construiu entre os eleitores e a possibilidade de existir sentimentos de ressaca eleitoral para com o PT – Hipótese.
No contexto político, a indefinição, neste momento, é quanto às candidaturas à presidência de Marina Silva e de Eduardo Campos. Marina tem a expectativa de que o seu novo partido ganhe vida. Se assim ocorrer, ela será candidata. Porém, ressalto que Marina disputará a eleição com dificuldades para arregimentar recursos financeiros em razão das limitações por ela criada para receber financiamento privado. Por outro lado, não vejo o tempo de TV como algo que impossibilitará a candidatura de Marina, pois na última disputa presidencial ela obteve surpreendente desempenho com escasso tempo na propaganda gratuita.
No caso de Eduardo Campos, o mês de maio se caracteriza por diversas informações que dão conta do recuo da sua candidatura à presidente. Informações possibilitam incerteza no xadrez político. E a incerteza quanto à possível candidatura presidencial de Eduardo está presente na cabeça de variados atores. Certamente, esta incerteza não faz parte da mente dos eleitores devido ao baixo conhecimento que o possível candidato do PSB ainda tem entre eles.
Qual será o custo para Aécio caso Marina e Eduardo não sejam candidatos? O que fará Marina Silva caso não seja candidata? Se Eduardo Campos não for candidato, qual será o seu posicionamento na disputa presidencial? Se Eduardo Campos não vier a ser candidato, a sua imagem sofrerá descrédito entre lideranças e imprensa que apostaram em sua candidatura?
Neste momento, a incerteza faz parte das dinâmicas eleitoral e política. São nos momentos de incerteza que as dificuldades para a tomada de decisão crescem. É diante da incerteza, que pesquisas e análises conjunturais devem ser realizadas para orientar a tomada de decisão dos atores.