Adriano Oliveira

Adriano Oliveira

Conjuntura e Estratégias

Perfil:Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE.

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Para onde o Brasil caminha?

Adriano Oliveira, | qui, 11/07/2013 - 13:57
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As manifestações e as paralisações recentes proporcionaram variadas análises sobre a atualidade e o futuro do Brasil. Muitos são os otimistas que frisam que o Brasil mudou ou que sofre processo de transformação. Outros afirmam que um novo Brasil já existe. Ambas as assertivas, as quais devem ser consideradas como hipóteses, aparentam ser verdadeiras. Porém, para onde o Brasil caminha?

Observo, com base em dados advindos de pesquisas de opinião pública, que os partidos brasileiros são desacreditados e não possuem vida na sociedade. A vida dos partidos existe apenas na arena parlamentar. Pesquisa do IBOPE divulgada em 10/07/2013 revela que 81% dos brasileiros consideram os partidos políticos corruptos ou muito corruptos. Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) em junho de 2013 mostra que 49,3% dos recifenses não têm preferência partidária.

De acordo com a citada pesquisa do IBOPE, 72% dos brasileiros consideram que o Congresso Nacional é corrupto ou muito corrupto. Este dado mostra que os brasileiros não confiam e nem acreditam no Parlamento. Então, se os brasileiros não confiam e nem acreditam nos partidos e nem no Congresso Nacional, como posso falar em instituições parlamentares no Brasil? Tenho a hipótese de que partidos e parlamentos são estorvos para grande parte da opinião pública brasileira.

A pesquisa do IPMN revelou que 89,8% dos recifenses concordam com a seguinte afirmação: “Os políticos brasileiros são corruptos em sua maioria”. Dado preocupante. Se as pesquisas do IBOPE e do IPMN revelam que partidos, parlamentos e políticos são desacreditados, o seguinte problema surge: o que motiva as pessoas a irem votar? Os dados revelam o porquê das abstenções eleitorais.

Um dado curioso revelado pela pesquisa do IPMN: 37,7% dos recifenses consideram a sociedade brasileira corrupta. Portanto, afirmo: a célebre frase de que o povo tem o político que merece é verdadeira para parte do eleitorado brasileiro. Por outro lado, é falsa a frase de que o povo não sabe votar. Considerando apenas o universo de 37,7% dos que afirmam que a sociedade brasileira é corrupta, concluo que o eleitor, por ser supostamente corrupto, vota em políticos supostamente corruptos.

O Brasil caminha para uma sociedade sem partidos, os quais estão sendo substituídos pelas redes sociais e os órgãos de comunicação. Aliás, há muito tempo, a imprensa brasileira canaliza os variados interesses da população. Neste momento, observo também que as redes sociais são os instrumentos que dão vozes aos diversos desejos da sociedade. Como bem revelam as pesquisas, o Parlamento, os partidos e os políticos não têm a confiança dos brasileiros. Portanto, o Brasil continua a caminhar, caso o Parlamento, as agremiações partidárias e os políticos não se transformem qualitativamente, para uma democracia despartidarizada e desparlamentarizada.   

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