O ser humano é um contador de histórias. Sempre foi, desde a época em que se reunia ao redor da fogueira pra dividir informações, e de lá pra cá muita coisa mudou. Muitas técnicas evoluíram e as formas de contar essas histórias mudaram. De tudo, o que eu acho mais interessante é a figura dos heróis, ou especificamente os super-heróis.
A figura do herói aparece nas narrativas como uma pessoa que desempenha grandes atos e que serve de inspiração e exemplo para quem ouve a história. Tipo a obstinação de Ulisses que aguenta anos de provações e de sacanagens divinas pra chegar em casa, ou Perseu que foi encarar a Medusa para não abrir mão dos seus objetivos! Os heróis são foda!
Mas aí, pulando milhares de anos, a gente vem pros super-heróis, seres que são capazes de fazer coisas extraordinárias, tipo o Super-Homem e tal. Mas pra mim o mais interessante dos super-heróis é que a história pregressa de cada um já é, por si só, um conto e uma lição inspiracional independente dos feitos desses heróis. Alguns ótimos exemplos são:
O Batman teve os pais brutalmente assassinados na frente dele. O cara teve uma infância "ruim"... O cara tem "todo o dinheiro do mundo", mas nenhuma família (fora o mordomo). E o que ele faz? Decide se aprimorar física e mentalmente e utilizar todos os recursos a seu dispor para combater o mal que ferrou a vida dele. O ponto heroico é que ele não mata, nem mesmo usa armas de fogo, se colocando acima dos seus inimigos!
A Mulher Maravilha é uma amazona da mitologia grega, criada pela rainha das amazonas junto com o deus da Guerra mulheres que vem pro mundo "dos homens". Ela é a metáfora da mulher que era criada para ser uma grande guerreira e ao mesmo tempo uma diplomata, na verdade é muito mais "forte" do que os homens à sua volta e isso gera grande conflito. Já foi rotulada como lésbica e como apologia à violência acima da razão e do diálogo, mas seu ponto heroico é que ela traz uma perspectiva inspiradora para o sexo feminino contra a misoginia e se transforma constantemente desde sua criação (em 1941) até os dias de hoje.
Os X-men são jovens "diferentes" e desprezados pela sociedade por serem o "novo" ou o que escapa aos padrões. Os mutantes são a metáfora da adolescência, que embora sempre sofra rejeição pela geração anterior mostra que o "diferente" pode ser melhor e maior e que novos talentos não precisam ser ameaças. Seu ponto heroico é a luta que travam com esses seus poderes (que os torna "diferentes" e "especiais") defendendo o mundo que "os teme e os odeia", como diz o seu próprio tema.
Com os seus anéis, os Lanternas Verdes (todos os membros da tropa) podem criar formas de energia baseado no que imaginarem, além de voar até mesmo pelo espaço limitado apenas pela sua força de vontade e desde que não seja dominado pelo medo (que é o seu verdadeiro ponto fraco). O anel é uma metáfora para a determinação da alma humana. A força de vontade é a medida do empenho e do esforço do indivíduo, que pode "construir" qualquer coisa, desde que esse indivíduo não permita que o medo lhe prenda. Há ainda o detalhe importante de que os Lanternas são uma TROPA, compreendem que a união e o trabalho coletivo são capazes de construir muito mais, embora não deixe de perceber a individualidade, já que cada Lanterna faz seus construtos diferentes dos demais, de acordo com sua forma de ver o mundo e de senti-lo.
Na TV, no cinema, nos contos de fada ou nos quadrinhos, heróis existem porque as pessoas precisam deles para ensinar algo e para estimular a grandeza.