Diego Rocha

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Cultura Nerd

Perfil: Publicitário de formação, mestre em Design, entusiasta da Estética. Professor universitário, fashion-geek, zen-gamer e aficcionado por séries de tv, quadrinhos e cinema de ficção.

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O Gosto pelo Remake

Diego Rocha, | ter, 19/08/2014 - 10:35
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Todo mundo gosta de um remake. Não? Nem todo mundo, ok, mas na maior parte das vezes um bom remake é massa! Primeiramente, estou falando de cinema, então remake é um filme "refeito"... um filme que depois de algum tempo ganhou uma nova versão onde a sua história é mantida na base mas adaptada em detalhes significativos. Por exemplo:

No ano de 1984 Karate Kid conta a história de um jovem que ao chegar numa nova cidade é hostilizado por adolescentes locais praticantes de arte marcial, sendo vítima de violência física e psicológica (se fosse nos dias de hoje seria bullying). Nosso protagonista, Daniel-san, encontra um mestre de karate (que ficou famosíssimo como sr. Miyagi) que lhe apresenta a doutrina marcial através de exercícios não convencionais (como pintar a cerca e polir o carro), o auto-controle e a postura de vida necessária para que ele se imponha frente à sua comunidade, não pela força, mas pela segurança de caráter para a não violência. E sim, ele se aproxima da garota.

Já no ano de 2010 tivemos um remake de Karate Kid onde um jovem se mudou para uma nova cidade onde o protagonista é agredido e ostracizado por artistas marciais (não dois ou três, mas praticamente metade da escola em que ele vai estudar). O jovem Dre Parker encontra um mestre (nada menos do que Jackie Chan) que lhe apresenta a doutrina marcial através de exercícios nada convencionais (como colocar e tirar uma jaqueta), o auto-controle e a postura de vida necessária para que ele se imponha frente à comunidade, não pela força, mas pela segurança de caráter para a não violência. E sim, ele também se aproxima da garota.

Faltou mencionar que nessa nova versão do filme o protagonista aparenta ter cinco ou seis anos a menos do que no filme original, é um jovem negro e está se mudando não de bairro ou de estado, mas saindo dos Estados Unidos para morar numa cidade da China.

A mudança no filme fez com que o choque de etnias fosse mais explícito do que uma rivalidade entre "garotos locais" e "garoto novo". Da mesma forma, as pressões sociais de auto-afirmação e romance que no filme original recaem sobre um adolescente aparentando 17 ou 18 anos, nessa nova versão pesam sobre um garoto que não parece ter mais de doze anos. Isso acaba sendo um reflexo da nossa realidade social, em que cada vez mais jovens somos cobrados de "ser alguém" e de "fazermos algo". Uma renovação que colabora com a credibilidade da história para os públicos da década de 2010.

Como eu disse lá em cima, existe um gosto especial em ver um remake. Isso não é uma constatação nova... Aristóteles, mais de 2300 anos atrás na Grécia antiga já estudava a estética e já havia formulado um entendimento sobre a "mimese": o prazer que o ser humano sente ao reconhecer um objeto que passou pela transformação da ação humana. Reconhecemos o objeto original e quanto mais de "nós" reconhecermos na versão nova, mais gostaremos dele. Afinal de contas, a nova roupagem dada ao objeto terá algo da visão desse novo artista e se essa visão casar com a nossa é sucesso. Vamos tomar como exemplo a música "Wonderwall"

Na sua versão original, tocada pela banda Oasis, a música transmite o sentimento da letra que fala sobre futuro, caminhos trilhados e conta com um arranjo característico da banda, contando com a sonoridade de instrumento de cordas, conferindo uma suavidade que contrasta com o vocal "despojado" da banda.

No cover de Alex Goot, tocada com um arranjo um pouco mais simples e com um vocal mais nasal e melódico, essa versão dá mais velocidade à música e a deixa mais jovem. Atende a um público um pouco diferente da original.

Já na versão da banda Hurts a sonoridade é reformulada mais profundamente à medida que o acompanhamento é muito baseado no piano, a cadência é recriada e o resultado é mais adulto e um tanto mais sombrio. Um resultado bem diferente das duas versões anteriores. Fácil perceber que esses estilos diferentes atingem públicos diferentes.

A indústria cinematográfica, como citei no começo, tem usado alguns remakes poderosos, incluindo última estréia dessas férias: as Tartarugas Ninja!

Os filmes lançados nos anos de 1990, 1991 e 1993 fizeram grande sucesso aliados à série de desenhos animados, marcando profundamente uma geração.

Para além de todos os remakes uma série que já merece atenção especial é o reboot dos clássicos "Planeta dos Macacos". O primeiro filme tendo sido lançado em 2011 com o título de "Rise of the Planet of the Apes" ("Planeta dos Macacos: a Origem") e continuado este ano com "Dawn of the Planet fo the Apes" ("Planeta dos Macacos: o Confronto").

Mas esses merecem uma atenção especial e de um cuidado maior no que se refere às diferenças entre remakes e reboots, por isso vamos tratar deles no próximo texto, sim?

Quero encerrar dizendo que eu, particularmente, adoro remakes. Passando dos 30 anos de idade já vejo filmes que fizeram parte da minha infância e adolescência sendo refeitos e isso me agrada. E se eu tiver sorte, espero que um dia algum estúdio com visão sensível decida fazer uma versão de "The Breakfast Club" ("O Clube dos Cinco"), que eu acho um filme extraordinário.

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