Inocente foi quem pensou que a recepção ao goleiro Aranha na Arena do Grêmio, na noite de ontem, seria diferente. Novamente estavam lá as vaias e os insultos. Desta vez mudou o animal. Ao invés de macaco, chamaram o arqueiro do Santos de veado.
Vaias fazem parte do jogo, insultos não. Por mais corriqueiro que seja dentro de praças esportivas, ninguém tem o direito de ofender quem está trabalhando. É sempre bom lembrar que o lazer de uns é o ganha pão de outros.
A torcida do Grêmio não conseguiu entender algo óbvio. Aranha não é o culpado pelas punições que o clube gaúcho sofreu. Ela, a própria torcida tricolor, é a maior responsável pelo que o time vem passando na justiça. Se atitudes como a de ontem se repetirem, as coisas tendem a piorar.
Os gremistas não são os únicos, mas a série de incidentes vai dando a eles a alcunha de torcida mais racista do Brasil.
Em meio a episódios tão lamentáveis, me alegra ver a postura do goleiro do Santos. Tudo que conhecia dele até então era que tinha passado por times de menor expressão e por muito tempo ficou na reserva do time da Vila Belmiro. Nada mais do que um atleta mediano. Após as injúrias sofridas apareceu para o Brasil um sujeito muito bem esclarecido nas palavras e na postura.
Acostumados a ouvir mais do mesmo vindo da boca de jogadores de futebol, é bom escutar Aranha falando que muitas pessoas brigaram, apanharam e até morreram para que os negros tivessem direitos. Fica claro que ele não quer ser protagonista de sensacionalismos. O goleiro não foge a nenhuma pergunta sobre o assunto. Revelou que perdoa a torcedora que o agrediu com palavras e que até está disposta a encontrá-la, apenas não quer um circo armado pela mídia quando isso ocorrer.
O racismo existe. Não adianta fingir que não acontece. Lamentável, mas ainda vai demorar a ser exterminado, se é que um dia isso vai acontecer. Mas episódios como estes fazem ele ficar cada dia mais exposto. Dessa forma é mais fácil de combatê-lo. Ainda bem.
3 dentro
- Copa do Nordeste. Vai se tornando a principal competição da região. Mais até que outros torneios de nacionais. A valorização dos clubes e dos torcedores pelo campeonato faz com que ele fique mais atrativo a cada edição.
- Santa Cruz. Demorou, mas a diretoria se mexeu e tirou Sérgio Guedes do comando do time. Além de motivador, como desejam os cartolas corais, o novo treinador tricolor precisa ser um estudioso do futebol. Não é qualquer um que vai dar jeito no sistema defensivo do time.
- Bruninho. Não é fácil ter o pai como chefe, ainda mais se este for Bernardinho. Após sete anos na seleção brasileira, o levantador parece ter deixado a fama de filho do técnico para demonstrar ser um dos melhores do mundo atualmente na posição, além de ser peça fundamental para o time do Brasil.
3 fora
- Emerson Sheik. Todos sabem que a CBF é uma vergonha. Não era necessário o atacante do Botafogo escancarar isso para as câmeras de TV após ser expulso no jogo contra o Bahia. Com um futebol bem abaixo do esperado, o experiente jogador hoje aparece mais em notícias de sites de fofoca no que no caderno de esportes de qualquer jornal.
- Fifa. Cara de pau não causa constrangimento. A atitude da entidade que gere o futebol no mundo de pedir que seus dirigentes devolvam relógios que receberam da CBF durante a Copa chega a ser irônica. Cada mimo tem um valor estimado de R$ 60 mil. Os favorecidos tinham a orientação prévia de não aceitar esse tipo de agrado. Alguém acredita que a nova ordem seja cumprida?
- Marco Polo Del Nero. O futuro presidente da CBF mostrou que entende mais de modelos com metade da sua idade interessadas em tê-lo como trampolim para fama do que de jogadores convocados por Dunga. Isso é o que mostra um vídeo divulgado pela ESPN Brasil onde o cartola faz uma série de perguntas sobre os laterais Dodô e Mario Fernades, novidades na convocação para os amistosos do Brasil na Ásia.