Magno Martins

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Política Diária

Perfil:Graduado em Jornalismo pela Unicap e com pós-graduação em Ciências Políticas, possui 30 anos de carreira e já atuou em veículos como O Globo, Correio Braziliense, Jornal de Brasília, Diário de Pernambuco e Folha de Pernambuco. Foi secretário de Imprensa de Pernambuco e presidiu o comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados. É fundador e diretor-presidente do Blog do Magno e do Programa Frente a Frente.

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Carnaubeira aposta em ficha suja

Magno Martins, | ter, 11/10/2016 - 11:41
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Em Carnaubeira da Penha, a 510 km do Recife, no Alto Sertão pernambucano, a população fez vista grossa à Lei da Ficha Limpa. Elegeu o ex-prefeito Manoel José da Silva, do PR, que governou o município por duas gestões – pleitos de 2008 e 2012 – e não conseguiu passar no teste das contas sadias no Tribunal de Contas do Estado em 2007, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014. Mas não virou ficha suja porque manobrou, impedindo que a Câmara de Vereadores julgasse todos os processos enviados pelo TCE antes da eleição.

O que as urnas falaram, para desespero da população, está envolto num grande mistério, a começar pelo impressionante índice de abstenção: 16,26%, o maior já visto na história do município. Na prática, 1.703 dos 9.231 eleitores aptos a votar não apareceram para exercitar a cidadania, o que gerou um rastro de desconfiança de que o prefeito eleito montou um esquema poderoso para evitar a ida de muita gente até a sua secção eleitoral.

E grande parte desse eleitorado teria alinhamento ao atual prefeito Simão Lopes Gonçalves, o Doutor Neto, do PSB, que perdeu por uma diferença de 1.004 votos. Em 37 sessões, votaram 8.598 eleitores, dos quais 4.801 em Manoel (55,84%) e 3.797 (44,66%) em Neto. Brancos totalizaram 111 votos e nulos 522 votos. O que mais chamou a atenção da população é que as contas mal assombradas do prefeito eleito estavam na pauta de julgamento da Câmara na semana que antecedeu o pleito, mas um parecer do juiz de Floresta acabou favorecendo o republicano.

Há um inconformismo geral no município com a manobra, pelo fato de ter permitido que o candidato do PR não viesse a ter sua candidatura impugnada. Agora eleito, as chances de Manoel ter suas contas julgadas antes da posse são mínimas. Restou para os que não queriam a sua volta choro e inconformismo, até porque suas duas passagens pela Prefeitura só trazem péssimas recordações.

“Durante o tempo em que ele foi prefeito, a água que chegava às nossas casas vinha contaminada de fezes. Não tínhamos merenda de qualidade na única escola municipal que temos na zona urbana. Já chegou a morrer pacientes no único hospital que funcionava por falta de oxigênio”, relata uma leitora indignada pelo fato de o juiz de Floresta não ter permitido a votação das contas do ex-prefeito.

NA LINHA DE FRENTE– O presidente Michel Temer exonerou três ministros para garantir a aprovação da PEC que limita dos gastos públicos. Além de Marx Beltrão, de Turismo, Bruno de Araújo (Cidades), do PSDB, e Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), do PSB. A decisão do Palácio do Planalto foi tomada porque a suplente de Marx Beltrão não está em Brasília e o Governo quer dar demonstração de força e unidade na base aliada. Temer coordenou diretamente o processo de votação da PEC, porque se constituiu em seu grande teste de fogo para o start das reformas necessárias ao País.

O ministro tem a força– Por falar no ministro de Turismo, o alagoano Marx Beltrão, indicado para o cargo pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ele deu nas urnas uma demonstração de uma grande liderança em ascensão na terra de Floriano Peixoto. Elegeu cinco prefeitos da sua família no litoral sul do Estado: irmãos, tios e primos. Mais do que isso, arrastou a maioria dos municípios da região. O que se diz nas Alagoas é que Marx tende a ser candidato a senador nas eleições de 2018.

Primeiras pesquisas– Sai, amanhã, pela TV-Globo, segunda edição do NE-TV, a primeira pesquisa do Instituto Datafolha da eleição de segundo turno para prefeito do Recife. Na segunda-feira, o segundo levantamento, desta feita do Ibope. Quanto a Olinda, Jaboatão e Caruaru, serão divulgadas pesquisas do instituto Datamétrica, contratada pelo Diário de Pernambuco, e do Instituto Opinião, esta pelo meu blog. As do Datamétrica já serão publicadas já na próxima quinta-feira.

Cantou vitória antes da hora– Em Casinhas, no Agreste Setentrional, a 135 km do Recife, a prefeita Rosineide Barbosa (PP) era vista e apontada como reeleita, até por uma pesquisa que virou panfleto durante a campanha, mas acabou sofrendo uma derrota acachapante de 1.575 votos para o ex-prefeito João Camelo, do PSB. Casinhas fica a menos de 20 km de Surubim, onde ocorreu uma das eleições mais disputadas do Estado, sendo eleita a socialista Ana Célia.

Governo tripudiado em Garanhuns– A reeleição do prefeito de Garanhuns, Izaias Régis (PTB), representou, na prática, a manutenção de um tabu: ali, desde 2008, com a vitória de Luiz Carlos (PDT), que desbancou Zé da Luz (PSB), apoiado pelo ex-governador Eduardo Campos, o Governo anda na contramão do povo. Além de obter 68% dos votos válidos, Régis elegeu todos os vereadores, pois Johny Albino, irmão de Sivaldo Albino, adversário que disputou pelo PPS e levou a maior surra eleitoral da história do município, acabou sendo impugnado. Três outros vereadores que apostaram na força de Sivaldo acabaram ficando, também, sem mandato.

CURTAS

EM JABOATÃO– Manoel Neco, candidato do PDT a prefeito de Jaboatão, arrebatou, ontem, o apoio da Rede Sustentabilidade, de Marina Silva. “Neco tem a identidade e as raízes do povo de Jaboatão. Ele conhece de verdade a cidade e com certeza na Prefeitura vai avançar muito na luta pelo povo, dando melhor qualidade de vida à população”, disse o presidente estadual da legenda, Roberto Leandro.

ALÔ, RIACHO DAS ALMAS!– Hoje, piso, mais uma vez, em solo de Riacho das Almas, no Agreste, ao lado de Caruaru, para produzir uma reportagem especial sobre a eleição mais apertada do Estado. Apenas cinco votos garantiram a reeleição do prefeito Mário da Mota, do PSB, que derrotou o candidato do PSDB, Dió Filho, filho do ex-prefeito Dioclécio Rosendo.

 

Perguntar não ofende: Temer também terá êxito na reforma da Previdência? 

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