Magno Martins

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Política Diária

Perfil:Graduado em Jornalismo pela Unicap e com pós-graduação em Ciências Políticas, possui 30 anos de carreira e já atuou em veículos como O Globo, Correio Braziliense, Jornal de Brasília, Diário de Pernambuco e Folha de Pernambuco. Foi secretário de Imprensa de Pernambuco e presidiu o comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados. É fundador e diretor-presidente do Blog do Magno e do Programa Frente a Frente.

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Cenário cheio de incertezas

Magno Martins, | sex, 21/07/2017 - 10:51
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Faltando um ano e três meses para as eleições, em Pernambuco só existe uma certeza: a candidatura do governador Paulo Câmara (PSB) à reeleição. No campo da oposição, o cenário depende ainda de negociações para definições de candidaturas. Pré-candidato em potencial a governador, o senador Armando Monteiro (PTB) começou a entrar no jogo, mas seu projeto está vinculado ainda ao formato da sua aliança.

Ele deseja criar um novo arco de forças aglutinando lideranças e partidos que estão se desgarrando da base de sustentação de Câmara, como o PSDB, o DEM e o grupo dissidente do PSB, liderado pelo senador Fernando Bezerra Coelho, com quem teve uma conversa, anteontem, em Petrolina. Fácil? Longe de se traduzir nisso, até porque os interlocutores não falam um português claro.

Fernando Bezerra, por exemplo, joga com uma candidatura própria, a do filho, o ministro Fernando Coelho, mas não será surpresa se aceitar a vaga de vice, para o próprio filho, na chapa de Paulo Câmara. Sua própria candidatura a governador está praticamente descartada por causa das denúncias envolvendo seu nome na operação Lava Jato.

Já o PSDB tem como interlocutor o ministro de Cidades, Bruno Araújo, que também não sabe para que lado o rio corra, ou seja, não é oposição de fato ao projeto de reeleição de Câmara nem tem a certeza de que Armando consiga agregar forças de centro-direita para montar uma chapa competitiva. Bruno quer ser senador, mas devido à falta de clareamento do quadro nacional, não enxerga se o caminho mais próximo seria abraçar-se ao PSB ou a Armando.

O DEM, por fim, sonha em ter Mendonça Filho disputando o Governo do Estado, mas o partido está isolado, só elegeu um prefeito e Priscila Krause, a estrela da legenda para fisgar o voto urbano concentrado no Recife e Região Metropolitana, não teve desempenho satisfatório na disputa pela Prefeitura da capital, em 2016. Armando gostaria de atrair Mendonça para à disputa ao Senado, mas a cabeça do ministro da Educação se move em direção ao Palácio das Princesas. Não dando certo, a reeleição de deputado federal, para ele, seria mais confortável.

Desgarrado do PT, com quem se aliou em 2014 e 2016, Armando dá margem para o partido construir voo solo numa majoritária. Este é o cenário mais provável para os petistas, que já têm uma candidata na cabeça: a vereadora Marília Arraes, líder da oposição na Câmara do Recife. Ex-PSB, brigada com a família Arraes e com o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, Marília só tem a lucrar entrando na disputa e por cima ainda contribui para o partido recuperar espaço na Câmara dos Deputados, com as candidaturas de João Paulo e Humberto Costa, os mais competitivos.

Além desses fatores locais, os nacionais se sobrepõem. A crise está no seu ápice, não se sabe se o presidente Michel Temer terá gorduras suficientes para queimar por mais tempo. As alianças dependerão, igualmente, de um projeto de reforma política, que tende a não andar por falta de tempo. O que se diz em Brasília é que se houver alguma mudança nas regrais atuais seriam o fim das coligações, a exigência da cláusula de

barreira e a criação do fundo de financiamento eleitoral. Outra expectativa diz respeito ao distritão, que fragiliza os partidos e a acaba as coligações, estabelecendo como regra a eleição dos proporcionais mais votados.

MAIA QUER DISTRITÃO – Em relação ao distritão, que se traduz, também, como a verdade eleitoral, na medida em que seriam eleitos os mais votados, mais de 400 deputados já assinaram compromisso pela sua aprovação. Maior defensor da proposta, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cabala votos a favor e está tentando acelerar a sua tramitação na comissão especial da reforma política para ser colocada em votação no plenário da Casa até 15 de setembro. A rigor, o que se ouve no Congresso é que a reforma política se restringiria a dois itens: o distritão e o fundo eleitoral.

O adversário de Sileno – Dissidentes do PSB, o senador Fernando Bezerra Coelho e os deputados federais João Fernando Coutinho e Marinaldo Rosendo estão tentando criar uma candidatura para bater chapa com presidente estadual da legenda, Sileno Guedes, na eleição de renovação da executiva. O nome mais cotado é o do prefeito de Paulista, Júnior Matuto. “Há uma insatisfação geral com o atual comando do partido. Eu diria que essa má vontade vai do litoral ao sertão”, diz o senador Fernando Coelho, principal liderança que não engole a continuidade de Sileno.

Nem sinal do BB - Em seu blog O Abelhudo, Paulinho Muniz bateu duro, ontem, no descaso do Banco do Brasil com o município. Segundo ele, há exatamente um ano a população do município deixou de contar com os serviços da instituição financeira devido à explosão do caixa eletrônico que funcionava na agência local. “Há um profundo silêncio, pois nem os funcionários têm informação de qualquer providência para a sua reabertura. A população sanharoense, cliente e usuária do sistema, só resta esperar. Reclamar, não se sabe a quem de direito”, diz ele.

Enfrentando a violência – O governador Paulo Câmara (PSB) sancionou lei que cria duas Companhias Independentes da Polícia Militar (CIPM) para os municípios de Tamandaré, no Litoral Sul, e Araripina, no Sertão do Araripe. Ao todo, segundo o governo, as duas companhias vão fazer o policiamento em regiões em que vivem cerca de 300 mil pessoas. De acordo com o levantamento da Secretaria de Defesa Social (SDS), no primeiro semestre deste ano Pernambuco contabilizou 2.875 homicídios. O número é 39,3% maior do que a quantidade de assassinatos registrados no mesmo período do ano anterior. Foram 2.063 crimes contra a vida.

Renovação na bancada socialista – Dentro dos quadros novos do PSB na disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados em 2018, o secretário de Administração, Milton Coelho. Trata-se de um dos históricos do grupo mais próximo ao ex-governador Eduardo Campos e tem garimpado com sucesso o apoio de prefeitos e lideranças num raio territorial que vai do Litoral ao Sertão. Uma das suas virtudes é conhecer as lideranças do interior uma a uma pelo nome, graças ao trabalho competente quando presidiu o partido no Estado. Pelas projeções de quem conhece a aritmética das eleições, das 25 cadeiras de Pernambuco na Câmara Federal uma é de Milton Coelho.

CURTAS

IMPOSTOS – O anúncio do novo aumento de imposto será, hoje, e com uma reviravolta: o governo também vai elevar o contingenciamento do Orçamento. Serão bloqueados mais R$ 5 bi temporariamente. Pelas contas feitas pela equipe econômica, mesmo com o aumento do PIS/Cofins não se chega a cobrir a diferença entre a meta fiscal e o déficit apurado até o momento.

INTERROGATÓRIO – O juiz federal Sérgio Moro marcou novo interrogatório do ex-presidente Lula para 13 de setembro, agora na ação penal sobre supostas propinas da Odebrecht. Este é o segundo processo na Operação Lava Jato, no Paraná, em que o petista será ouvido. Moro abriu, ontem, a Lula, a possibilidade de ser ouvido por videoconferência. Neste caso, o petista prestaria depoimento na Justiça Federal em São Paulo.

Perguntar não ofende: Do jeito que vai, o PT conseguirá eleger no Estado algum deputado federal em 2018?

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