Esta é mais uma verdade que o autor do livro “O Segredo na Gestão de Pessoas – Cuidado com as Soluções Milagrosas”, Stephen P. Robbins (2008) defende, o que ele chama de “envolvência total”, também designada pelo psicólogo Miháli Csíkszentmihályi de “fluxo”, que nada mais é do que você estar envolvido completa e profundamente com algo, sem que nada mais tenha importância, ou seja, um estado de imersão total a ponto de serem levados por uma corrente, por um fluxo.
Sim, esta tem sido a experiência de muitos profissionais quando se envolvem em algumas atividades, especialmente aquelas consideradas como preferidas, e que chega a consumir totalmente a atenção até perder a noção do tempo. Quem já não passou por uma experiência desta? Esta é a chamada experiência do “fluxo”, trata-se de um momento de grande concentração numa determinada tarefa, que quando concluída, traz uma grande satisfação pelo resultado.
Existem condições apropriadas para a Experiência do Fluxo?
Sim, afirma Robbins (2008), existem condições mais propícias para o fluxo. Ao relatar experiências de pessoas que passaram por este momento de “imersão total”, e que puderam descrever e destacar características comuns nas tarefas que estavam a desempenhar, como por exemplo: a) as tarefas eram desafiantes; b) as tarefas exigiam um alto nível de desempenho; c) as tarefas eram direcionadas a objetivos bem definidos; d) foram fornecidos feedbacks sobre o desempenho nas tarefas; e) as tarefas exigiam total atenção e criatividade. Portanto, desafios e objetivos, nível de capacidade de realização e concentração, retorno sobre o resultado, são pontos comuns neste tipo experiência.
E mais, é importante relatar que a experiência do fluxo não tem sido mencionada em atividades de lazer que são mais relaxantes como ver televisão em casa, mas é facilmente identificada no ambiente de trabalho.
Então, o que o Fluxo tem a ver com a Gestão das Pessoas?
Na visão de Robbins, “os gestores deveriam olhar com mais atenção para o fluxo como uma forma particularmente eficaz de motivar os seus colaboradores.”(p.56).
Quando perguntamos ao colaborador se prefere trabalhar mais ou menos, certamente a resposta é menos, pois existe sempre esta associação entre o tempo mais livre para o lazer com o sentimento de felicidade, ou seja, sou mais feliz se tiver mais tempo. No entanto, existem estudos que demonstram justamente o contrário, quer dizer, quando as pessoas ficam mais tempo em casa, com seu tempo livre, sem terem objetivos e desafios, sem saber o que fazer, com inúmeras distrações, sentem-se aborrecidas e subutilizadas, pois suas capacidades estão sendo desperdiçadas. Sendo assim, o trabalho estimula o fluxo.
Quais as implicações das pesquisas sobre fluxo para área da gestão? Simples, conclui Robbins, o trabalho poderá proporcionar ao colaborador a satisfação que tanto almeja, poderá ser um “motivador”. Mas para isso é necessário que o gestor: 1) defina tarefas que são desafiantes e criativas; 2) apresente objetivos claros a serem alcançados; 3) permita ao colaborador o uso total da suas capacidades; 3) proporcione feedbacks adequados no desempenho das tarefas. E fiquem atentos: os bons profissionais estão sempre absorvidos pelo que fazem. Uma experiência que pode trazer bons resultados.
* Robbins, Stephen P. “O Segredo na Gestão de Pessoas – Cuidado com as Soluções Milagrosas”, 1ª ed., Lisboa: Centro Atlântico, 2008.