Não restam dúvidas que o amor é a principal fonte de inspiração para a literatura. Apaixonamentos, desilusões, amor à distância, amor à primeira vista: tudo isso já foi temática desta fonte que nunca seca. Por mais que haja autores mais sórdidos e secos, hora ou outra flagram-se com citações que remetem ao amor – ainda que desdenhosamente.
É intrínseco ao ser humano, tão corriqueiro quanto à respiração. E mesmo por ser comum, está longe de ser banal. Os amantes criam mais, escrevem mais, mergulham na arte como forma de se aproximar ou até mesmo esquecer-se deste ou daquele amor.
Nesta terça-feira, em celebração ao dia de São Valentim, no qual o sublime - e muitas vezes conflitante - sentimento paira em vários países do mundo, selecionamos alguns pocket livros que tratam do amor em suas mais diversas facetas. Livros de bolso são práticos e presenteáveis. Além disso, o baixo custo possibilita a aquisição de mais de um título. São recomendáveis para ler junto ao ser amado e, até mesmo, para o tempo em que a solidão acomete a vida dos solteiros que sonham em encontrar sua alma gêmea (ou não).
1. DO AMOR (De L’amour), de Stendhal, 1822 - Tradução de Herculano Villas-Boas
“Basta um mínimo grau de esperança para provocar o nascimento do amor. A esperança pode faltar ao final de dois ou três dias, mas o amor não deixou de nascer”
Do sentimento inicial de empatia, passando pelo platonismo até atingir o “não posso viver sem ela”. Stendhal explora o amor livre e contundentemente. Chega até a usar a expressão “cristalização do amor” para designar a paralisação que os amantes sentem em não conseguir racionalizar ou agir durante o estado avassalador da paixão. No início do livro o autor faz um apanhado sobre os diversos tipos de amor (paixão, gosto, físico, vaidade).
Do amor e das diversas fases dessa doença - assim que o autor chamou o livro, certo dia. De fato, talvez seja uma doença já que alguns reclamam de "dor de amor" e em outros momentos usa-se a expressão “curar um amor com outro amor”. Para além do romance, a obra retrata questionamentos e afirmações vanguardistas para à época (1820, quando escreveu o livro): O relacionamento feminino com sexo, religião e moral são temáticas quase tão complexas quanto o sentimento homônimo à obra.
2. DEZ QUASE AMORES, de Claudia Tajes, 2000
"Amores que viraram histórias. Histórias que viraram amores. Ou quase."
Com essa citação, a autora descreve o quem vem a ser o livro. Uma série de dez contos, construídas de uma maneira singular, onde a comédia é mesclada com o romance. Por ser constituído de diversas situações, onde a protagonista Maria Ana se envolve em dez (pseudo)relacionamentos, não é de se estranhar que as leitoras – ou quem sabem, até mesmo leitores – se identifiquem e se enxerguem no cotidiano da mulher que aos trancos e barrancos, entre encontros e desencontros busca, acha e perde amores e parte próximo tombo (ou paraíso).
3. SONETOS PARA AMAR O AMOR, de Luís Vaz de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer
Os célebres versos retratam a sensibilidade do escritor português que se consagrou como um dos maiores poetas da história. Em “Sonetos para amar o amor” uma compilação de cerca de 50 poesias, entre famosas e desconhecidas – ambas de qualidade ímpar – retratam o amor com todo seu lirismo e poeticidade, sobretudo no que diz respeito ao espírito namoradeiro do autor dos Lusíadas. A seleção de sonetos de Camões foi feita pelo escritor Sergio Faraco para a L&M pocket.
4. SNOOPY 2 – FELIZ DIA DOS NAMORADOS!, de Charles M. Shulz - Tradução de Cássia Zanon
Um livro para quem vive o primeiro, segundo ou septuagésimo amor. O menino Charlie Brown, dono do cãozinho Snoopy, divide as tirinhas com Lucy, Linus, Sally, Schroeder, Patty Pimentinha, Marcie e o passarinho Woodstock, também personagens da turma. O sutil livro transcende o sentimento do amor. É mais um gesto de carinho e de cuidado para todas as idades. As tiras são de Charles M. Shulz.
5. CRÔNICA DE UM AMOR LOUCO, de Charles Bukowski - Tradução de Milton Persson
"E passava a vida a dançar, a namorar e beijar. Mas, salvo raras exceções, na hora agá sempre encontrava forma de sumir e deixar todo mundo na mão."
Não se esperaria um livro romântico de Bukowski. Mas há quem em pleno Valentin’s Day não dê a mínima para a data comemorada fora do Brasil. Crônica de um amor louco faz parte da obra Ereções, ejaculações e exibicionismos, traz o sublime amor no título e na capa, mas entre as páginas o leitor encontra a sórdida saga do velho Buk, que em 30 contos com explícitos títulos como "Dez punhetas" e "Doze macacos alados não conseguem trepar sossegados" , vive suas experiências boêmicas que não deixam de ser apaixonantes para quem ama a noite e tudo que ela oferece.