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Neste domingo (24), em um gesto altamente simbólico durante o encerramento do "Ano da Fé", o Papa Francisco, diante de mais de 60.000 fiéis, segurou o relicário contendo os ossos venerados como os de São Pedro, fundador da Igreja Católica. A imagem do Papa de 76 anos, 265º sucessor de Pedro, totalmente concentrado, segurando firme em suas mãos o relicário de bronze enquanto recitava o "Credo", foi um dos destaques da missa solene.

Numa manhã fria e úmida, diante de dezenas de milhares de seguidores em todo o mundo, ele encerrou o "Ano da Fé", mostrando pela primeira vez as relíquias do apóstolo São Pedro ao público reunido na Praça São Pedro. Pedro foi crucificado de cabeça para baixo entre os anos 64-70 no circo de Calígula, onde hoje se encontram os Jardins do Vaticano.

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Os ossos foram encontrados durante as escavações em 1940, sob o pontificado de Pio XII, em uma necrópole localizada debaixo da basílica ao lado de um monumento construído no século 4 para homenagear aquele que é considerado o primeiro bispo de Roma. Nenhum Papa testemunhou que os ossos eram autênticos. Mas testes científicos indicaram uma grande "probabilidade" de que eles são, de fato, os ossos do velho pescador da Galiléia, segundo o Papa Paulo VI em 1968.

Sobre o relicário está gravado em latim "Ex ossibus quae in Arcibasilicae Vaticanae hypogeo inventa Beati Petri Apostoli esse puntantur" ("Ossos encontrados na Basílica do Vaticano, que são considerados como os do bendito apóstolo Pedro"). Esta missa solene, com cânticos em latim, também foi a ocasião para a coleta de doações para as vítimas do tufão que devastou as Filipinas.

O Papa também leu sua primeira carta de Exortação Apostólica "Evangelii Gaudium" ("A Alegria do Evangelho"), a 36 bispos, sacerdotes e religiosos representantes de movimentos eclesiais, e a dois jornalistas e dois artistas, o escultor japonês Etsuro Sotoo e a pintora polonesa Anna Gulak. Uma senhora cega também recebeu o documento em uma versão auditiva.

O documento deve ser mantido em segredo até terça-feira, e fontes do Vaticano sugerem um texto importante e denso: este é o primeiro texto do magistério totalmente escrito por Francisco, ao contrário da encíclica "Fidei Lumen", publicada em julho, que tinha sido em grande parte escrita por Bento XVI. Em sua homilia, o Papa Francisco destacou a "centralidade de Cristo", "centro de criação, centro do povo, centro da história", "Senhor da reconciliação."

O Papa saudou os Patriarcas do Oriente: "A troca de paz com vocês quer expressar, antes de tudo, a gratidão do bispo de Roma em relação a essas comunidades que confessam o nome de Cristo com uma fidelidade exemplar, muitas vezes pagando um preço alto". "Quero falar a todos os cristãos que vivem na Terra Santa, na Síria e em todo o Oriente, a fim de obter para todos o dom da paz".

Antes de descer no meio da multidão, Francisco pediu para que todos rezassem pelos "perseguidos por sua fé, e eles são tantos!". Na véspera da primeira visita do presidente russo, Vladimir Putin, ao Vaticano, ele também reservou um pensamento para a Ucrânia, que "comemora o 80º aniversário do Holodomor, a grande fome provocada pelo regime comunista (de Stalin), que causou milhões de vítimas".

O "Ano da Fé" foi lançado em outubro de 2012 pelo Papa Bento XVI, quatro meses antes de sua renúncia, e deu origem a várias celebrações na Praça São Pedro. Desde então, cerca de 8,5 milhões de pessoas visitaram Roma, segundo o Vaticano. Após a missa, muitas pessoas passaram a rezar nas Grutas do Vaticano, sob a basílica, diante do túmulo do primeiro apóstolo.

Pela primeira vez, os restos venerados como os de São Pedro, primeiro apóstolo e fundador da Igreja, sairão das grutas localizadas sob a basílica vaticana para serem expostos ao público, anunciou um prelado do Vaticano. Este evento excepcional irá ocorrer para celebrar o encerramento do "Ano da Fé", no dia 24 de novembro, na presença do Papa Francisco.

Em uma coluna publicana na edição deste sábado do jornal do Vaticano, o Osservatore Romano, o presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, o arcebispo italiano Rino Fisichella, anunciou que um último gesto para coroar este ano consistirá em "expor pela primeira vez as relíquias que a tradição reconhece como as do apóstolo que deu aqui sua vida pelo Senhor".

Bento XVI lançou o "Ano da Fé" em outubro de 2012 e foram realizadas múltiplas celebrações na praça de São Pedro. Muitos peregrinos visitaram as grutas vaticanas, localizadas sob a Basílica de São Pedro, para rezar diante do túmulo que, a princípio, abriga as relíquias do primeiro apóstolo, e dos túmulos nos quais repousam outros papas, incluindo o muito popular João Paulo II.

O Papa Bento XVI lançou nesta quinta-feira o Ano da Fé, coincidindo com o aniversário de 50 anos do histórico Concílio Vaticano II, que modernizou a Igreja Católica, e convidou 1,2 bilhão de católicos do mundo a recuperar a "tensão positiva" daquela ocasião.

Centenas de bispos provenientes de todas as partes do mundo fizeram uma procissão pela Praça de São Pedro, num ato parecido com o realizado em 11 de outubro de 1962, quando teve início o Concílio Vaticano II.

Ao se aproximar do altar na esplanada, os bispos entoaram um hino composto especialmente para o "Ano da Fé".

Quatorze dos 70 religiosos que participaram no Concílio Vaticano II (1962-65), entre eles o monsenhor Leonardo Felice, de 97 anos, ex-arcebispo de Cerreto (Itália), estavam na procissão.

Também se encontravam presentes o patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu I, e o chefe da Igreja Anglicana, o arcebispo Rowan Williams.

A cerimônia inaugural deste "Ano da Fé", que será celebrado até novembro de 2013, foi marcada pela recordação do Concílio que modernizou a Igreja depois da convocação do Papa João XXIII, que reuniu então 2.250 bispos provenientes de todos os continentes.

Bento XVI aproveitou o lançamento do "Ano da Fé" para fazer um apelo aos católicos para que se inspirem nos documentos do Concílio Vaticano II, "uma expressão luminosa da fé", e para que recuperem a "tensão positiva" de então.

Lamentou, no entanto, o "deserto que a fé atravessa em alguns países", mas assegurou que "também no deserto se pode voltar a descobrir o valor que é essencial para viver".

Do balcão do Vaticano, falando a milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, o Pontífice disse que "continua havendo discórdia" na Igreja Católica.

"No campo do senhor, continua havendo disputa, a fragilidade humana também está na Igreja", declarou o Papa, explicando que falava com uma "alegria mais sombria" do que a de seu antecessor, João XXIII, que do mesmo balcão falou aos fiéis no primeiro dia do Concílio, há 50 anos.

O Vaticano foi sacudido por um escândalo de vazamento de documentos secretos no âmbito do qual o mordomo do Papa foi condenado a 18 anos de prisão.

Ao se referir ao Concílio, Bento XVI falou da "primavera da Igreja".

"Ainda hoje somos felizes, mas nossa alegria é mais sombria, mais humilde", afirmou.

O patriarca da Igreja ortodoxa de Constantinopla, Bartolomeu I, parabenizou o diálogo dentro da Igreja católica.

"Nossa presença aqui mostra nosso compromisso para lançar a mensagem de salvação para nossos irmãos mais humildes: os pobres, os marginalizados", explicou.

Ao final da cerimônia, o Papa mandou várias "mensagens ao povo de Deus", como fez Paulo VI em 1965, no encerramento do Concílio Vaticano II.

Segundo os estudiosos, para o Papa alemão, o Concílio Vaticano II sofreu inúmeros desvios e não deu todos os frutos que deveria, mas continua sendo para a Igreja Católica o principal acontecimento das últimas décadas.

O 21º Concílio da história católica permitiu a abertura de uma instituição imóvel em relação às realidades do mundo e permitiu um "aggiornamento" ("modernização") sem precedentes da Igreja, segundo o termo escolhido pela pessoa que o convocou, João XXIII.

Dirigido pelo chamado "Papa Bom" e depois por Paulo VI, o Concílio trouxe consigo várias mudanças, entre elas a missa em idiomas vernáculos, a liberdade religiosa, a colaboração com outros credos cristãos e o respeito absoluto de outras religiões.

Cinquenta anos depois deste encontro que reuniu 2.251 bispos em Roma, hoje a Igreja está em crise com uma deserção em massa de fiéis, dificuldades de transmitir a mensagem evangélica, crise vocacional e a existência de inúmeros escândalos de corrupção e pedofilia.

As correntes conservadoras da Igreja atribuem tudo isso a uma interpretação errônea do Concílio, pois, para elas, as pessoas deixaram de falar de Deus e a religião não é mais ensinada corretamente.

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