Tópicos | antiga Colônia Curupaiti

 

Rio de Janeiro - Os 22 índios que ocupavam o antigo Museu do Índio decidiram aceitar a escolha do terreno em Jacarepaguá, na antiga Colônia Curupaiti, um dos três lugares oferecidos pelo governo do estado do Rio para o alojamento provisório e decidiram também que o Centro de Referência da Cultura Indígena será construído na mesma área.

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"Isso torna tudo mais fácil, porque não teremos que esperar o presídio da Quinta da Boa Vista ser desativado para começarmos as obras do centro", disse o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira. Em visita aos três locais oferecidos pelo estado nesta sexta (22) à tarde, os índios optaram pelo terreno de Jacarepaguá, com 2 mil metros quadrados, que os agradou mais por causa do trecho de matas da antiga colônia.

Os alojamentos para residência temporária terão beliches, contêiner cozinha e contêiner banheiro, sendo um feminino e outro masculino, que ficarão prontos neste sábado (23). Os índios serão transferidos do hotel que estão ocupando no centro da cidade neste domingo (24) e receberão também kits de higiene pessoal e de limpeza, água, cestas básicas, toalhas e cobertores.

Arquitetos do governo vão se reunir com os índios nos próximos dias para formatarem, em conjunto, o projeto do Centro de Referência da Cultura Indígena, que ficará na Estrada Comandante Luis Souto, no bairro do Tanque, em Jacarepaguá.

O terreno da antiga colônia ainda é ocupado por cerca de 2 mil pessoas, sendo 250 hansenianos. No local há 300 casas, onde o Estado fez a regularização fundiária, dando a emissão de posse do terreno aos moradores.  O governo estadual está em fase de implantação da rede de esgoto para a construção de mais 40 casas para os antigos moradores da Colônia de Curupaiti, que residem em 20 casas geminadas no local e outros que habitam porões no terreno.

Lá, funciona também um teatro inaugurado em 1928, com capacidade para 250 lugares que precisa ser restaurado. Há ainda necessidade de recuperação da antiga cadeia da colônia. Como os hansenianos ficavam segregados, lá dentro tinha um prefeito e um xerife, eleitos pela comunidade, que organizavam a vida dos moradores. As reivindicações eram feitas ao prefeito e quem desobedecia às ordens poderia ser punido até com cadeia, determinada pelo delegado.

O Coordenador Nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Custódio, disse que o movimento atua há mais de três décadas no enfrentamento do preconceito  e do estigma ainda associado à doença, sendo um movimento que valoriza e busca a garantia dos direitos humanos. A ocasião é oportuna para uma reflexão sobre como a sociedade lida com o problema das populações historicamente excluídas.

"É afirmativa a convivência que se dará com os índios. Isso traz à tona um espaço grande que tem de ser revitalizado e preservado, como área de proteção ambiental e tombado pelo seu valor histórico para as futuras gerações", disse.

Em nota, o Ministério Público Federal (MPF) disse que irá acompanhar se o Estado cumprirá o acordo firmado com parte do grupo de indígenas que aceitou as propostas do governo, inclusive o compromisso extrajudicial de preservar o prédio [do antigo Museu do Índio] e o deslocamento das famílias para um centro de referência indígena, previsto para ser instalado em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio.

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