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Cerca de 15 índios que integravam o grupo expulso da área do antigo Museu do Índio, nas imediações do Maracanã, zona norte do Rio, na última sexta-feira, promoveram um protesto na tarde desta terça-feira (26) na porta do prédio que atualmente abriga o museu, em Botafogo (zona sul).

O grupo indígena conta que pretendia fazer uma "atividade cultural" dentro do museu, mas, quando chegou ao imóvel, constatou que ele estava fechado. Na noite do último sábado os índios haviam ocupado esse prédio, de onde saíram pacificamente horas depois. Segundo os índios, a direção do museu decidiu fechá-lo com medo de uma nova invasão.

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A ONG Justiça Global pediu à Organização das Nações Unidas (ONU) que investigue os supostos abusos cometidos pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal na retirada dos manifestantes que ocupavam o prédio vizinho ao estádio do Maracanã. Um documento entregue à ONU na última sexta-feira denuncia uma série de arbitrariedades, como o uso indiscriminado de spray de pimenta e de bombas de efeito moral pela polícia, além de prisões injustificadas de pelo menos seis manifestantes.

Operários do governo do Estado iniciaram nesta segunda-feira obras para evitar novos alagamentos no alojamento provisório destinado ao grupo de 12 índios que aceitou deixar na última sexta-feira o prédio do antigo Museu do Índio, no Maracanã, zona norte do Rio, que estava ocupado desde 2006. Com britadeiras, os funcionários abriram buracos na estrutura para a instalação de canaletas que vão escoar a água da chuva. Poças d'água que se acumulavam na área também foram removidas.

No domingo, dia de chegada dos indígenas ao alojamento após passarem o fim de semana num abrigo para moradores de rua no centro da cidade, uma forte chuva cobriu com uma camada de água o piso de concreto do local. O alojamento temporário foi construído numa área dentro do Hospital Curupaiti, em Jacarepaguá, zona oeste da cidade. A unidade já foi uma colônia de portadores de hanseníase e atualmente presta atendimento ambulatorial. Atualmente o terreno também abriga moradores, a maioria parentes de ex-portadores que viviam internados no local.

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Os indígenas permanecerão no local até a construção de uma aldeia e de moradias definitivas para o grupo. As novas instalações serão numa localidade conhecida como Rua Preta, também no terreno do Hospital Curupaiti. "A promessa é que a aldeia tenha oca redonda, casa de reza, centro cultural, sala de terapia tradicional e cozinha de comidas típicas, além de residências de alvenaria. Casa de branco dura 50 anos. A do índio, uns dois", disse, em tom de brincadeira, o vice-cacique Garapirá Pataxó, de 35 anos. A nova aldeia já foi batizada de "Muka Mukaw", que significa "unir e reunir", no idioma pataxó.

O alojamento temporário é composto de seis contêineres, sendo três banheiros (com chuveiros elétricos), dois quartos (com três beliches cada) e uma cozinha (com fogão e geladeira). Nesse período de adaptação, a comida está sendo entregue em quentinhas, pelo governo. Já o fornecimento de energia é feito através de geradores. A área foi toda coberta por uma grande lona, e foi isolada do restante do terreno do hospital por tapumes de aço.

Atividades

Era grande o movimento nesta segunda de moradores do Curupaiti, a maioria crianças, nas imediações do alojamento dos índios. Curiosos com os novos vizinhos, os pequenos queriam saber de tudo: desde detalhes das vestimentas, até se os indígenas que lá estavam sabem usar arco e flecha. "Sou tricampeão de arco e flecha nos jogos indígenas. Também tiro peixe do fundo do rio assim", gabava-se o pataxó Kawatã Ohã, de 26 anos, o mais popular dos índios por ser o único que usava trajes típicos, como cocar, cintos feitos de sementes de pau-brasil e dois "trajos" (espécie de palito colocado entre as narinas e também sob o queixo). "A primeira coisa que me perguntaram era se dói colocar os trajos. Eu disse que não".

Terminou em impasse audiência de conciliação realizada pela Justiça Federal para tentar resolver a situação de 21 índios que ocuparam na noite de sábado o Museu do Índio, em Botafogo, na zona sul do Rio. O objetivo era conseguir um alojamento para o grupo e o representante da Fundação Nacional do Índio (Funai) ofereceu quatro diárias em um albergue na Glória, zona sul. Não houve acordo e os índios deixaram o prédio.

O grupo foi retirado na sexta-feira da Aldeia Maracanã, no terreno do antigo Museu do Índio, na zona norte, em operação de reintegração de posse que terminou em violência, com manifestantes agredidos por policiais do Batalhão de Choque. O juiz federal de plantão Wilson José Witzel chegou a ordenar a prisão dos índios e de cerca de 30 ativistas que ocuparam o museu de Botafogo, mas a decisão acabou revogada após negociação pacífica encerrada no início da manhã de hoje. O grupo foi levado para o prédio da Justiça Federal, no centro, onde participou da audiência, que também teve a presença de uma procuradora federal, dois antropólogos e dois advogados.

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Intimada pelo juiz, a presidência da Funai enviou de Brasília o ouvidor da entidade, Paulo Celso de Oliveira. Também intimado, o governo do Estado não mandou representantes. À tarde, o juiz determinou uma inspeção em prédio desativado do Ministério da Agricultura que fica ao lado do antigo Museu do Índio, no Maracanã, que o governo ameaçou demolir e agora pretende transformar em Museu Olímpico. No entanto, verificou-se que o local, transformado em canteiro de obras para a reforma do estádio do Maracanã, não oferecia condições para abrigar o grupo.

Os 21 índios recusaram a solução apresentada pela secretaria de Direitos Humanos do Estado: passar as noites de sexta e sábado em um hotel da prefeitura que recebe moradores de rua, no centro, e seguir hoje para um terreno que abrigou uma colônia de portadores de hanseníase, em Jacarepaguá, na zona oeste, onde ficariam provisoriamente alojados em contêineres. Outro grupo de 12 índios aceitou a proposta do governo e seguiu hoje para lá.

"Não queremos abrigo. Se não voltarmos para a Aldeia Maracanã, a solução é o Museu do Índio, que é nossa casa também", disse Urutau Guajajara, de 52 anos, que estava desde 2006 na Aldeia Maracanã. Durante a audiência, índios criticaram a postura de Oliveira. "A Funai não nos representa! São 513 anos de perseguição contra a cultura indígena!"

O juiz federal de plantão Wilson José Witzel determinou no início da tarde deste domingo (24) a realização de uma inspeção judicial no terreno do antigo Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), próximo do antigo Museu do Índio e do estádio do Maracanã, na zona Norte do Rio, para verificar a possibilidade de abrigar cerca de 20 índios no local.

Segundo Witzel, a decisão foi tomada diante da falta de alternativas oferecidas pela Fundação Nacional dos Índios (Funai) e da ausência de representantes do governo do Estado, em audiência realizada nesta manhã para chegar a uma conciliação entre o governo do Estado e o grupo retirado do antigo Museu do Índio, ao lado do Maracanã, na última sexta-feira.

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"Eles não vão sair sem uma solução adequada dentro do que prevê o estatuto dos índios", disse o juiz. O juiz formou uma comissão de representantes de indígenas, com a presença da procuradora federal de plantão. O grupo seguia para o terreno em veículos da polícia federal com o apoio de batedores do Batalhão de Choque da Polícia Militar.

O juiz federal de plantão Wilson José Witzel intimou a presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai) a enviar um representante para participar da audiência de conciliação que ocorre neste domingo na sede da Justiça Federal no Rio de Janeiro. Estão presentes cerca de 20 índios retirados pela manhã do Museu do Índio, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.

A Justiça Federal chegou a emitir uma ordem de prisão contra os índios, que acabou sendo revogada, após negociação para a saída deles do local. "O motivo da audiência é fazer uma conciliação com a Funai para tentar uma solução amigável, ainda que provisória. Se não tiver, terei que dar uma decisão ainda hoje (domingo)", disse o juiz.

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O índio Urutau Guajajara, de 53 anos, afirmou que o objetivo do grupo é obter a reintegração de posse do antigo Museu do Índio, ao lado do estádio do Maracanã, na zona Norte da cidade, de onde, segundo ele, foi retirado com truculência pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar na última sexta-feira. "A nossa pauta é única. Queremos a reintegração da Aldeia Maracanã", afirmou Guajajara.

Ele contou que o grupo foi na tarde de sábado para o Museu do Índio, em Botafogo, para tentar um diálogo com o presidente da instituição, José Carlos Levinha. Sem sucesso, eles ficaram no local até a madrugada de hoje.

Desde então, o grupo de indígenas ocupa o museu e se nega a aceitar a proposta do governo estadual de encaminhá-los a um terreno no bairro de Jacarepaguá. Os indígenas criticam as condições da área, uma ex-colônia para hansenianos, e disseram também repudiar a hospedagem oferecida pela Prefeitura do Rio, no Hotel Acolhedor, destinado ao pernoite de população de rua.

 

Rio de Janeiro - Os 22 índios que ocupavam o antigo Museu do Índio decidiram aceitar a escolha do terreno em Jacarepaguá, na antiga Colônia Curupaiti, um dos três lugares oferecidos pelo governo do estado do Rio para o alojamento provisório e decidiram também que o Centro de Referência da Cultura Indígena será construído na mesma área.

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"Isso torna tudo mais fácil, porque não teremos que esperar o presídio da Quinta da Boa Vista ser desativado para começarmos as obras do centro", disse o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira. Em visita aos três locais oferecidos pelo estado nesta sexta (22) à tarde, os índios optaram pelo terreno de Jacarepaguá, com 2 mil metros quadrados, que os agradou mais por causa do trecho de matas da antiga colônia.

Os alojamentos para residência temporária terão beliches, contêiner cozinha e contêiner banheiro, sendo um feminino e outro masculino, que ficarão prontos neste sábado (23). Os índios serão transferidos do hotel que estão ocupando no centro da cidade neste domingo (24) e receberão também kits de higiene pessoal e de limpeza, água, cestas básicas, toalhas e cobertores.

Arquitetos do governo vão se reunir com os índios nos próximos dias para formatarem, em conjunto, o projeto do Centro de Referência da Cultura Indígena, que ficará na Estrada Comandante Luis Souto, no bairro do Tanque, em Jacarepaguá.

O terreno da antiga colônia ainda é ocupado por cerca de 2 mil pessoas, sendo 250 hansenianos. No local há 300 casas, onde o Estado fez a regularização fundiária, dando a emissão de posse do terreno aos moradores.  O governo estadual está em fase de implantação da rede de esgoto para a construção de mais 40 casas para os antigos moradores da Colônia de Curupaiti, que residem em 20 casas geminadas no local e outros que habitam porões no terreno.

Lá, funciona também um teatro inaugurado em 1928, com capacidade para 250 lugares que precisa ser restaurado. Há ainda necessidade de recuperação da antiga cadeia da colônia. Como os hansenianos ficavam segregados, lá dentro tinha um prefeito e um xerife, eleitos pela comunidade, que organizavam a vida dos moradores. As reivindicações eram feitas ao prefeito e quem desobedecia às ordens poderia ser punido até com cadeia, determinada pelo delegado.

O Coordenador Nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Custódio, disse que o movimento atua há mais de três décadas no enfrentamento do preconceito  e do estigma ainda associado à doença, sendo um movimento que valoriza e busca a garantia dos direitos humanos. A ocasião é oportuna para uma reflexão sobre como a sociedade lida com o problema das populações historicamente excluídas.

"É afirmativa a convivência que se dará com os índios. Isso traz à tona um espaço grande que tem de ser revitalizado e preservado, como área de proteção ambiental e tombado pelo seu valor histórico para as futuras gerações", disse.

Em nota, o Ministério Público Federal (MPF) disse que irá acompanhar se o Estado cumprirá o acordo firmado com parte do grupo de indígenas que aceitou as propostas do governo, inclusive o compromisso extrajudicial de preservar o prédio [do antigo Museu do Índio] e o deslocamento das famílias para um centro de referência indígena, previsto para ser instalado em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio.

Por volta das 15h15 desta sexta-feira ocorreu mais um confronto entre manifestantes que apoiam os índios e forças de segurança do Rio de Janeiro. Um grupo de aproximadamente 200 jovens, em sua maioria estudantes universitários, se reuniu em frente à Assembleia Legislativa e interditou parcialmente a rua Primeiro de Março, uma das principais vias do centro do Rio. A Guarda Municipal interveio usando gás de pimenta para tentar liberar a via. Manifestantes dizem ter sido agredidos. Mais cedo nesta sexta, o Batalhão de Choque invadiu o Museu do Índio, que vinha sendo ocupado por 22 indígenas.

"Usaram cassetetes e gás de pimenta para nos atacar. Muita gente ficou machucada", contou a atriz Mônica Bello, de 27 anos. Pelo menos três jovens foram detidos por desacato e tentativa de agressão a guardas e PMs. Um carro da PM foi atacado e parcialmente destruído. O tumulto só terminou quando a Tropa de Choque da PM interveio.

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Segundo a Prefeitura do Rio, 12 índios já estão no Hotel Acolhedor Santana 2, no centro. Eles tomaram banho e comeram. Pela parceria firmada com a Prefeitura do Rio, os índios ficarão com o primeiro andar do hotel e terão três refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar). Esta é uma das possibilidades de moradia imediata até que os alojamentos fiquem prontos.

O Batalhão de Choque invadiu por volta do meio-dia desta sexta-feira (22) o Museu do Índio, que vinha sendo ocupado por 22 indígenas. No mesmo momento, manifestantes fecharam a Radial Oeste. A polícia tentou dispersar o grupo com bombas de efeito moral e gás de pimenta.

O defensor público da União, Daniel Macedo, que vinha negociando a saída pacífica dos índios, se emocionou. Ele disse que vai ajuizar ação por abuso de autoridade contra quem autorizou a entrada da polícia. "A ação é arbitrária. Não precisava, as crianças já tinham sido retiradas, e tinha apenas um pequeno grupo lá dentro, quando o choque entrou", disse o deputado estadual Marcelo Freixo.

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O deputado estadual, Marcelo Freixo (PSOL), da Comissão de Direitos Humanos, informou por volta das 11h, da manhã desta sexta-feira (22), que o impasse entre índios e PM estava próximo de um acordo. Segundo ele, os índios aceitaram a proposta do governo do Estado de serem levados para um terreno em Jacarepaguá, na zona oeste da cidade. Pouco depois das 11h, eles redigiram documento concordando com a proposta oficial e só aguardavam a assinatura de um representante do governo do Estado para deixar o prédio.

Uma integrante do grupo feminista Femen foi detida por volta das 11h após tirar a camiseta e invadir a pista sentido centro da Avenida Radial Oeste, onde centenas de manifestantes acompanham a operação da Polícia Militar para retirar os indígenas que ocupam o prédio do antigo Museu do Índio, ao lado do estádio do Maracanã.

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Aos gritos de "assassinos!", e com os seios de fora, a mulher invadiu a pista e chegou a ser atingida por um carro, mas não se feriu. Logo em seguida, ela foi detida por PMs do Batalhão de Choque.

Houve outros momentos de tensão entre manifestantes e policiais. O advogado Arão da Providência Araújo Filho, índio guajajara, foi detido. Segundo os policiais, ele teria tentado pular o muro para entrar. Ele chegou a ser imobilizado e deitado no chão. Os manifestantes gritavam palavras de ordem como "Não à violência" e outra em que lembravam que havia dinheiro para a Copa, mas não para habitação.

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, voltou atrás na decisão de demolir o prédio do antigo Museu do Índio, no Maracanã, na zona norte da cidade. Cabral confirmou nesta segunda-feira que trabalhará para o tombamento e restauro do prédio, construído em 1862. No último sábado (26), a Defensoria Pública do estado conseguiu uma liminar no Tribunal de Justiça do Rio impedindo a demolição do prédio e estipulando uma multa de R$ 60 milhões caso o governo descumprisse a decisão.

O plano inicial do governador era demolir o prédio para construir uma área de estacionamento e um centro de compras anexo ao complexo do Maracanã. O espaço seria cedido à iniciativa privada, que administrará o estádio após a Copa do Mundo de 2014. Sérgio Cabral chegou a alegar que a Fifa havia exigido a demolição do espaço para garantir a mobilidade dos torcedores no acesso aos jogos, o que foi negado pela entidade.

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O prédio é ocupado desde 2006 por 23 famílias indígenas que desejam transformar o espaço em um centro cultural. O edifício foi destinado à causa indígena desde 1865, quando foi sede do Serviço de Proteção ao Índio (SPI)', órgão que deu origem à Funai. No local também funcionaram escritórios do Marechal Rondon e Darcy Ribeiro, personalidades políticas ligadas à questão indígena. Ribeiro transformou o espaço, em 1953, em museu, que posteriormente, em 1978, foi transferido para um casarão em Botafogo, na zona sul. Desde então o prédio foi abandonado.

Apesar do valor histórico e cultural para os povos indígenas, o prédio não era tombado pelos órgãos municipal, estadual ou federal de preservação do patrimônio. Nos últimos meses, após o anúncio do projeto de demolição do prédio, os órgãos emitiram pareceres contrários à decisão e favoráveis ao tombamento. Apesar dos pareceres, o governo do Rio manteve o projeto de demolição, o que gerou polêmica entre ativistas da questão indígena.

Na última semana, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, ligou para o governador e sugeriu que o prédio não fosse demolido em função de um parecer do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O parecer considerava que o prédio tinha valor histórico não apenas pelas características arquitetônicas mas também pelo valor cultural para a identidade indígena.

Rio de Janeiro - Com faixas pedindo a preservação do antigo Museu do Índio, respeito à opinião pública e correção na política indigenista, 20 pessoas fizeram uma manifestação pacífica em frente à Câmara Municipal, durante a cerimônia de posse dos vereadores, do prefeito e do vice-prefeito eleitos em outubro, que ocorre neste momento.

De acordo com José Guajajara, esta é a terceira vez que os manifestantes comparecem à Câmara pedindo o tombamento do imóvel histórico, ocupado desde 2006 por cerca de 30 índios, que fundaram a Aldeia Maracanã.

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"A gente veio fazer uma manifestação pacífica e não deixam a gente entrar. Não é só o Museu do Índio, [é preciso respeitar também] todo o entorno do Maracanã, a escola Friedenreich, o ginásio Célio de Barros".

No dia 20 de dezembro, estava prevista a votação do projeto de lei do vereador Reimont (PT), que tomba o prédio onde o marechal Candido Rondon iniciou o Serviço de Proteção ao Índio, que deu origem à Funai, mas a votação foi adiada.

Com a polêmica em torno da possível demolição do prédio do antigo Museu do Índio, na região do Estádio Jornalista Mário Filho (Maracanã), a Federação Internacional de Futebol (Fifa) negou que tenha pedido a demolição do espaço dentro das exigências internacionais para os jogos da Copa do Mundo de 2014.

Em resposta à Agência Brasil, o departamento de imprensa da entidade informou que “a Fifa sempre apoiou todos os esforços do governo brasileiro no sentido de facilitar o acesso das populações indígenas à Copa do Mundo da Fifa 2014”, e que “nunca fez tal pedido para demolir o Museu do Índio no Rio de Janeiro”.

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A federação reforça que cabe aos donos das instalações decidir o que será melhor para a região, equipe ou comunidade, desde que “os principais requisitos básicos sejam atendidos”. A Fifa também reforçou a importância de se construir ou reformar os estádios e instalações “de acordo com o interesse local a longo prazo, onde os direitos humanos e o Estado de Direito precisam ser respeitados, inclusive os conceitos de justiça social e equidade”.

O secretário da Casa Civil do governo do Rio, Régis Fishner, disse hoje (22) que os cerca de 20 índios que moram no local serão retirados. “Não faz sentido que pessoas morem ali, naquele tipo de prédio. Não está preparado para ser residência, é uma coisa tão fora do padrão que, definitivamente, as pessoas vão ter que sair”.

Ele confirma que a Fifa não exigiu a demolição do prédio, mas diz que a derrubada é prevista com o intuito de atender às exigências da federação. “A Fifa não faz exigências tópicas com relação aos estádios, mas exige um tempo máximo para dispersão do público, a existência de áreas livres para a circulação de pessoas. E, segundo os nossos estudos, a demolição do Museu do Índio se insere dentro [para cumprir] dessas exigências. A Fifa não diz: 'Demole o Museu do Índio'. Mas ela diz: 'Eu preciso escoar esse público em tantos minutos'. Então, dentro dos nossos estudos, verificamos a necessidade da demolição do museu para liberar a área para isso”.

O defensor público André Ordacgy disse que vai entrar, ainda esta semana, com ação civil pública, com pedido de liminar, para impedir a demolição do prédio, datado de mais de 100 anos.

“Até hoje, o governo do estado não conseguiu dar uma explicação plausível para a demolição do antigo Museu do Índio. Diz o governo do estado que é por causa do Maracanã e é uma exigência da Fifa. Só que já oficiamos a Fifa. A Fifa nos respondeu por escrito que em nenhum momento exigiu a demolição do Museu do Índio e que, pelo contrário, era a favor da preservação do Museu do Índio, porque sempre se alinharam àqueles objetivos voltados para a preservação da história, da cultura e da arquitetura locais”.

Ordacgy lembra que o terreno do museu tem 12 mil metros quadrados e o prédio histórico ocupa apenas mil metros quadrados. Segundo o defensor, laudo do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) mostra que a preservação do prédio não influenciaria na circulação das pessoas. O Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) também são favoráveis à preservação, apesar do local não ser tombado.

Para o presidente do Crea-RJ, Agostinho Guerreiro, a estrutura do prédio está em boas condições, e a demolição ou não do espaço depende apenas de uma decisão política. “Não há nenhuma necessidade obrigatória. Só se for uma concepção preconcebida cujo projeto original já faça a previsão da derrubada, aí não tem jeito. Agora, se o projeto prevê a integração daquele que foi o Museu do Índio, por conta das suas razões culturais, históricas, não tem problema nenhum, isso depende do profissional. O problema é que, de um modo geral, nossas concepções têm sido mais para derrubar tudo que é ligado à cultura, à história. Vide os centros do Rio de Janeiro e de outras capitais”.

A dona do terreno e do prédio do antigo Museu do Índio, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura, informou que a proposta de venda do terreno, por R$ 60 milhões, já foi aprovada por parte da companhia. Falta apenas a assinatura do governo do estado para fechar o negócio.

O edital de concessão do Maracanã, que envolve a área no entorno do estádio, será sumetido à audiência pública no dia 8 de novembro.

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