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Usar a imagem de alguém para influenciar comportamentos, sobretudo os de consumo, consumo é algo que sempre existiu na história da humanidade. Pelo menos, desde meados do século 18, quando a Rainha da Grã-Bretanha, Charlotte, promoveu a marca de porcelanas inglesas Wedgwood. De lá para cá, inúmeros foram os casos de sucesso do chamado marketing de influência, que passou por diferentes fases e modelos até o advento das redes sociais, quando se deparou com um inimaginável ‘boom’ tornando-se a profissão do momento. 

Do Fotolog, site bastante popular em um passado não muito distante, até o YouTube e Instagram, surgiram nomes como Marimoon, Felipe Neto, Whindersson Nunes e Carlinhos Maia, que abriram caminhos e descortinaram um horizonte de possibilidades a qualquer ‘mero mortal’. Os altos números de visualizações e de cifras conquistados por esses outros nomes da área logo colocaram a nova profissão como uma das mais cobiçadas do século 21 - de acordo com a Statista, especializada em dados de mercado, já são mais de nove milhões de influenciadores digitais atuantes no Brasil. Além disso, a estimativa é que este mercado deve movimentar cerca de R$10 bilhões apenas em 2021, segundo levantamento da empresa de mídia digital Adaction, o que possivelmente atrairá mais interessados. 

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Dentro deste cenário, o surgimento de uma nova plataforma, o TikTok, ampliou ainda mais todo esse potencial. O compartilhamento de vídeos curtos, com coreografias de músicas populares, dublagens engraçadas e muita exposição, logo atraiu os produtores de conteúdo, o público e empresários dispostos a garantir uma fatia desse mercado de sucesso.

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Em Pernambuco, o empresário Fábio Tindade pegou sua experiência de 21 anos no ramo de eventos e embarcou nas redes sociais. Ele anexou à sua empresa de shows a agência Aloha Influencer, negócio voltado a turbinar a carreira dos jovens profissionais que se dedicam ao TikTok e Instagram. “(No começo) pegamos influencers com 30, 40 mil seguidores e hoje, em pouco tempo, eles já estão com 3 milhões em uma plataforma, 7 milhões em outra. Eu não credito o sucesso do influencer à agência, isso é um mérito dele, o que a gente faz é fornecer todas as ferramentas possíveis para que ele consiga atingir o mais alto nível como influencer”, diz Trindade em entrevista ao LeiaJá

Na agência, os influenciadores recebem assessoria de imprensa, mediação de contratos com clientes e marcas interessadas em anunciar e orientação quanto sua imagem. O objetivo é profissionalizar cada nome e transformar seu trabalho em números de seguidores. No elenco, existem os mais diversos perfis, de influenciadores de maquiagem, gastronomia e moda, até aqueles que inundam as redes sociais com vídeos de dancinhas - que bombam cada dia mais. Os ganhos, segundo Fábio,  são expressivos e podem ir dos módicos R$ 3 mil mensais até R$ 200 mil. “Se todo dia tiver um trabalho de R$ 100 reais, já bate (esses) R$ 3 mil. É uma das metas iniciais, Se o influencer tiver um conteúdo bom, souber falar bem, fazer um provador, existe demanda, existem clientes pra isso”.

Fábio Trindade viu no segmento uma oportunidade para empreender. Foto: Reprodução/Instagram

Com a facilidade de ingressar nessas mídias e um eventual maior acesso à internet, celulares e computadores por parte da população, o catálogo de profissionais chamados ‘tiktokers’ ou influenciadores cresce diariamente. Mas, engana-se quem pensa que para ‘bombar’ na internet e ganhar dinheiro com ela basta sorte. Fábio Trindade dá a dica do sucesso. “Acho que a coisa mais importante é gostar de se comunicar. As pessoas tendem a acompanhar quem expressa a realidade do dia a dia. Muitas vezes um influencer que não tem uma quantidade grande de seguidores mas tem seguidores que gostam de escutar ele, de acompanhá-lo, é assim que a gente consegue resultados expressivos. Se eu sigo uma gosto das coisas que ela consome, essa pessoa tende a me influenciar, então a gente considera a comunicação o fator mais importante. É uma aliança entre talento e comunicação”.

Das dancinhas aos milhões 

Com apenas 18 anos de idade, e muito remelexo nos quadris, a paraense Daniele Lopes foi de uma ‘simples’ dancinha no TikTok ao tapete vermelho do Oscar 2021, através da transmissão do evento pela emissora de televisão TNT. Conhecida como Dani Senta com Carinho, a jovem conquistou, em menos de cinco meses,  três milhões de seguidores no Tik Tok e quase 950 mil no Instagram. Além das coreografias, a tiktoker compartilha com os seguidores as chamadas ‘publis’, divulgando nomes de marcas de entrega de comida, supermercado, academia e produtos para o cabelo. 

Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, Dani contou que as redes sociais são seu único trabalho atualmente e que não tem preferência entre elas, ambas lhe rendem o mesmo trabalho e diversão. E, embora seu ofício possa parecer simples, a jovem garante que a trabalheira é grande: “Ensaio um pouco antes, tipo quatro vezes. E o vídeo demora 15 segundos Mas trabalho o dia todo praticamente”.

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Dani diz que não imaginava tamanho sucesso, muito menos chegar até o Oscar, só com seus vídeos publicados nas redes. Porém, apesar do grande número de seguidores, nem tudo são flores e às vezes, as críticas e o preconceito acabam fazendo parte de seu dia a dia. Ela diz como lida com a parte chata da internet. “Digo que não precisa gostar, apenas respeitar”.

Já o pernambucano Apollo Oliveira, ou melhor, Apollo Sant, de 28 anos, além das dancinhas, entrega aos seguidores dublagens e vídeos de humor. O seu conteúdo alcança quase 100 mil seguidores no Instagram e quase 800 mil no TikTok. O influencer, que também é coreógrafo, personal trainer, ator e modelo, trabalha uma média de quatro horas por dia, gravando e editando vídeos, e também tem contratos de publicidade com algumas marcas e empresas. Seu foco é alcançar um milhão de fãs no TikTok até o final deste mês de maio. 

Apollo conta, durante entrevista, que tudo começou como uma brincadeira, para matar o tempo durante a quarentena, mas o sucesso de seus vídeos tomou proporção tal que ele procurou se profissionalizar e entrar de cabeça no segmento. “Eu comecei a encarar a questão do ‘tiktoker’ como uma profissão quando comecei a entender que o aplicativo dava dinheiro. Hoje realmente estou ganhando uma renda organizada, a agência repassa as oportunidades e cabe a mim aceitar ou não é uma renda bacana, tenho um retorno bem legal”, diz.

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Satisfeito com seus resultados, o influencer conta já ser reconhecido nas ruas pelos fãs e fala animadamente sobre as oportunidades que têm surgido em programas da televisão local no Recife. Mas, apesar do sucesso, ele também precisa lidar com o assédio e as críticas que não costumam bater de forma suave na internet. “Eu sou bem tranquilo, tento manter a educação, mas quando ultrapassa algum limite eu me coloco, sou sincero. Eu tiro de letra, não tenho preocupação nenhuma em lidar com essas situações, tento levar tudo com calma”. Tanta segurança e determinação têm apenas um foco em comum: seguidores. “Rumo a um milhão, que os anjos digam amém”. 



 

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