Tópicos | assombrações do recife

As famosas assombrações do Recife estão chegando às telas do cinema. O filme Recife Assombrado, dirigido por Adriano Portela e produzido pela Viu Cine, estreia no dia 21 de novembro nos principais cinemas do estado de Pernambuco. 

Recife Assombrado leva para a telona uma trama que envolve as famosas lendas da história da capital pernambucana, como a perna cabeluda, o Papa-Figo e a galega de Santo Amaro. Alguns lugares da cidade, famosos pelas suas assombrações, também aparecem no filme. A Praça Chora Menino, na Boa Vista, e a Cruz do Patrão, no Bairro do Recife, serviram de cenário para o longa. 

##RECOMENDA##

O elenco é formado por Daniel Rocha, conhecido por novelas como Avenida Brasil; Pedro Malta, de Coração de Estudante, da Rede Globo e A Prova do Amor, da TV Record; Márcio Fecher, de Bacurau; Rhaissa Batista e Rayza Alcântara e o veterano Germano Haiut. O roteiro é assinado por Ulisses Brandão e direção por Adriano Portela. 

O Recife é uma cidade que convive diariamente com seu passado, tanto na arquitetura, quanto na história. Na capital pernambucana, diariamente, mais de um milhão e meio de pessoas trabalham, estudam, passeiam e vivem por entre pontes, rios, visagens, vultos, assombrações, fantasmas, lobisomens e até demônios. Como classificou, certa vez, o jornalista Nilo Pereira, esta cidade "mágica, meio bruxa, enfeitiça, quebranta, tira as forças" e torna parte indissociável do ser recifense o apreço por suas lendas e mistérios.

Tais mistérios, além de serem parte do imaginário e da prosa popular, já foram mote até para figuras célebres, como o escritor Gilberto Freyre. Em seu livro Assombrações do Recife Velho, ele relembra algumas das histórias mais assustadoras da Cidade Maurícia e assegura que, sem elas, "o passado recifense tomaria o frio aspecto de uma história natural; e pobre da cidade cuja história seja só natural". Como Freyre, tantos outros já se debruçaram, e o fazem até hoje, sobre os insólitos causos e assombros do Recife. O interesse, muitas vezes, vai além da conversa nas calçadas e mesas de bar, e transformam o assunto em livros, filme, programa de televisão e site de internet.

##RECOMENDA##

O pesquisador e jornalista Roberto Beltrão é um dos fascinados por esta mítica da cidade: "Tá no sangue do recifense", diz. As histórias, ele ouvia desde criança : "Na década de 1970 faltava muita energia e a brincadeira das crianças do subúrbio era acender uma vela e ficar contando histórias de assombração", relembra. Mas foi na década de 1980, após tomar emprestado de um amigo o célebre livro de Freyre, citado acima, que o tema virou objeto de pesquisa. E é mencionando o 'mestre' que Roberto tenta explicar o apego dos recifenses a essas lendas: "Para ele, a sociedade canavieira tinha uma visão do mundo em que os mortos são muito importantes. Então, nas casas existia uma hierarquia, que era Deus, os santos e os mortos. Tanto é que até meados do século 19 as pessoas não queriam se afastar dos mortos que eram enterrados próximos de casa ou nas capelas dos engenhos."

Essa proximidade com os mortos fazia com que eles continuassem sendo parte do mundo dos vivos e as pessoas estavam sempre relembrando-os. "Isso gerou uma espécie de catolicismo mediúnico, que é típico do Brasil. Daí que vem esse fascínio, é um reflexo da sociedade patriarcal que considerava os mortos parte do mundo dos viventes". Roberto é editor do site O Recife Assombrado, que reúne histórias antigas e mais atuais das assombrações da cidade, além de ser autor de cinco livros sobre o tema, sendo um deles o Almanaque Pernambucano: dos causos, mal-assombros e lorotas. Mas dentre “isso tudinho que existe no Recife”, sua lenda preferida é a da Perna Cabeluda: “É pelo caráter do absurdo. Uma coisa é você acreditar em uma lenda urbana que envolva pessoas, é possível de existir. Mas uma perna que pula sozinha, é difícil de acreditar e ainda assim, as pessoas tinham medo de verdade, existia um pânico real. Para você ver o poder da imaginação.”

[@#video#@]

Nesta Sexta-Feira 13, escolhemos recontar as histórias de 13 lugares que permeiam o imaginário coletivo assombrado recifense. Confira:

Arquivo Público

Localizado na Rua do Imperador, no Bairro de Santo Antônio, área central da cidade, o Arquivo Público, como o próprio nome já sugere, guarda documentos históricos e periódicos disponibilizados para estudantes e pesquisadores. Porém, o lugar foi construído para outro fim, o de ser a casa de Câmera e Cadeia do Recife, em 1731. Um de seus mais célebres presidiários foi Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, morto em uma execução a fuzilamento em 13 de janeiro de 1825. Anos mais tarde, em 1945, quando o prédio tornou-se Arquivo Público, fatos insólitos passaram a tomar parte do  seu cotidiano. Testemunhas afirmam terem se deparado com figuras trajando roupas antigas e há, ainda, quem diga ter visto o espírito do mártir pernambucano, Frei Caneca, rondando pelo velho edifício.

Avenida Dr. Malaquias

O que hoje parece ser apenas uma via, na Zona Norte da cidade, nas proximidades do Bairro das Graças, carrega uma história de crimes, como o famoso caso da morte do chefe da estação de Ponte d'Uchoa, e assombrações. Reza a lenda que, na época em que a iluminação pública era feita com lampiões a gás, acendedores corriam fugidos das aparições do além que frequentemente davam o ar da graça por ali; sem contar nos bichos estranhos, que poderiam facilmente ser lobisomens.

Praça Chora Menino


Um nome que pode até parecer poético, porém, que remonta a uma história de sofrimento e mortes. A praça, localizada no bairro da Boa Vista, foi um dos palcos para um verdadeiro massacre, conhecido como Setembrizada. O fato se deu devido a um motim de soldados, em 1831, revoltados com o extremo rigor da disciplina militar, além do atraso em seus pagamentos. O conflito resultou em, pelo menos, 300 mortos, enchendo as ruas de corpos e sangue. Muitas das vítimas teriam sido enterradas nas terras do Sítio do Mondego, onde hoje está a praça, batizada assim após muitos relatos de transeuntes que, ao passar, escutavam o murmúrio e o lamento de meninos que não podiam ser vistos.

Pátio do Terço 

No bairro de São José, área central da capital recifense, o Pátio do abriga muitos mistérios. Conta-se que em um antigo sobrado, antes numerado de 29, há muitos anos, houve uma morte violenta e passional. O marido, ao pegar a esposa com o amante, teria matado os dois e a empregada da casa. E todos que se aventuraram a morar no local, após o fatídico incidente, tiveram que conviver com vultos que circulavam livremente pelos cômodos e, à noite, quebravam pratos e arrastavam móveis. Além disso, no pátio fica a Igreja do Terço. Acredita-se que a área ao seu redor teria sido um cemitério de negros escravizados.

Cruz do Patrão

Este talvez seja um dos lugares mais impregnados de mistérios no Recife. Localizado em uma área que liga a capital pernambucana à sua cidade irmã, Olinda, a Cruz do Patrão tem difícil acesso e histórias assustadoras. Construído no século 18, o monumento servia para a baliza dos navios que chegavam ao porto mas também funcionou como ponto de fuzilamento de condenados A história conta que os negros escravizados que chegavam à cidade, usavam o lugar para realizar alguns rituais. Lá também foi encontrado, depois de algumas escavações, um cemitério clandestino, onde teriam sido enterrados escravos falecidos nos navios negreiros. Acredita-se que por lá ficaram presas as almas dos fuzilados na Cruz e dos enterrados clandestinamente, que aterrorizam quem se aventura por aquelas bandas.

Forte das Cinco Pontas

Em 1630, o Forte das Cinco Pontas foi erguido para garantir à população o suprimento de água potável - pela sua proximidade às cacimbas de propriedade de Ambrósio Machado - e impedir que navios inimigos circulassem pelo Rio Capibaribe. O lugar também serviu de prisão, com detidos confinados em calabouços subterrâneos, chamados de ‘cemitérios vivos’; e de Quartel General Militar, no século 19. Até hoje, há quem garanta ver e ouvir malassombros no lugar. Alguns relataram visões de mulheres com metade do rosto em caveira e soldados mutilados.

Casa da Cultura 

A Casa da Cultura é um dos mais visitados pontos turísticos da capital recifense. O lugar, transformado em um centro de compras de artesanato e produtos locais, antigamente funcionou como uma prisão, a Casa de Detenção do Recife. Reza a lenda que no prédio ficaram as almas dos presidiários que lá morreram, além dos espíritos dos suicidas que ceifaram suas próprias vidas nas águas do Rio Capibaribe, que passa por trás da edificação.

Rio Capibaribe

E por falar no Capibaribe, o rio que corta toda a cidade do Recife e que já foi protagonista de música e poesia, também tem suas lendas e assombrações, como não poderia deixar de ser. Aquelas águas já foram testemunhas de suicídios, afogamentos e desova de pessoas assassinadas. Antigamente, as lavadeiras que trabalhavam na beira do Capibaribe tinham que lidar com o Vira-roupas, um fantasma zombeteiro que roubava as trouxas deixadas às margens. Atualmente, há quem acredite que as assombrações dos rio surgem como aparições assustadoras por quem passar pelas pontes da cidade no avançado da noite. O perigo também, seria encontrar com o Boca de Ouro, um ser com jeitão de zumbi e dentadura dourada, que aparece pela Rua da Aurora, à beira do rio, e pelas pontes se divertido ao assustar os viventes.

Avenida Caxangá

Motivo de orgulho do povo recifense, a Avenida Caxangá durante muito tempo ostentou o título de maior avenida em linha reta do país. Além disso, a via também tem seu próprio fantasma, a Velhinha da Caxangá. Conta-se que, por volta de meia noite, essa velhinha, toda vestida de preto, dava sinal para o bacurau (ônibus que roda durante a madrugada), nas imediações da Igreja de São Sebastião. Misteriosamente, a senhorinha simplesmente desaparecia do coletivo quando este chegava na altura do Bairro da Madalena, onde a Caxangá termina (ou começa, a depender do ponto de referência). Mas não fica só nisso. Dizem que a Velhinha da Caxangá também atormenta pedestres que circulam pela avenida tarde da noite, sobretudo em frente à igreja.

Açude do Prata

Reza a lenda que, em Dois Irmãos, há muito tempo, uma dona de engenho rica e judia, Branca Dias, teria jogado toda sua prataria no riacho para livrar-lhe da Santa Inquisição. Alguns acreditam que Branca Dias teria morado em um casarão de estilo inglês construído à beira do açude, mas há historiadores que negam essa informação. Fato é que a história que se conta é a de uma sinházinha que teria desaparecido nas águas do açude, sugada pela alma de Branca Dias. Dizem, também, que o fantasma de Branca visita o lugar em noites de lua cheia.

Teatro Santa Isabel

Inaugurado em 1850, o Santa Isabel é considerado um dos 14 teatros-monumento do Brasil e é reconhecido como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; em 2016, o teatro foi eleito como o melhor do país, recebendo o prêmio Cenym de Teatro Nacional pela segunda vez. Mas pelos palcos e coxias do Santa Isabel não passam apenas grandes artistas, as almas, assombrações e vultos também são uma constante no local. E não só no palco. Há relatos de aplausos e gritos de uma plateia invisível quando a casa está fechada.

Palácio do Governo

Nem a sede do governo do Estado poderia ficar de fora do roteiro de seus pernambucanos mais ilustres, os fantasmas. Conta-se que toda vez que algo de muito sério está para acontecer a alguma autoridade do governo, aparece um vulto escuro no salão nobre do Palácio. O mensageiro do além já foi visto por muitos funcionários do local, segundo relatos.

Poço da Panela

O bairro da Zona Norte do Recife, que mantém antigos casarões e sobrados, também tem suas lendas. Há quem acredite que as encruzilhadas do bairro costumavam receber a visita de um ser estranho, meio cachorro meio porco, que suas testemunhas trataram de achar ser o demônio. Outra lenda conta que um homem vestido de preto pode ser visto ajoelhado junto a uma cama de um dos antigos sobrados, rezando, em noite de lua cheia.  

Fotos: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

As lendas assustadoras do imaginário urbano da cidade do Recife estarão, em breve, nas telas do cinema. O filme Recife Assombrado, do diretor Adriano Portela, inicia suas gravações na próxima segunda (6), com locações na capital pernambucana e em Bezerros, no Agreste do Estado.

O longa conta a história de Hermano, que volta ao Recife, após 20 anos longe da cidade, por conta do desaparecimento do seu irmão Vinícius. Em meio à busca pelo irmão, ele se depara com antigos problemas familiares e um Recife que se torna assustador durante a noite. Hermano acaba passando por episódios em que assombrações famosas da cidade, como a Velhinha da Caxangá e a Galega de Santo Amaro, surgem diante de seus olhos.

##RECOMENDA##

O elenco conta com os atores Daniel Rocha e Pedro Malta - que já tiveram passagens por novelas da Rede Globo -, Marcio Fecher, Raisa Batista, Raiza Alcântara e o veterano, Germano Haiut. O roteiro é do jornalista pernambucano Ulisses Brandão e Bruno Antônio, a produção é da Viu Cine e distribuição da Inquieta Cine.

[@#relacionadas#@]

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando