Um ataque cibernético identificado na última terça-feira (19) pelo dfndr lab, laboratório de segurança da empresa PSafe, pode ter exposto dados pessoais de 200 milhões de brasileiros. De acordo com a startup nacional, ainda não há detecção da origem do golpe que, além da população, atingiu autoridades, órgãos públicos e empresas de diversos segmentos da economia.
Segundo a PSafe, dados sigilosos de 40 milhões de empresas podem estar nas mãos dos invasores. Para o especialista em Segurança da Informação e Compliance, Uilson Souza, ataques como o identificado pelo dfndr lab podem estar ligados a interesses comerciais e econômicos da atualidade. "Dados são 'o novo petróleo'. Quem tem informações estruturadas a seu favor, nos dias atuais, estará à frente de um concorrente nas mais variadas vertentes de mercado", aponta. "A exposição de uma empresa que armazena estes dados faz com que algumas organizações percam dinheiro, além de um impacto significativo em sua imagem no mercado", complementa.
##RECOMENDA##De acordo com o especialista, além de conseguirem documentos e dados sigilosos, os invasores usam o golpe para mostrar a insegurança dos dados no ambiente virtual. Para Souza, o recurso criminoso é mais uma maneira de causar ruídos nas gestões internas de empresas da iniciativa privada ou da administração pública. "Ataques como este, em que dados são expostos de forma simples e direta, sem nenhuma cobrança ou coação, mostram que determinada empresa ou autarquia pública não tem os controles de segurança suficientes para que isso não ocorra", comenta.
Ainda segundo Souza, que atua na área de segurança da informação no ramo alimentício, é fundamental que as empresas sejam constantes no desenvolvimento de recursos que possam neutralizar a ação dos invasores. "Todo projeto de criação e manutenção de uma infraestrutura de aplicações, bancos de dados e servidores precisa ser criteriosamente planejada e rotineiramente administrada com conceitos de segurança por padrão para que a vida dos cibercriminosos seja um pouco mais complicada do que está atualmente". Para o especialista, o investimento na preparação dos funcionários é outro ponto determinante na proteção interna. "É importante o treinamento dos funcionários para que observem, em suas atividades, a priorização de procedimentos de segurança, pois, sem isso, será fácil invadir o mais avançado dos sistemas", conclui.
Exposição dos dados da população
De acordo com a PSafe, a maioria da população que tem registro no Cadastro de Pessoa Física (CPF) pode ter sido vítima do ataque. Segundo Souza, é necessário ter o máximo de cautela quando for acessar qualquer ambiente duvidoso no mundo digital. "O cidadão precisa estar atento aos sites que acessa e ao que cadastra em portais de compra e redes sociais. Veja se é mesmo necessário que as numerações de documentos sejam cadastradas. Cuidado com aplicativos do tipo 'como serei daqui a 40 anos?', 'se você fosse do sexo oposto como seria?', jogos e acessos variados à internet sem a leitura dos termos de privacidade", orienta.
Ainda segundo o especialista, é primordial conhecer o lugar em que se navega pela rede. "Veja se está onde realmente quer estar e não para onde é direcionado. Há banners com promoções supostamente ofertadas por grandes lojas de varejo, que são sites fantasma do fraudador que pode usar dados coletados de forma indevida e causar prejuízos financeiros", enfatiza.
Outro recurso recomendado por Souza aponta para o conhecimento sobre a legislação que assegura a proteção dos dados dos usuários. Segundo o especialista, é possível ter ciência de que empresas prestadoras de serviço garantam a segurança dos consumidores. "A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais [LGPD] exige que os dados que estão em operadoras de telefonia, TV por assinatura, bancos e financeiras, sejam tratados da forma correta", acrescenta.