Tópicos | Aulas dinâmicas

Paulo Freire, o patrono da educação no Brasil, já dizia que "ensinar não é apenas transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou construção". As palavras do educador pernambucano refletem a iniciativa de muitos professores que vão além do ensino das disciplinas obrigatórias, mas também investem na formação do cidadão e vão além das quatro paredes da sala de aula.

No Colégio Sagrado Coração de Maria, de Brasília, a aula de língua portuguesa do 7º ano do fundamental levou os alunos ao posto de saúde. Não como pacientes, mas para conhecer a realidade da infraestrutura e atendimento à população de São Sebastião, uma das cidades-satélites. Depois de assistirem ao filme Patch Adams – O amor é contagioso e produzirem um relatório, a ideia era humanizar dois postos, inicialmente com a instalação de biblioteca e videoteca. A ideia foi além. Espantados com a realidade, bem diferente do que veem na propaganda do Governo do Distrito Federal, os alunos quiserem apoiar o trabalho médico com adolescentes grávidas de 12 a 14 anos.

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“Nós olhamos os estudantes de 11 e 12 anos e os vemos como crianças, mas eles são muito mais espertos que nós. Nossa escola estimula o protagonismo e foi isso que esse projeto proporcionou a eles. Nós apontamos o caminho e eles deram a solução”, destacou a professora Thailise Maressa. Com o apoio do Serviço de Orientação Religiosa (SOR), os alunos arrecadaram kits com fraldas, pomadas e produtos de higiene de bebês durante a gincana anual do colégio. Tudo será entregue às mães no dia 24 de outubro, quando os alunos e o médico do posto farão palestras sobre cuidados com o bebê e pré-natal.

Apesar de o trabalho ainda não ter acabado, os resultados já podem ser vistos na aula de redação. “Os alunos tiveram o prazer de escrever, porque eles vivenciaram tudo”, disse a educadora. E o benefício vai além. “Queremos que os nossos alunos sejam cidadãos com conteúdo, porque o conteúdo sem a vida acaba se perdendo. É preciso dar sentido ao que fazemos”, salientou Thailise, que defende que o professor vá além do conteúdo curricular. “O conteúdo sufoca. Não tem cara, não tem nada. É preciso dar vida. O que essas crianças precisam é de amor e de alguém que as estimule a se posicionar no mundo”, finalizou.

Aprendizado e diversão


Foto: Arquivo pessoal


Iniciativas de dinamizar as aulas não ocorrem apenas nas instituições particulares. Nas escolas públicas, também há docentes que tornam as aulas mais atraentes e transmitem o conhecimento de uma forma inusitada. É o caso do professor João Marcelo Mendes, que leva os alunos das escolas estaduais Maria Amália e São Miguel, ambas do Recife, para uma aula de física num parque de diversões. Participam da aula os alunos do 9º ano do ensino fundamental e do ensino médio.

Na montanha-russa e no bate-bate, o assunto é inércia. No Thunder, uma espécie de pêndulo giratório que atinge até 25 metros de altura, as lições são sobre força, trabalho, potência e gravidade. “Eles adoram porque sabem que é uma aula diferente, sem ‘quadro’. Eles aprendem brincando”, garantiu o professor.

Foto: Vitória Pirro/CAB/Divulgação

E que tal ser avaliado através de uma gincana? Essa é a ideia do professor de biologia Kilder Alves, que há 13 anos realiza a Biogincana com os estudantes do ensino médio do Colégio Americano Batista, de Recife. A proposta deu tão certo que há sete anos tornou-se transdisciplinar, envolvendo as demais áreas do conhecimento. “A ideia surgiu da nossa insatisfação com o método tradicional do ensino que se baseia na totalidade por notas e avaliações. Queríamos algo que estimulasse os alunos e valorizasse o talento e sensibilidade numa visão maior, que aliada à cidadania pudesse transformar e acrescentar ao ambiente da escola a realidade social e de pesquisa”, explicou Kilder.

Engana-se quem pensa que obter a nota 10 nesse formato de avaliação seja fácil. A organização das turmas dura meses e culmina com a realização da gincana, que dura três dias. No primeiro deles, os estudantes recebem as tarefas e nos dias seguintes realizam experimentos científicos, painéis sobre temas previamente elaborados por uma banca de professores, produções que unem gêneros literários e assuntos de diversas disciplinas, além de apresentações culturais e tarefas que estimulam a cidadania. “É visível o crescimento e aprendizado dos nossos jovens após participarem de um evento desse porte. Há uma melhora significativa não só em termos de notas, mas de comportamento e de visão de mundo”, destacou a professora de física Kátia Cunha, que também organiza a Biogincana.

Para os professores, a satisfação está em contribuir para a formação dos estudantes. “Somos mais que formadores de opiniões, somos formadores de sonhos e os sonhos devem ser vividos. Eu creio nisso e me sinto satisfeita e sou feliz com a profissão que escolhi. Logo, tenho valor independente de ter valorização”, frisou Kátia. O professor Kilder também destacou a importância do trabalho conjunto da escola com a família e sociedade. “Fazemos a nossa parte, mas devemos lembrar que, se não houver a família e a sociedade apoiando o desenvolvimento da criança e adolescente, nem sempre o nosso trabalho irá dar bons frutos. Acredito que, segundo Larissa Betfuer, existem escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Preferimos voar e ensinar a voar”, ressaltou.

Colaboração de Lidiane Dias.

O Instituto Cervantes Recife está com inscrições abertas para cursos para professores dentro da programação do XI Ciclo de Workshop de Espanhol. Os cursos serão ministrados pelo professor Ainoa Polo Sanchez, nesta quarta-feira (22).

O workshop I irá abordar o tema “Da palavra à ação: como aumentar a produção oral”. A capacitação será das 14h às 15h30. Serão discutidos os problemas que impedem a progressão na produção oral, propondo algumas soluções e atividades para fornecer aos alunos as ferramentas necessárias para desenvolver essa habilidade.

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Já o workshop II, das 15h30 às 17h, tratará sobre “Jovens estudantes em busca de ação: ferramentas para impulsionar a classe com adolescentes”. O encontro irá refletir sobre as características dos adolescentes e propor atividades e materiais diferentes para a sala de aula, com o objetivo de tornar as aulas mais interessantes e dinâmicas. 

A taxa de inscrição custa R$ 15,00. Será emitido certificado. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail cenrec@cervantes.es. O Instituto Cervantes fica na Avenida Governador Agamenon Magalhães, 4535, no Derby, Recife. Outras informações pelos telefones (81) 3334-0450.

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