O discurso de posse da presidente Dilma Rousseff nesta quinta-feira (1º) trouxe alguns sinais importantes sobre a estratégia do segundo mandato da petista. A avaliação é do economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. Uma dessas sinalizações foi quanto à política de valorização do salário mínimo, iniciada no primeiro mandato presidencial do petista Luiz Inácio Lula da Silva. Os reajustes anuais que superam a inflação acabam neste ano, o que forçará o governo a discutir e a aprovar uma nova política.
Lima Gonçalves argumenta que, ao garantir a continuidade da valorização do salário mínimo, a presidente Dilma não vai desistir de seu compromisso em dar reajustes relevantes para o trabalhador assalariado. "(Esse ponto do discurso de Dilma) é um balizador importante. É preciso ficar de olho nisso para entender o que o governo pretende fazer", afirmou.
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Outro sinal importante, na avaliação do economista, foi a respeito dos Brics, o grupo de países formado por Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul. Em seu discurso, a presidente afirmou que, com os Brics, o País avançará em parcerias, assim como no Banco de Desenvolvimento da região e na implementação do acordo contingente de reservas. "Isso demonstra a importância que a presidente dá a esse bloco, especialmente ao falar do acordo de reservas, que formaria uma espécie de FMI (Fundo Monetário Internacional) da região", disse.
Lima Gonçalves observa que outro sinal relevante dado por Dilma foi a sua intenção de manter os investimentos públicos. "Ela indicou que vai buscar complementar os investimentos com recursos privados, mas sinalizou que não vai zerar os investimentos públicos, determinando, inclusive, uma meta para o Minha Casa, Minha Vida de 3 milhões de moradias", analisou.
O economista estranhou apenas o fato de a presidente ter mencionado a dívida líquida do setor público e enaltecido o resultado que seu governo conquistou, considerando esse indicador. Em sua fala, Dilma afirma: "É importante notar que a dívida líquida do setor público é hoje menor do que no início do meu mandato".
Na entrevista coletiva de sua apresentação como ministro da Fazenda nomeado, Joaquim Levy deixou claro que tem como meta controlar a evolução da dívida bruta do setor público consolidado, atualmente em 63% do Produto Interno Bruto (PIB).
"De forma geral, o discurso da presidente foi mais uma conversa estratégica do que uma apresentação conjuntural ou (sobre questões) de curto prazo. Não era de se esperar algo muito diferente para um discurso de posse", afirmou.