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Segundo dados da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), 80% dos detentos que passam pela reabilitação social não voltam à criminalidade. Ainda de acordo com a Secretaria, houve uma redução de 28,51% no número de mulheres encarceradas, que saiu de 831 para 594, entre 2019 e 2021.

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Iniciativa importante para apoiar a ressocialização, a Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe), fundada em 2014, no Centro de Reeducação Feminino (CRF) de Ananindeua, Pará, tem como objetivo incentivar mulheres que estão em privação de liberdade, auxiliando no processo de reinserção social. O grupo atua na produção de artesanato, itens decorativos, roupas e acessórios.

Gerson Santos, assessor de projetos da Seap e tutor da Coostafe, fala que, por meio do trabalho desenvolvido pela cooperativa, o principal benefício para as mulheres que fazem parte é o aprendizado, visto que, quando estiverem em liberdade, elas poderão permanecer com o ofício. “Inclusive, a Coostafe, hoje, é referência nacional, vanguardista nesse segmento e única”, informa.

Gerson explica que a gestão da unidade prisional busca, desde o início, parceiros que apoiem as cooperandas na criação e geração de renda, com instrumentos que auxiliem na reinserção social e treinamentos. “Buscou-se apoio da Organização das Cooperativas do Brasil e de outros parceiros para a configuração dessa pessoa jurídica. A Seap é uma grande parceira. Por meio da Gerência de Ensino Profissionalizante, busca trazer capacitações específicas”, diz.

Para as internas serem parte da cooperativa, a Seap estabelece critérios por meio de portarias. A seleção começa com uma triagem biopsicossocial (abordagem que engloba as dimensões biológica, psicológica e social), seguida por avaliação comportamental. Após essas etapas, a detenta poderá iniciar sua produção.

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A arte liberta

A liberdade é a condição que as custodiadas tanto esperam. Pelo cooperativismo, as detentas descobriram que há um caminho promissor: a arte.

A interna e diretora comercial Edineuza Leão, ao chegar na cooperativa, há 1 ano e 8 meses, diz que encontrou uma nova chance para viver. “A minha vinda para a Coostafe foi um novo mundo que se abriu para mim. Quando eu vim presa, eu cheguei aqui no cárcere pensando que estava tudo acabado. Não queria fazer nada, só queria morrer e pensei que tinha tudo chegado ao fim. Mas, quando eu recebi a oportunidade de vir para Coostafe, quando cheguei aqui, vi que não estava tudo perdido e que eu tinha uma nova chance, um recomeço”, relata.

Edineuza diz que a partir do projeto teve trabalhos aperfeiçoados e, hoje, além de ser crocheteira, manuseia o bordado e a costura. A diretora comercial destaca que não tem palavras para agradecer tudo o que está aprendendo. "Hoje eu tenho um cargo aqui na Coostafe e, assim, eu já tenho uma responsabilidade. Isso aqui eu já vejo como uma empresa, tenho as minhas responsabilidades e faço de tudo um pouco", fala.

Para a responsável pelo estoque, Jakeline Magalhães, que está há 6 meses na Coostafe, a costura foi a maior descoberta e a atividade que mais ama realizar. “A gente aprende várias coisas, coisas que até mesmo não sabíamos antes de chegar nesse lugar. Comecei com bordado e a costura era uma coisa que eu queria fazer mais, porque era o que eu mais gostava e queria aprender. Hoje o meu foco é a costura, mas eu bordo e faço até mesmo crochê”, conta.

Jakeline se sente orgulhosa em produzir e ressalta que, para cada interna, é uma oportunidade única fazer parte do projeto. “A cada coisa que a gente faz, a gente coloca o nosso sentimento, coloca o nosso amor, tudo aquilo de bom que tem entre a gente”, relata.

Há 5 anos e 8 meses na Coostafe, a coordenadora do crochê, Rosiane Pinheiro, conta que, apesar de ser de uma comunidade quilombola e ter conhecimento de algumas atividades, ao chegar na cooperativa pôde ensinar e aprender mais. Rosiane diz, ainda, que os trabalhos desenvolvidos podem ajudar na ressocialização, como forma de trabalho. “Digo que as pessoas [detentas] procurem [a cooperativa], porque assim como elas vão ter remissão, vai ser um aprendizado bom para quando sair, um sustento para a família”, conclui.

* Todas as entrevistadas autorizaram o uso de nomes e imagens nesta reportagem.

Por Lívia Ximenes, Even Oliveira e Clóvis de Senna (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

 

 

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