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Quem trabalha com arte conhece bem as dificuldades em encontrar espaços e meios para escoar sua produção. Para driblar esses percalços, muitos artistas tomam iniciativas independentes para fazer acontecer sua arte e a dos companheiros de ofício. Esse movimento tem feito surgir espaços colaborativos onde a união de esforços, mãos e cabeças pensantes oportunizam a quem faz e a quem consome cultura vivenciá-la da melhor forma possível. 

A abertura de espaços que congregam diversas linguagens artísticas e também alguns serviços, como terapias alternativas, estúdio de tatuagem e brechó, tem crescido de forma expressiva na cidade do Recife. Um dos exemplos disso é a Casa Maravilhas, que aproveitou um outro local que já funcionava de maneira colaborativa, o CEÇA, para abrir suas portas. 

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Idealizado pelos atores Paulo de Pontes e Márcia Cruz, o lugar chega com a proposta de ser ponto de encontros, criação, pesquisa e, sobretudo, fruição. Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, Márcia falou sobre a proposta da Casa: "Achamos que seria interessante pra gente fazer um lugar onde  a gente pudesse ter uma alternativa ao mercado formal e onde as coisas pudessem fluir", disse. A artista frisou que é impossível dar espaço a todo mundo que produz arte na cidade, mas que o objetivo é trazer um respiro a quem procura escoar sua produção. 

A Casa Maravilhas já conta com uma programação até o final de outubro, como oficinas de teatro e espetáculos, e, em seguida, será realizada uma chamada pública para a ocupação do espaço. Lá será possível encontrar, também, terapias integrativas, com Ronaldo Patrício, como Tarô e Barra Access. "A gente quer trabalhar com essa economia sistêmica, não apenas a sustentável. Então, a integralidade do ser pra gente é muito importante", frisa Márcia. Além disso, a Biblioteca Moura Torta, instalada na casa, atuará com o intuito de integrar a comunidade do centro. Os objetivo maiores das ações, segundo Márcia, é fomentar o tecido cultural da cidade e fidelizar o público. 

Outros 

A exemplo da Casa Maravilhas, outros espaços colaborativos têm movimentado as artes no Recife cada vez mais. Algumas abertas há mais tempo, como o Coletivo Sexto Andar (aberto em 2013) e a Casa Astral, outras mais recentes, como a Jambo Azul, mas todas dando inspiração e gás para que novas iniciativas continuem abrindo portas e oportunidades pela cidade. Confira onde encontrá-los.   

Coletivo Sexto Andar

Espaço cultural e ateliê de artes integradas situado no centro do Recife.

Av. Dantas Barreto, 324 - Edf. Pernambuco - Santo Antônio

Casa Astral

Espaço para arte, festas, feiras, exposições e apresentações culturais; além de cursos, oficinas e tratamentos holísticos. 

Rua Joaquim Xavier de Andrade, 104 - Poço da Panela

Casa Maravilhas

Espaço colaborativo para apresentação de espetáculos, realização de oficinas e terapias integrativas. 

Av. Manoel Borba, 339 - Boa Vista

CEÇA

Espaço de colaboração e promoção de artes.

Av. Manoel Borba, 339 - Boa Vista

Jambo Azul

Residência artística de cunho colaborativo, social e cultural.

Rua Bispo Cardoso Ayres, 481 - Soledade

Somos

Espaço de serviços integrados como tatuagem, cabelereiros, bodypiercing e loja colaborativa. 

Rua da Aurora, 1035, loja 2, Bloco A

Fotos: Divulgação/Matheus Melo

Divulgação/Juvenil Silva

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Maria da Conceição Zacarias de Souza, Teta, Ceça. O fato dela ser conhecida por tantos nomes parece ser uma demonstração de como ela viveu também tantas vidas. Hoje, dá palestras e trabalha no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, no centro do Recife, mesmo local em que foi levada algemada três vezes.

 “Teta” é como a mulher, de 48 anos, é conhecida no bairro dos Coelhos, no centro da cidade, onde cresceu em uma palafita, convivendo com o barulho do rio, ratos e a falta de saneamento básico. Era a alcunha também de quando ela roubava lojas, traficava e abria a bolsa das mulheres subtraindo pertences sem que percebessem - atividade que começou a fazer desde os 12 anos. 

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Em seu local de trabalho, entretanto, é Ceça. Também é chamada assim pela companheira, Maria Madalena, que a conheceu em 2002 na Colônia Penal Bom Pastor.

Maria começou seu processo de reinserção a partir de um projeto de uma professora de Direito da Universidade Católica de Pernambuco, que queria gravar um documentário com detentas. Foi a professora quem também ajudou Ceça a conseguir o emprego de auxiliar de serviços gerais que ela tem hoje. 

A ex-presidiária já contou um pouco da sua história na Faculdade de Direito do Recife (FDR), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade de Pernambuco (UPE) e no Seminário Internacional de Pesquisa em Prisão. No dia 30 de novembro, Maria palestrou no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Santa Luzia, para adolescentes do sexo feminino.  

“Teve uma menina lá que disse que a mãe dela já tirou cadeia comigo e hoje a menina também está presa. Mas ela disse que no futuro quer ser como eu”, disse Ceça, sem esconder o orgulho. A multiplicidade da vida de Maria da Conceição Zacarias de Sousa, que é querida por todos os profissionais do Fórum, do colega de serviços gerais ao magistrado diretor do local, é retratada na reportagem especial em vídeo abaixo:

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