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A tendência para o crédito no País é andar de lado sem crescimento da economia e recuperação do emprego, de acordo com o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari. Apesar disso, segundo o executivo, o banco descarta revisar os guidances deste ano. O Bradesco espera que o crédito cresça entre 9% a 13%.

"Todas as casas acabaram revendo as projeções do PIB para baixo. Se o País não cresce, a economia não cresce, o emprego não se recupera, a tendência do crédito é andar de lado", disse o presidente do banco, que participou nesta terça-feira do Ciab, tradicional feira de tecnologia bancária, promovida pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

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Para reverter esse cenário, o Bradesco tem focado em linhas com mais probabilidade de crescimento, especificamente, na pessoa física. Estão na mira do banco as modalidades de consignado, com desconto em folha, imobiliário, crédito pessoal e para a compra de veículos. "São carteiras nas quais dá para crescer, sobretudo, com segurança. No resto das operações, sobretudo para pessoa jurídica, crescimento vai ficar bem baixo", acrescentou Lazari.

Em relação ao segundo semestre, o presidente do Bradesco disse que, se acontecer de fato, a reforma da Previdência, com aprovação entre o final de julho começo de agosto, pode beneficiar o último trimestre do ano. "Se isso acontecer, acredito que podemos ter uma recuperação de crédito no último trimestre do ano", disse ele, que acrescentou: "O primeiro trimestre foi fraco (em demanda para crédito) e o segundo também está fraco."

Sobre o openbanking, que vai permitir o compartilhamento de informações de clientes com concorrentes, Lazari disse que o cronograma, que tem início no segundo semestre do ano que vem, é ousado. Apesar disso, internamente o banco tem feito a lição de casa e espera oferta produtos financeiros e não-financeiros a partir de parceria com concorrentes e fintechs.

CSLL

O presidente da Bradesco afirmou que os bancos vão pedir a manutenção da contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) em 15%, mas que estão dispostos a colaborar com a situação fiscal do País caso seja elevado para 20%. O tributo foi aumentado para 20% em 2015, mas a alíquota deixou de vigorar no final do ano passado.

Agora, o Congresso cogita voltar a elevar a CSLL para as instituições financeiras. "Não é por causa da reforma da Previdência. Pode acontecer. Não tem problema. Nós vamos cumprir", disse Lazari.

Segundo ele, não há uma mobilização entre os bancos para barrar o possível aumento do tributo, mas o setor vai pedir que se mantenha em 15%, como tratado no passado. "Temos disposição em colaborar como já fizemos no passado", acrescentou.

Sobre o encaminhamento da reforma tributária em paralelo à da Previdência, Lazari afirmou que é positivo. "A simplificação tributária e fiscal e a independência do Banco Central têm de andar. Essa agenda tem de ser preparada junto com a reforma da Previdência, que está caminhando", destacou.

O executivo disse que espera que a reforma da Previdência passe entre o final de julho e agosto para que em setembro o País já consiga andar com essa outra agenda no Congresso - de simplificação tributária e fiscal e independência do Banco Central. "Seria bom ter esses assuntos todos discutidos até o final deste ano para começar 2020 com uma perspectiva totalmente diferente", afirmou Lazari.

Conversas de Moro

O presidente do Bradesco disse também que o vazamento de mensagens do aplicativo Telegram atribuídas a procuradores da força-tarefa da Lava Jato, entre eles Deltan Dallagnol, e o então juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, não deve atrapalhar a aprovação da reforma da Previdência e o andamento da pauta econômica.

"Uma coisa é a pauta econômica, de reforma da Previdência, que o Congresso tem que estar focado porque é imprescindível para o País", disse ele, a jornalistas, após participar do Ciab Febraban.

Segundo ele, a reforma da Previdência é o abre alas de uma série de outras reformas como a independência do Banco Central e a simplificação tributária e "não tem nada a ver com isso que está acontecendo".

"O foco do Congresso, de (Davi) Alcolumbre, presidente do Senado, de (Rodrigo) Maia, presidente da Câmara dos Deputados, e do próprio presidente (Jair Bolsonaro) tem de ser passar a reforma da Previdência independentemente de outros assuntos", acrescentou Lazari.

A Scopus aposta na tendência de compartilhamento dos caixas eletrônicos pelos bancos para reduzir custos e investiu 1 milhão de reais do desenvolvimento do software que permite processar transações de várias instituições financeiras em um mesmo terminal de forma personalizada. Trata-se da solução ATM Multibanco lançada no Ciab 2012, que já vem preparado para integração com smartphones baseados na tecnologia Near Field Communication (NFC), para pagamentos por dispositivos móveis.

Hoje os bancos já compartilham ATMs pela rede 24 horas administrada pela Tecban. Mas Fabrizio Pinna, superintendente da Scopus, observa que as instituições financeiras não conseguem realizar por essas máquinas atendimento personalizado como fazem em seus caixas eletrônicos. Ele menciona dificuldade de integrar software de diferentes bandeiras

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Com o novo software, Pinna afirma que será possível levar para as telas dos caixas da rede compartilhada a mesma interface gráfica dos ATM da rede privada e simplificar o atendimento aos clientes. “Não estamos copiando a Tecban”, esclarece o executivo, explicando que o software Multibanco traz inovações, como sistema de navegação por toque, como no iPad.

Outra novidade é a integração com NFC, que vai permitir que smartphones baseados nessa tecnologia se comuniquem com os ATM. Assim, o cliente que estiver numa fila de caixa eletrônico poderá, enquanto espera sua vez, adiantar suas transações pelo celular. Em caso de pagamento de boletos de cobrança, o dispositivo poderá capturar o código de barras e quando ele chegar em frente ao terminal basta transmitir esses dados e efetuar o pagamento.

Pinna afirma que a própria Tecban poderá contratar o software da Scopus para a rede 24 horas, esclarecendo que apesar de a empresa gerenciar os ATMs do Bradesco, opera de forma independente. “Já estamos em conversa com eles”, conta. O ATM Multibanco roda em Windows e Linux e, segundo a Scopus, tem compatibilidade com todos os tipos de hardware.

Ao criar essa solução, a Scopus passa a realizar além, do gerenciamento de ATMs, a integração de serviços para rede compartilhada. Num primeiro momento, o software será usado nos terminais produzidos pela NCR Amazonas, da qual a empresa é sócia com participação de 49% do capital.

Hoje o mercado brasileiro conta com aproximadamente 180 mil ATMs, segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). “Se tivermos de 30% a 40% dessa base já está bom”, conta o superintendente da Scopus.

Nos últimos três anos, o investimento em tecnologia da informação por parte dos bancos cresceu 27%, somando em 2011 R$ 18 bilhões. Pioneiras no uso de TI, agora as instituições financeiras estão de olho na ampliação da capacidade de inclusão de clientes na era digital, fazendo com que os meios eletrônicos prevaleçam no topo da preferência de acesso. 

Cada vez mais as pessoas vão poder fazer transações, que irão além do simples ato de checar o saldo, pela TV, smartphones e redes sociais. “Caberá ao banco ajudar na execução dessas tarefas de forma eficiente, simples e segura”, afirma Murilo Portugal, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

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O internet banking já é o meio preferido dos consumidores, lembra Luis Antonio Rodrigues, presidente do Ciab Febraban. Seguindo os passos desse canal, o m-banking cresceu e conquistou 3,3 milhões de pessoas em 2011, impulsionado pela venda de smartphones no País. “O mobile banking tem potencial para ocupar espaço relevante no mercado, mas depende de tipos de aplicações e características do dispositivo móvel. Maior convergência tecnológica pode acelerar o modelo”, avalia.

Durante a abertura do Ciab 2012, maior feira para bancos realizada de 20 a 22 de junho, em São Paulo, Portugal lembrou que os investimentos feitos em TI permitiram crescimento na base de clientes, que hoje soma 98 milhões de contas ativas e 54 milhões de pessoas bancarizadas. “A qualidade tecnológica que os bancos acumularam, ao lado da solidez patrimonial e nível ético mantido com clientes, são ativos importantes para a trajetória bem-sucedida do setor”, opina. “O papel que os bancos desempenham tem sido objeto de grandes mudanças motivadas pelo desejo de expandir acesso aos bancos e ao crédito”, completa.

Apesar desse quadro, ele assinalou que o avanço de novos canais vem acompanhado de desafios na TI. “É preciso desenvolver e desenhar sistemas cada vez mais ágeis, reduzindo custos, melhorando eficiência e produtividade, ajudando na inclusão bancária”, opina. Segundo ele, o Brasil, com suas potencialidade e vantagens competitivas naturais, pode criar condições para que tenha sucesso na preparação de um novo cenário bancário.

Outro gargalo indicado por Julio Semenghini, secretário de Planejamento do governo do Estado de São Paulo, para o avanço de canais de acesso ao banco, são as redes de telecom. “Ainda temos muitas limitações de acessos à banda larga. O governo tem avançado no acesso à inclusão digital e temos em 520 cidades pelo menos com uma rede de computador, são quase 10 mil PCs”, contabiliza.

Para Semenghini, a infraestrutura de acesso à banda larga deve avançar e ele indica que o governo está discutindo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e operadoras formas para avançar mais rapidamente do que as metas do leilão 4G e tentar ampliar o alcance para que mais pessoas entrem na nova rede bancária, especialmente a população rural, que tem de se deslocar até o centro da cidade para que possa efetuar transações. 

Os bancos na Europa passam por um processo de capitalização que ainda não terminou, avalia o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, que faz palestra em congresso da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para discutir tecnologia bancária, o Ciab. O momento é delicado e de transformação no sistema financeiro, avalia o executivo. "Sou pessimista com o que está acontecendo na Europa. Acho que no final o euro sobrevive, mas com muita dificuldade", disse.

O problema bancário na Europa é mais grave do que em outras regiões do planeta. "Nos bancos dos Estados Unidos, o processo de capitalização está mais avançado", continuou o executivo.

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Nesse cenário de crise em vários países e de novas regras de capital mais rígidas, o chamado Basileia 3, Setubal destaca que os bancos em todo o mundo estão revendo seus modelos de negócios. Esse processo também ocorre no Brasil, que passa ainda por redução de juros. "Os bancos terão de repensar muito seus modelos de negócios", disse ele, destacando que o desafio será como remunerar o capital adicional que terá que ser reservado por conta das novas regras de Basileia.

A queda da Selic, avalia Setubal, veio para ficar. Na sua avaliação, dificilmente a taxa deve voltar para níveis de dois dígitos, que eram no passado recente. "Os bancos terão de ser mais eficientes" disse ele.

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