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A guerra entre Israel e o Hamas também se trava no mundo virtual, com os ciberataques se multiplicando desde a ofensiva terrestre de 7 de outubro, mas sem intrusões graves até o momento, segundo especialistas em cibersegurança.

"Assim como no conflito russo-ucraniano, o número de ciberataques aumentou. Mas não podemos falar de ciberguerra: são, principalmente, ataques de negação de serviço (DoS, na sigla em inglês)", um congestionamento intencional e sem gravidade que torna um site inacessível por algumas horas, explica o diretor de Inteligência da empresa de segurança cibernética Sekoia, François Deruty.

Outra técnica desses "hacktivistas" são sites sabotados. A página inicial é substituída por uma tela preta, ou por uma mensagem de propaganda.

Sites do governo, ou de meios de comunicação israelenses, assim como grupos de energia, ou de defesa, têm sido alvo desse tipo de ataque, mas sem roubo de dados, ou paralisia operacional, dizem os especialistas.

Um aplicativo que alerta os israelenses em caso de ataque, o Red Alert, também foi sabotado com mensagens de propaganda, como "a bomba nuclear está a caminho".

"Grupos de hacktivistas que estavam mobilizados até agora na guerra na Ucrânia se reorientaram para este conflito há uma semana, com o objetivo de encontrar vítimas, incluindo empresas ocidentais. Mas essas operações são puramente para mandar mensagens, não é ciberguerra", acrescenta um especialista de uma grande empresa de cibersegurança.

"Os ataques contra sites israelenses, que estão muito bem protegidos, costumam ser do tipo negação de serviço", confirma o diretor da empresa de cibersegurança Ziwit, Mohammed Boumediane.

Segundo ele, "podem ocorrer outros grandes ataques neste fim de semana, ou no início da próxima semana, já que há milhares de incursões 'brute force' (força bruta) em curso".

Este procedimento implica testar incessantemente combinações de senhas que permitem, entre outras coisas, ataques de negação de serviço.

- Intervenção de russos e indianos -

"Entre os atacantes estão grupos estrangeiros: hackers russos pró-palestinos e hackers indianos pró-israelenses", acrescenta François Deruty, da Sekoia.

Sites israelenses foram vítimas do grupo de língua russa Anonymous Sudan, que apoia o Hamas, bem como do grupo russo Killnet.

Além disso, na sua opinião, grupos iranianos menos visíveis apoiam, discretamente, os ataques a Israel.

O Anonymous Sudan assumiu a responsabilidade por um ataque contra a versão eletrônica do jornal Jerusalem Post, que ficou paralisada por muitas horas. E o grupo Killnet anunciou sua intenção de atacar sites do governo israelense.

"Mas não vimos ataques de eliminação de dados como os sofridos pela Ucrânia, embora o Irã esteja em condições de fornecer tais ferramentas. É verdade que o nível de ciberdefesa de Israel é muito elevado, ainda mais do que na Ucrânia", ressalta.

Já grupos indianos atacaram sites palestinos. Isso é consequência dos laços diplomáticos entre Índia e Israel, analisa o especialista da Sekoia, e também da relação entre grupos indianos e "startups" israelenses que são seus fornecedores.

Os ataques contra estes sites palestinos foram menos frequentes, mas por vezes mais graves, destaca o diretor da Ziwit. Ele cita um ciberataque contra a AlfaNet, um provedor palestino de acesso à Internet com sede na Faixa de Gaza, atribuído ao grupo Indian Cyber Force.

Em um relatório do início de outubro, o grupo Microsoft indicou que, no começo de 2023, observou uma onda significativa de ataques do grupo Storm-1133, com base em Gaza e que apoia o Hamas. Estes ataques foram dirigidos contra organizações israelenses de defesa, energia e telecomunicações.

Será realizado, hoje, no Centro de Informática (CIn) da UFPE das 12h às 14h, o polêmico seminário sobre  "As Leis e o Código do Ciberespaço”, organizado pelo professor do CIn Ruy Queiroz. O evento será realizado no Anfiteatro do Centro  e é aberto ao público.

As palestras terão direcionamento através de vídeos que abordam a liberdade e controle na internet e serão comentados ao longo da exibição. Os filmes serão exibidos e terão contexto abordado são: Declaração de Independência do Ciberespaço, de John Perry Barlow; John Perry Barlow no TEDxSudeste e Rebecca MacKinnon: Let's take back the internet! e Code is Law: Does Anyone Get This Yet?,.

Segundo Ruy, esse é um tema polêmico, pois a internet vive um momento delicado, pois a filtragem de conteúdos passou a ser inserida em países não só repressores, mas também os denominados democráticos. Essa filtragem coloca conteúdos e pessoas suspeitas em uma lista negra que tem seu conteúdo de endereço e termos pouco transparente.
Para os alunos da graduação que cursaram as disciplinas de "Seminários em Inteligência Artificial" e "Tópicos Avançados em Lógica e Sistemas Dedutivos 1", para pós-graduação essa é uma oportunidade de participar do evento para aprofundar o conteúdo visto nessas matérias.

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Esse seminário faz parte de uma série de palestras que acontecerão nas quartas-feiras, no Anfiteatro do CIn, das 12h às 14h, e irão abordar o tema "Tecnologia, Lei e Sociedade”.
Para as discussões de hoje, há também uma lista de leitura recomendada que traz livros como: Code 2.0, de Larry Lessig; Declaração de Independência do Ciberespaço, de John Perry Barlow e o artigo escrito por Joel R. Reidenberg, "Lex Informatica: The Formulation of Information Policy Rules Through Technology", 76 TEXAS LAW REVIEW 553 (1998).



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Veja também a lista de filmes que serão exibidos no seminário:

1. Declaração de Independência do Ciberespaço (por John Perry Barlow, 1996) (em português) (YouTube, Jul/2009, 6min35s).

2. John Perry Barlow no TEDxSudeste - legendado em português (YouTube, 9min41s, 2010).
Fundador da Electronic Frontier Foundation, Barlow fala sobre Orkut, Wikipedia, direitos autorais na Internet e a participação do Brasil nas redes sociais. Entrevista exclusiva concedida à equipe de Novas Mídias do Canal Futura durante o TEDxSudeste, realizado no Rio de Janeiro em 8 de maio de 2010.

3. Rebecca MacKinnon: Let's take back the internet! (TED, Jul/2011, 14min53s) (legendado em português).
In this powerful talk from TEDGlobal, Rebecca MacKinnon describes the expanding struggle for freedom and control in cyberspace, and asks: How do we design the next phase of the Internet with accountability and freedom at its core, rather than control? She believes the internet is headed for a "Magna Carta" moment when citizens around the world demand that their governments protect free speech and their right to connection. Rebecca MacKinnon looks at issues of privacy, free expression and governance (or lack of) in the digital networks, platforms and services on which we are all increasingly dependent.

4. Code is Law: Does Anyone Get This Yet? (YouTube, 49min, 11/05/2011).
Chicago: Keynote at the ABA-Tech conference, reprising my "code is law" meme, with some updated examples, tied ultimate to the ultimate and key need — ; Glad I was forced to do this.


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