Tópicos | Cientista australiano

O cientista mais velho da Austrália, David Goodall, de 104 anos, que deu o que falar aos 102 anos quando uma universidade tentou demiti-lo, viajou nesta quinta-feira (3) para a Suíça para recorrer à eutanásia. Goodall disse lamentar a necessidade de viajar para o exterior para ter de encerrar sua vida.

O cientista não sofre de nenhuma doença em fase terminal, mas sua qualidade de vida piorou e ele programou um encontro com uma organização de assistência ao suicídio da Basileia. Ele embarcou em um avião em Perth, na costa oeste da Austrália, na quarta-feira (2) à noite, cercado por amigos e parentes, que deram um último adeus, informaram à AFP ativistas da eutanásia.

Goodall passará vários dias com outros familiares em Bordeaux, sudoeste da França, antes de seguir para a Suíça, onde pretende encerrar sua vida em 10 de maio. 

"Não quero viajar para a Suíça, embora seja um país lindo", declarou ao canal ABC antes da viagem. "Mas tenho que fazer isso para ter a oportunidade de suicídio, o que o sistema australiano não permite. Lamento muito", completou.

O suicídio assistido, ou eutanásia, é ilegal na maioria dos países do mundo. Era totalmente proibido na Austrália, mas, no ano passado, foi legalizado no estado de Victoria.

Esta legislação, que entrará em vigor apenas em junho de 2019, contempla apenas os pacientes em fase terminal, com expectativa de vida de menos de seis meses.

Outros estados da Austrália debateram a questão da eutanásia no passado, mas as propostas nunca avançaram.

A associação Exit International, que apoia Goodall, considera "injusto que um dos cidadãos mais idosos e proeminentes da Austrália seja forçado a viajar para o outro lado do mundo para morrer com dignidade".

A associação iniciou uma campanha de financiamento colaborativo para elevar à primeira classe as passagens de avião de David Goodall e de seu assistente. A campanha arrecadou mais de 20.000 dólares australianos (US$ 15.000).

Pesquisador associado honorário da Universidade Edith Cowan de Perth, o professor Goodall virou manchete em 2016, quando o centro de ensino solicitou que abandonasse o cargo, alegando riscos vinculados a seus deslocamentos.

A universidade recuou em sua decisão após a indignação provocada pela notícia.

Goodall publicou dezenas de estudos ao longo da carreira e até recentemente colaborava com várias revistas especializadas em ecologia.

Goodall disse à ABC que aprecia o interesse do público e espera que seu caso provoque um debate sobre a eutanásia.

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