Tópicos | Comando Militar do Sudeste

Nos últimos anos, muitos jovens de 18 a 24 anos deixaram de ver o alistamento militar como uma obrigação e começaram a enxergar essa carreira como uma opção diante do crescimento do desemprego, que afeta 27,3% desse grupo, enquanto a média nacional é de 12,7%, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Somente no estado de São Paulo, dos aproximadamente 350 mil homens nessa faixa etária que realizam anualmente o alistamento, 10%, ou seja, 35 mil pretendem entrar para o serviço militar. Até 2014, esse percentual era de apenas 5%, conforme mostram dados do Comando Militar do Sudeste.

##RECOMENDA##

De acordo com o presidente do Instituto de Orientação e Preparação às Escolas Militares (Iopem), Ícaro Silvério, o aumento da demanda de jovens que buscam seguir carreira militar está, de fato, relacionado ao momento econômico.

"A gente sabe que a situação econômica do país e do mercado de trabalho não está fácil. São muitas exigências, principalmente para quem está saindo do ensino médio e ainda não possui experiência profissional. Por isso, entrar para o Exército, Marinha, Aeronáutica ou Polícia Militar tem sido opções viáveis para os mais jovens", explica Silvério.

Para ingressar na área militar, é necessário passar por um processo seletivo em que a aprovação depende de o candidato demonstrar que tem alto nível de conhecimento no conteúdo programático exigido pelas escolas. "Este exame possui no mínimo cinco etapas. A prova teórica, a prova física, a avaliação médica e psicológica e a investigação social. Se aprovado, o jovem já é considerado funcionário público e no primeiro ano já recebe uma bolsa-auxílio de R$ 3 mil para se dedicar aos estudos. Essa é uma das vantagens", pontua o presidente do Iopem.

A idade mínima para participar de concursos militares, com exceção da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, é de 13 anos. O principal objetivo das instituições de preparo ao ingresso às escolas é mostrar para esses jovens, que ainda estão no ensino fundamental, que a carreira militar vai muito além do trabalho do policial militar, podendo atuar em outras áreas com mesma relevância social.

Com aval do presidente Jair Bolsonaro para comemorar o golpe militar de 1964, militares do Exército fizeram, nesta quinta-feira, 28, uma comemoração silenciosa da data no Comando Militar do Sudeste, em São Paulo. No entanto, houve orientação expressa para que os generais não dessem declarações durante a cerimônia ou concedessem entrevistas, para evitar que o ato se transformasse em alvo de polêmica e questionamentos judiciais.

O evento durou menos de uma hora e contou com a leitura da ordem escrita pelo Ministério da Defesa em que as Forças Armadas dizem "reconhecer" o papel da geração militar que deu início à ditadura, chamada de "revolução democrática" na comemoração. A orientação foi para que a comemoração não ultrapassasse o limite de leitura da ordem da Defesa e da execução de músicas.

##RECOMENDA##

Um general relatou à reportagem que houve resistência interna para que a comemoração fosse realizada. Além disso, houve pedidos para que a imprensa não participasse. O aval do presidente Jair Bolsonaro, no entanto, foi interpretado pelos comandantes como garantia de que a comemoração poderia ser realizada sem preocupação em relação a eventuais consequências judiciais. Nesta semana, Procuradorias em diversos Estados publicaram notas contra os atos.

Cerimônia

O evento foi aberto com uma declaração do cerimonial de que a se tratava de uma "rememoração do fato histórico" de 1964. O local escolhido foi a Praça Mário Kozel Filho, "morto no cumprimento do dever em 26 de junho de 1968", de acordo com inscrição em uma placa, em referência ao soldado morto durante a ditadura militar na explosão de um carro-bomba.

Ao passar pela área onde estava a imprensa, o comandante militar do Sudeste, Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, justificou a adoção do protocolo reservado. "Não há nada que a gente possa fazer que vocês não possam filmar e fotografar. Alguns questionaram: mas vai ter imprensa? Claro, imprensa livre e democrática. Estou muito feliz pela presença de vocês, só não posso dar nenhuma entrevista. Recebi ordens", disse. Ao final da cerimônia, ele cumprimentou os jornalistas e mandou um beijo às câmeras.

Houve execução do hino nacional e de músicas militares. Deputados estaduais do PSL vieram da Assembleia Legislativa e atravessaram a rua para acompanhar a cerimônia, que também contou com membros do Judiciário.

Na área reservada a visitantes, somente 10 pessoas ocupavam as cadeiras. Ao final, o general Ramos quebrou o protocolo e, pedindo desculpas por estar fazendo uma declaração pública, pediu que a banda tocasse a música "Amigos para sempre" em homenagem às autoridades presentes.

Entre elas, estavam o vice-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), desembargador Artur Marques da Silva Filho, e o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Fábio de Salles Meirelles.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando