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A pressa na Avenida Cruz Cabugá, no Centro do Recife, muitas vezes esconde o Mercado Público de Santo Amaro. Sem o vai e vem de clientes, os boxes sobrevivem contra o abandono das instalações e da falta de segurança no equipamento.

O espaço de 692 m² comporta 82 compartimentos, mas nem a Prefeitura do Recife sabe informar quantos ainda funcionam. Entregue em 1933, o Mercado de Santo Amaro sofre com a falta de alternativas do comércio popular para continuar de portas abertas e parece ser uma lembrança antiga prestes a ser esquecida.

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Em um ambiente pouco convidativo, os clientes que lhe restam convivem com o mau cheiro do esgoto que percorre os corredores de ferragens expostas. O desconforto dos funcionários e consumidores também é com a  precariedade dos banheiros, quase sem condições de uso.

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Poucas horas após inaugurar o restaurante no mercado, já no primeiro dia, a cozinheira Andrea Alves entendeu que o futuro do seu negócio vai demandar muito mais esforço e paciência do que imaginava.

A estrutura que sustenta as caixas d'água foi corroída pela falta de manutenção, o que mantém a comerciante em alerta constante pelo medo de que possa desabar em sua cabeça.

Júlio Gomes/LeiaJá

Retirada da Rua 24 de Agosto pela Prefeitura, Andrea lembra que perto do meio-dia já não tinha almoço para servir e, hoje, suas panelas permanecem cheias. "Tá difícil porque a gente tem que comprar o material para trabalhar e fica sem saber se vai vender. Infelizmente a gente ficou quebrado aqui", lamenta.

Ela ainda não passou pela experiência de arrombamentos que se repetem nos relatos dos permissionários mais antigos. "Esse ano já fui roubado duas vezes. Levaram minhas máquinas, o rádio, tesoura, pente, tudinho", revela Ednaldo Barros, que possui uma barbearia há 37 anos no mercado.

Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

 Vítima de três arrombamentos, a comerciante Sirleide Fonseca conta que na última vez perdeu televisão, micro-ondas, botijão de gás e utensílios. Cansada da ação dos criminosos, ela colocou grades nos fundos do box para dificultar novas invasões.

 Se dentro dos compartimentos a situação já é difícil, os furtos são ainda mais recorrentes nas áreas comuns. "O povo leva torneira, lâmpada, levam tudo", complementou Sirleide, há 23 anos no mercado.

 "Todo comerciante aqui tá chorando", resume o chaveiro Pedro Paulo. Ele foi ao Mercado da Encruzilhada, na Zona Norte, para se solidarizar com os colegas após o local ser destruído por um incêndio. O chaveiro com 36 anos no local teme o mesmo fim para o Mercado de Santo Amaro pela falta de um sistema de hidrantes.

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 "Se tiver um incêndio vai ser a mesma coisa da Encruzilhada porque não tem água. Vai acabar tudo", aponta.

Os permissionários entendem que a construção de um estacionamento pode reavivar a procura e o interesse pelos comerciantes, além de uma maior vigilância.

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Através do Conviva Mercados e Feiras, a Prefeitura do Recife informou que está nos ajustes finais do projeto de requalificação do Mercado de Santo Amaro e que pretende lançar o edital de licitação até o fim do ano.

"A requalificação contemplará a criação de uma nova fachada, requalificação da calçada, criação de área central de alimentação e de convivência e instalação de novos banheiros", elencou a gestão, que prevê um investimento de R$ 30 milhões para reestruturar os pátios de feira e mercados públicos da cidade.

Ainda de acordo com a Conviva, os 43 mercados públicos, feiras e pátios do Recife recebem vistorias constantes para averiguar os reparos necessários nos equipamentos.

"Os serviços de manutenção acontecem de maneira recorrente, como reparos em cobertas e calhas, sucção de canaletas, pinturas, reparos elétricos e hidráulicos, entre outros", destacou o comunicado. 

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