[@#galeria#@]
Em 2020, teremos carros voadores, diziam os entusiastas no começo do milênio. Automóveis nos céus ainda não são moda, mas o coletor menstrual é. Principal alternativa para jovens millenials (nascidos no final da década de 1980 até meados de 1990, também chamados de geração Y ou geração da internet), o coletor é um copinho de silicone cirúrgico que é inserido pela própria mulher no canal vaginal para coletar o sangue da menstruação.
##RECOMENDA##Apesar da recente popularidade, o produto existe desde 1937, quando a estadunidense Leona Chalmers concebeu o primeiro modelo de coletor menstrual voltado para a venda. De lá pra cá, a principal evolução do copo foi o material: antes feito de látex, agora é de silicone.
Ginecologista há mais de 40 anos, Dalmácia Dejard acredita que o fenômeno que ocorre agora com o copo de silicone já aconteceu antes com o absorvente interno (OB). Tanto coletor quanto OB são inseridos no corpo. “Muitas mulheres tinham vergonha de pegar na sua genitália. Com o tempo, a informação foi sendo passada entre as mulheres e o produto se tornou popular”, analisa a médica.
Isadora Simas, estudante de jornalismo, trocou o incômodo absorvente pelo copinho. A universitária não usa o método tradicional há seis meses e diz estar muito satisfeita com a mudança. “Comprei em uma loja on-line, depois de pesquisar em sites especializados e falar com uma amiga que já usava. É maravilhoso não se preocupar com vazamentos ou alergias, porque eu já tive alergia a absorvente. Fiquei um mês sem poder usar. Com o coletor, eu me sinto mais limpa durante esse período que eu odiava. Me sinto feliz”, conta a estudante.
De acordo com a ginecologista, muitas jovens começaram a usar o coletor devido à liberdade que o copo dá, como poder ir à piscina ou fazer exercícios sem medo de se sujar de sangue. Dependendo do fluxo menstrual, o coletor pode ser utilizado por até 12 horas seguidas. Contudo, a ginecologista lembra que certos cuidados devem ser tomados. “Tem que lavar o coletor com sabão neutro e água corrente, não passar do horário e manter as mãos e unhas limpas para o manejo do instrumento”, explica Dalmácia.
A médica alerta que manusear o coletor com as mãos sujas ou manter o copinho inserido na vagina além do tempo indicado pode causar proliferação de bactérias e vaginite, como foi o caso da paciente que esqueceu o coletor dentro de si por dois meses. “Ela desenvolveu uma secreção amarelada com odor ruim e muito forte por ter esquecido o coletor dentro dela. Fizemos diversos exames e não dava em nada. Até que fui verificar e quando falei o que era, a paciente disse que simplesmente não lembrava de ter colocado (o coletor)”, conta a médica.
A acadêmica de fisioterapia Beatriz Cruz decidiu experimentar o coletor depois de meses pensando no assunto. “Aproveitei a promoção da Black Friday e já encomendei o meu. Consegui comprar um kit com dois coletores e aplicador por R$ 60,00. Por mês, eu gastava cerca de R$ 15,00 com absorvente. E o coletor tem uma duração média de cinco anos, então é ótimo custo benefício”, afirma Beatriz, que aguarda sua compra chegar.
Preocupada com a sustentabilidade, a estudante fala ainda dos impactos ambientais do absorvente, que demora cerca de 100 anos para ser absorvido pelo planeta. “Hoje em dia existe coletor biodegradável, que a gente coloca na terra e ele se decompõe”, conta a jovem.
A médica afirma que é importante conversar com um profissional antes de fazer a mudança. “Muitas pacientes não compreendem como funciona o próprio corpo", afirma. Segundo Dalmácia, o ginecologista poderá auxiliar e indicar o tamanho e formato adequado de coletor para cada mulher.
Por Sarah Barbosa.