Passa ano, entra ano e o Cordão da Bola Preta, o mais antigo bloco carnavalesco do Rio, continua concentrando multidões nas suas apresentações tradicionais no sábado de carnaval. Em 2023 faz seu 103º desfile neste sábado (18) não está diferente arrasta muita gente que se diverte com alegria. A previsão é que o bloco concentre 1 milhão de pessoas. O ânimo dos foliões este ano chegou com um toque de saudade e muita vontade de compensar os dois anos, em que por causa da pandemia, ficaram impedidos de se divertir naquele espaço de descontração.
A irreverência é um destaque nas fantasias, que embora sejam distintas, boa parte, tem um traço em comum: as cores branca e preta, que são as do bloco. Com o calor a preferência também é por roupas mais leves.
##RECOMENDA##A concentração dos foliões começou cedo, antes mesmo do horário marcado para o desfile, no centro do Rio. O início estava marcado às 9h mas houve atraso de 20 minutos. O encerramento está previsto para as 13h. O trajeto é o mesmo definido pela prefeitura para todos os Megablocos do carnaval carioca: da Rua Primeiro de Março até a Avenida Presidente Antônio Carlos. O policiamento foi reforçado na região pela Polícia Militar e apoio da Guarda Municipal, inclusive com o uso de aparelhos de detector de metais. Os foliões se espalharam não só pelas ruas do circuito como também nas transversais.
O presidente do bloco, Pedro Ernesto Marinho, espera um público muito maior do que em anos anteriores, porque é o carnaval da retomada. “O desfile é a mãe de toda a existência do Bola Preta. Se a gente fizer um grande desfile a gente está caminhando com o Bola Preta. O desfile é o maior acontecimento social da vida do Bola Preta. Não existe outro acontecimento tão grande quanto o desfile. Nada é mais importante que o desfile. É a marca do Bola Preta desde a fundação”, disse o presidente.
A passagem de gerações entre os foliões é um dos fatores que mantêm o bloco como um dos favoritos do carnaval. Para Pedro Ernesto, a explicação é o comprometimento do Bola com o carnaval tradicional. Ele lembrou que o bloco é último remanescente das entidades de carnaval daquela ocasião, porque nasceu na segunda década do século XX. Na época existiam instituições com o porte e até maior do que o Bola Preta. Só que todas pereceram ao longo do tempo por problemas econômicos e o Bola continuou firme e forte apegado às suas origens da tradição do carnaval”, contou.
Segundo o presidente, o objetivo maior é preservar a música tradicional do carnaval, o que faz com sua famosa banda, que entre os instrumentos têm a marca de metais. “Foi isso que fez o Bola Preta atravessar os seus 104 anos. O Bola Preta foi fundado em 31 de dezembro de 1918 e já em fevereiro de 19 fez o primeiro desfile que sempre esteve um ano à frente do seu aniversário. Quando fez 100 anos já era o 101º desfile. Só que com a paralisação dos desfiles com a pandemia, apesar de gente ter feito em dezembro 104 anos este desfile é o de número 103”, pontuou.
Entre essas músicas uma reforça a marca do bloco e os foliões não cansam de cantar. É a marcha Quem não chora, não mama, de autoria de Vicente Paiva e Nélson Barbosa. “Quem não chora não mama! Segura, meu bem, a chupeta. Lugar quente é na cama. Ou então no Bola Preta”, dizem os versos mais repetidos no desfile.
Musas e padrinhos
E em 2023, o público terá uma Bola com força total. Durante o desfile, todas as figuras representativas do bloco estarão presentes. Do alto do carro a rainha, a atriz Paola Oliveira cumprimenta os foliões. O bloco tem ainda o padrinho, cantor e compositor Neguinho da Beija-Flor; a madrinha, a cantora Maria Rita; a porta-estandarte oficial do bloco, a atriz Leandra Leal. Entre as musas, a da banda, a atriz e cantora Emanuelle Araújo; a do centenário, a atriz Miriam Duarte, e a musa das musas a porta-bandeira da Beija-Flor, Selminha Sorriso.
“Para mim é uma honra ser musa das musas do Cordão da Bola Preta. Quando eu podia imaginar, a moça da comunidade de vida muito simples ser musa das musas do bloco mais importante do Brasil, um bloco tradicional familiar com a gestão do nosso querido Pedro Ernesto que tem a postura de gerir o bloco sempre como se fosse uma família, mantendo o bloco sempre em altíssimo nível, respeitado, organizado. Eu sou uma privilegiada e me sinto honrada em receber a cada ano a faixa de musa das musas do Cordão da Bola Preta. De poder fazer parte dessa família. Você chega ali e encontra, bisavós, filhos e netos, fãs do Bola que são muitos, então , eu sempre me sinto em casa. É gratidão fazer parte dessa história”, contou Selminha.
Pedro tem uma resposta rápida do que o público vai encontrar neste sábado no bloco. “Alegria, paz, amor e muita música boa, tradicional do carnaval”. Enquanto o bloco ainda estiver terminando o desfile na Avenida Antônio Carlos, mais uma tradição será mantida este ano. Os fãs da Bola já poderão aproveitar, na sede do bloco, na Lapa, também centro do Rio, a famosa macarronada do sábado de desfile.