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A Suzano Papel e Celulose inaugurou oficialmente na quinta-feira, 20, sua fábrica de celulose construída no município de Imperatriz, no interior do Maranhão. O projeto, avaliado em aproximadamente R$ 6 bilhões e em operação desde o dia 30 de dezembro, é considerado o pilar de um novo momento da companhia.

Com a nova fábrica, a empresa controlada pela família Feffer se tornará a terceira maior fabricante de celulose do mundo. Hoje ela ocupa a oitava posição do ranking liderado pela também brasileira Fibria. Como também produz papéis, ao contrário da concorrente nacional, a Suzano pode fechar o ano como a maior indústria brasileira do setor, com receita estimada em aproximadamente R$ 8 bilhões em 2014, desbancando a Fibria.

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A nova fábrica da Suzano produzirá 1,5 milhão de toneladas anuais de celulose de eucalipto, o que eleva a capacidade de produção de celulose de mercado, vendida a terceiros, para 3,4 milhões de toneladas.

Embora a nova fábrica traga números expressivos de capacidade adicional e potencial de faturamento - a receita anual da unidade Imperatriz pode superar R$ 2 bilhões -, o presidente da empresa, Walter Schalka, deixa claro que a prioridade da Suzano não é se tornar maior, mas sim mais rentável. “Quando vemos que o produtor de menor custo (Brasil) tem pouca rentabilidade, alguma coisa está errada com o preço”, afirmou Schalka, após comparar a evolução da celulose na última década com outras commodities, caso da soja, cobre ou minério de ferro. “Estamos exportando capital”, complementou.

A rentabilidade do setor tem sido afetada justamente pela construção de novas fábricas na América do Sul, sobretudo no Brasil. Ainda neste ano entra em operação uma unidade em construção no Uruguai por uma joint venture formada pela chilena Arauco e pela sueco-finlandesa Stora Enso. Em um prazo de até dois anos, outras duas empresas inauguram fábricas, desta vez no Brasil: a CMPC Celulose Riograndense, em 2015, e a Klabin, no início de 2016.

Juntas, as quatro fábricas produzirão quase 5,5 milhões de toneladas anuais de celulose de fibra curta, o equivalente a 18% da atual demanda mundial pelo insumo, um mercado de aproximadamente 30 milhões de toneladas anuais.

O excesso de capacidade reflete-se na cotação da celulose neste início de 2014. Se a princípio as grandes fabricantes almejavam reajustar em US$ 20 por tonelada o preço de referência no mercado internacional a partir de janeiro, na prática essas empresas têm se deparado com uma queda de quase US$ 10 por tonelada na China (1,7% do valor) e de US$ 5 por tonelada na Europa (0,6%).

“Vemos o mercado já antecipando a entrada das novas produções”, analisa o vice-presidente da consultoria Pöyry, Carlos Farinha e Silva. “Mas não é fácil estabelecer qual será o impacto nos preços.”

Consolidação

Uma tese defendida por Schalka, e que ecoa na concorrente Fibria, é a necessidade de consolidação da indústria. Líder mundial, a Fibria responde por menos de 10% da produção global de celulose de mercado.

O presidente da Fibria, Marcelo Castelli, já afirmou que a companhia está atenta a oportunidades de fusões e aquisições no setor. “Não vamos deixar de preferir a consolidação, que em nossa visão agrega mais valor a nossa companhia”, disse Castelli em meados do ano passado.

A Suzano, por outro lado, ainda não está preparada para tal movimento. Com uma relação entre dívida líquida e Ebitda de mais de 5 vezes, contraída principalmente devido ao investimento na construção da fábrica maranhense, a companhia precisa reduzir a alavancagem para só então participar de grandes operações. “A Suzano hoje não possui robustez para fazer um processo relevante (de compra ou fusão)”, disse Schalka. “Mas a posição da Suzano é de uma empresa que pretende continuar a crescer no setor e queremos estar prontos para esse movimento.”

A maturação da nova fábrica deve ajudar a empresa a alcançar a “robustez” desejada. Analistas do BTG Pactual e do Goldman Sachs projetam que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Suzano alcançará aproximadamente R$ 2,7 bilhões em 2014, um salto de quase 50% em relação à marca de R$ 1,8 bilhão de 2013. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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