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A chuva das últimas 24 horas deixou o Sistema Cantareira estável pela segunda vez em 14 dias no mês de novembro, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Nesta sexta-feira (14), o nível do reservatório ficou em 10,8% com 24,4 milímetros de chuvas acumuladas sobre as represas que formam o reservatório.

No mês todo choveu 90 milímetros sobre o reservatório enquanto no mês anterior foram 42,5 milímetros em 31 dias. A nova estabilidade foi causada pelas precipitações no sul de Minas Gerais e em regiões no entorno da Bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) na região de Campinas.

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Volume morto

Apesar da Agência Nacional de Águas (ANA) ter liberado a Sabesp para puxar os 105 bilhões de litros de água do segundo volume morto, o relatório desta sexta-feira do órgão federal mostra que a primeira conta da reserva técnica de 183,5 bilhões de litros mais do que zerou: está negativa.

Pelo relatório, a Sabesp está devendo água da primeira cota do volume morto. A ANA afirma que a companhia invadiu a segunda parcela já em outubro na Represa Atibainha. A companhia nega e afirma que considera o Sistema Cantareira como um todo e não individualmente por reservatório.

As obras anunciadas pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para superar a crise hídrica não resolvem o problema de falta de água enfrentado pelos paulistas. No total, essas ações estão orçadas em R$ 3,5 bilhões.

A avaliação é do diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu. "As obras não resolvem a situação. Essas obras entrarão em funcionamento, no melhor das hipóteses, em um ano ou dois", disse.

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Andreu participou de audiência da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC) da Câmara dos Deputados, onde criticou a atuação do governo paulista e da empresa paulista de abastecimento Sabesp. "Há um conjunto de obras que, se tivesse sido feito no prazo, teria reduzido o impacto (da seca)", afirmou.

Vicente Andreu afirmou que a Sabesp está descumprindo a cota estabelecida para reservatório Atibainha, um dos cinco que compõem o Sistema Cantareira. A empresa tem apresentado, de acordo com ele, a soma dos cinco reservatórios para dizer que não acessou ainda a segunda cota do volume morto, não apresentando os números individuais de cada reserva.

"Para eles interessa somar tudo e dizer que não passou. É uma questão de como se trabalha a informação", disse. "A discussão é se passou para o volume morto dois ou não? Depende do gosto da interpretação. Se o gosto for dizer que não passou porque tem um pouquinho a mais (de água em um dos reservatórios). Mas se você olhar para o reservatório, passou", observou.

Andreu revelou que a Sabesp se recusou a prestar esclarecimentos sobre a retirada de água do Sistema Cantareira. "Não só passou (para o segundo volume morto) como, pela operação do reservatório, já se identificava que passaria. Nós mandamos correspondência dizendo 'preparem-se, vocês têm de se preparar, vão baixar a até que ponto?', mas isso nunca foi respondido", disse.

O diretor-presidente da agência afirmou que não cabe à ANA autorizar ou não o acesso à segunda cota do volume morto, tendo em vista que dos cinco reservatórios do Cantareira, apenas dois são federais. Segundo ele, a legislação não dá poderes para que haja uma punição por parte da ANA pelo descumprimento da vazão acima do permitido pela Sabesp.

"Se eu falar que vou aplicar uma multa, eles dizem que não, porque o reservatório é estadual. Tem um vazio constitucional em relação a isso. Quem arbitra em uma situação de conflito? Quando tem dois Estados, em princípio quem arbitra é a ANA, porque o rio é federal. Mas ali o conflito é entre a União e o Estado. Isso explicita mais o fato da legislação ser incompleta", considerou.

O estudante Alexandre Oliveira, de 23 anos, frequenta desde a infância a ducha de água natural da Floresta da Tijuca, perto do Corcovado, na zona sul do Rio. Com a falta de chuvas, ele não reconhece o lugar. "Esse 'chuveiro' tinha quatro vezes mais água. Era tão forte que massageava o corpo. Nunca vi isso assim", contou o rapaz, nesta quarta-feira (12) sob o filete d’água que caía sobre a calçada - em condições normais, a pressão é tamanha que molha até o meio da pista de carros.

Não chove forte no Rio desde o começo de outubro. A seca é uma preocupação não só no Parque Nacional da Tijuca, mas também nos parques estaduais do Grajaú, Pedra Branca e Mendanha. A falta de chuva favorece os incêndios e a perda de biodiversidade e qualidade do solo, além de dificultar a captação de água por agricultores e famílias. Gestores estão sob tensão.

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No Parque Nacional da Tijuca, o mais visitado do Brasil, as cachoeiras, grandes atrações turísticas, estão quase secas. A famosa Cascatinha, logo na entrada da sede, no Alto da Boa Vista, está irreconhecível. "A chuva tem sido tão fraca que não é suficiente para recuperar o ambiente", disse o coordenador de proteção do parque, Leonard Schumm.

Na Pedra Branca, a situação é "muito triste e delicada", alerta Guido Gelli, diretor de áreas de biodiversidade e áreas protegidas do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). "A seca afeta a irrigação do subsolo, a fauna e a flora dependentes dos rios, que se tornaram filetes. O parque está seco. Qualquer fagulha acaba em combustão. Imagine balões ou fogos de artifício. A vegetação mais arbustiva é a que mais sofre", afirma.

No Grajaú, a secura se evidencia na cor da vegetação, que perdeu o verde viçoso. No Mendanha, área de lazer de moradores da Baixada Fluminense e da zona oeste, cursos secundários dos rios estão completamente secos, contou o chefe do parque, Carlos Dário Moreira. "Os agricultores relatam dificuldades. Há 30 dias, vimos vários focos de incêndio no lado mais perto da Baixada. São criminosos, gente que quer área para pasto."

Bloqueios

Meteorologista da Climatempo, Daniele Lima lembra que a seca no Rio, e no Sudeste de uma forma geral, se deve à sucessão atípica de períodos sem precipitações, provocados, em parte, por dois bloqueios atmosféricos nos Oceanos Atlântico e Pacífico. "O verão foi muito quente e seco, quando deveria ter sido chuvoso." Para os próximos dias, ela prevê chuva "de moderada a forte", mas não se sabe se será suficiente para reverter a situação nos parques e rios.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O nível dos reservatórios dos sistemas Cantareira e Alto Tietê tiveram uma queda brusca entre segunda-feira (10) e esta terça-feira (11). Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) cada um perdeu 0,2 ponto porcentual. Juntos, os dois reservatórios abastecem cerca de 11 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo.

De acordo com a companhia, o nível do Cantareira passou de 11,3% para 11,1%. Já o Alto Tietê caiu de 8,2% para 8%. Pouco antes do mês de novembro chegar na metade, o nível de chuvas nos dois reservatórios permaneceu estável. O Cantareira registrou até agora 61,6 milímetros e o Alto Tietê 58,8 milímetros de precipitação.

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Os valores são superiores aos que foram registrados em outubro: 42,5 milímetros e 20,1 milímetros, respectivamente. O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) prevê chuva sobre os dois reservatórios a partir da próxima quinta-feira (13).

Justiça

No último dia 4 o Ministério Público Estadual (MPE) recorreu de uma decisão da Justiça que obrigava a Sabesp a reduzir imediatamente a captação de água do Sistema Alto Tietê que, diferentemente do Cantareira, não tem volume morto para captação com bombas.

Na ação inicial indeferida pela Justiça, os promotores pediam, em caráter liminar, a suspensão da portaria do Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE) que autorizou a Sabesp a aumentar a produção de água do Alto Tietê de 10 mil para 15 mil litros por segundo em fevereiro deste ano, em plena crise hídrica.

A Fundação SOS Mata Atlântica lançou nesta segunda-feira (10) um edital para projetos de restauração florestal da Mata Atlântica na área do Sistema Cantareira. A ideia é investir R$ 2 milhões em propostas que colaborem para conservar e proteger os recursos hídricos em até 12 municípios da região. O edital prevê a doação de até 1 milhão de mudas nativas do bioma e tem prazo de inscrição até 15 de janeiro.

"O objetivo é propor um modelo para outros projetos de restauração que possam ajudar a recuperar o Sistema Cantareira, pressionado pela crise hídrica", disse o coordenador de restauração florestal da organização, Rafael Fernandes. Segundo ele, poderão inscrever-se pessoas físicas ou jurídicas, proprietários de terras e organizações ambientalistas.

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"Calculamos que as mudas poderão ser suficientes para cobrir até 400 hectares de matas, dependendo da metodologia que for usada para cada projeto", disse. Segundo ele, o foco é o plantio em Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal - partes de propriedades rurais cobertas por vegetação natural que podem ser exploradas com o manejo florestal sustentável, de acordo com a legislação.

Segundo Fernandes, serão aceitos projetos para áreas entre 15 e 30 hectares. "Vamos analisar os projetos e avaliar os locais quanto à relevância de recursos hídricos, fauna e flora, além da proximidade dos reservatórios", disse. De acordo com ele, as áreas contempladas serão monitoradas anualmente, por três anos, para avaliação de indicadores ecológicos.

Financiamento

O edital faz parte do programa Clickarvore, que promove restauração florestal desde 2010, com financiamento do Bradesco Cartões e Bradesco Seguros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta segunda-feira (10) que levou à presidente Dilma Rousseff (PT) um conjunto de obras para enfrentar a crise hídrica que atinge o Estado, em investimentos que totalizam R$ 3,5 bilhões. Na avaliação do governador, que voltou a afirmar que o Estado não passa por racionamento e que não há risco de abastecimento para a população, São Paulo tem enfrentado a maior seca dos últimos 84 anos com "planejamento" e "uso racional da água".

Alckmin disse esperar que o governo federal contribua com o "máximo que puder" no total de investimentos estimado. "São Paulo não tem racionamento de água, o abastecimento está garantido, estará garantido em novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, primeiro semestre, segundo semestre", disse o governador.

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Segundo Alckmin, foram oito obras apresentadas: a interligação dos reservatórios Atibainha e Jaguari; dois novos reservatórios em Campinas e adução dessas estruturas; Estações de Produção de Água de Reúso (EPAR) para reforço dos sistemas Guarapiranga e Baixo Cotia; interligação do rio Jaguari com o Atibaia; interligação do rio Pequeno com a represa Billings; e perfuração de poços artesianos na região do Aquífero Guarani.

Há obras que já podem ficar prontas no ano que vem, como as EPARs, disse Alckmin, e há outras que levam até três anos para ficarem prontas. Ele classificou essas obras como "estruturantes" e citou projetos para minimizar os efeitos da crise hídrica no curto prazo: "vamos entregar neste mês de novembro mais um metro cúbico por segundo no Guarapiranga. São 300 mil pessoas que saem do Cantareira e passam para o Guarapiranga", alegou.

Durante a reunião de uma hora no Palácio do Planalto, foi acertada a criação de um grupo de trabalho para tratar da questão, sendo que a primeira reunião foi marcada para a próxima semana, no dia 17, no Ministério do Planejamento.

Transporte

Alckmin também revelou que apresentou a Dilma o projeto do trem intercidades, que ligará Americana, no interior, a Santos, no litoral paulista. "Necessitamos do governo federal a área de passagem para o trem", disse o tucano, para quem não existe conflito entre a proposta estadual e o Trem de Alta Velocidade (TAV).

Ele também negou que, com a reunião de hoje, haja uma "mudança de posição" na relação do Estado com o governo federal, uma vez que PSDB e PT se enfrentaram nas eleições deste ano e os problemas de abastecimento em São Paulo foram usados pelos petistas para atacar a gestão dos tucanos.

No pacote de medidas anunciadas nesta quarta-feira (5) para enfrentar a crise hídrica, o governo do Estado de São Paulo afirmou que vai dobrar de 2 mil para 4 mil litros por segundo o volume de água transferida da Represa Billings para o Sistema Guarapiranga. Para isso, porém, teve de reduzir o volume de água enviado da Billings para a Usina Hidrelétrica de Henry Borden, em Cubatão, na Baixada Santista.

"Estabelecemos que serão, no máximo, 6 metros cúbicos por segundo (6 mil litros enviados para a usina). Com isso, conseguimos bombear mais água para a Guarapiranga", disse o governador Geraldo Alckmin, que informou que, em momentos de pico, a Billings já chegou a fornecer 150 metros cúbicos por segundo para a usina.

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Também foi anunciada a construção de 29 reservatórios de água tratada para a Grande São Paulo. Três deles já estão prontos, outros cinco serão entregues até o fim do ano e o restante, até março de 2015.

De acordo com o governador, embora os reservatórios não aumentem a água disponível para abastecimento, por armazenarem só água tratada, eles garantem a regularidade da entrega da água em momentos de grande demanda na região e diminuem as perdas em até 240 litros por segundo.

O nível de água do Sistema Cantareira diminui neste sábado (1/11), apesar da chuva que caiu sobre a região sexta-feira à noite. De acordo com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o índice do reservatório chegava a 12,2% da capacidade total no sábado (1°), ante 12,4% na sexta-feira (31) de manhã. Esses dados já levam em conta o acréscimo do chamado volume morto.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informou que a cidade de São Paulo teve o mês de outubro menos chuvoso desde 1985. Os dados dizem respeito à estação meteorológica do Mirante de Santana, na zona norte, onde o acumulado de chuva chegou a 25,2 milímetros, "bem abaixo da média história que é e 128,2 mm".

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Nos últimos 71 anos, ainda conforme o Inmet, a capital paulista só teve um mês de outubro menos chuvoso do que o último. Ele foi registrado no ano de 1985, quando houve um acumulado de apenas 15,2 mm.

No fim de semana, há previsão de pancadas de chuva à tarde e à noite, tanto no sábado quanto no domingo, na capital paulista. Segundo a Climatempo, a temperatura máxima deve alcançar 28 graus Celsius no sábado e 30 no domingo.

Várias cidades paulistas proibiram lavar túmulos, hábito comum às vésperas do Dia de Finados, para evitar desperdício de água. A prática pode render multa de até R$ 1.600, por exemplo, em Iracemápolis (SP). Na cidade, as denúncias serão checadas pelo Pelotão Ambiental, que também faz orientações sobre o uso racional da água. A medida está em vigor na cidade há dois meses.

Já em Limeira, a medida começou a valer há menos de dez dias e quem for flagrado lavando túmulos terá de desembolsar R$ 200. Uma placa informando sobre a proibição já foi colocada no Cemitério da Saudade, que deverá receber 15 mil pessoas amanhã.

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Em Divinolândia, a medida entrou em vigor também agora, na semana de Finados. De acordo com a prefeitura, "a medida foi adotada porque lavar túmulos é uma forma de desperdiçar água." Em Potirendaba, a prefeitura não proibiu lavar as sepulturas, mas vetou o uso de mangueira de água. Agora, é liberado usar somente balde na limpeza dos 7 mil túmulos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, começou nesta segunda-feira a última semana de campanha fazendo uma visita ao Santuário Nossa Senhora da Piedade, na Serra da Piedade, em Caetés, interior de Minas Gerais, local onde ele começou e terminou todas as suas campanhas anteriores.

Em entrevista, o tucano reagiu à tentativa do PT de colar a crise hídrica em São Paulo ao aliado Geraldo Alckmin para desgastá-lo. O presidenciável defendeu o governador e, repetindo seu argumento, culpou a "maior estiagem dos últimos 80 anos" pela falta d'água. Por outro lado, acusou o governo federal de não fazer parcerias com o governo paulista para resolver a questão. "Vi a água sendo discutida em São Paulo (na campanha) e vimos o resultado. O Estado fez algo adequado, que foi bônus para quem economizar. Talvez tenha faltado uma parceria maior com o governo federal."

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O candidato do PSDB também insinuou haver aparelhamento político na Agência Nacional de Águas (ANA), órgão do governo federal. "Quem sabe se a ANA tivesse servido para outros fins... Nós lembramos quais eram os critérios para ocupar seus cargos", disse Aécio. Sobre o debate de ontem na Rede Record, que teve menos ataques entre os rivais que os anteriores do SBT e Bandeirantes, o tucano disse que sua adversária "não é um inimigo a ser atacado a qualquer custo". E concluiu afirmando que prefere "esse tipo de debate".

Aécio chegou ao Santuário acompanhado do ex-governador Antonio Anastasia (PSDB), eleito senador, e do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), que fez sua primeira aparição na campanha do tucano. Aécio participou de uma missa na cripta São José, celebrada por dois padres. Um deles, o pró-reitor do santuário, Carlos Antônio, afirmou não ver na visita um ato de campanha, e sim um retorno "às origens". "Assim, como fez o saudoso Tancredo Neves, que sempre veio." Em seguida, o reitor do santuário, padre Fernando César, chamou o candidato para fazer a pausa do silêncio, momento em que o tucano ficou sozinho, ajoelhado, à frente do altar.

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