Com 76,3% dos votos válidos apurados até as 22 horas de Brasília (21h em Buenos Aires), "podemos dizer que Cristina Kirchner é consagrada presidente da República Argentina com 53,4%", anunciou o ministro do Interior, Florencio Randazzo. Com a histórica Praça de Maio em festa, os primeiros resultados oficiais das eleições presidenciais na Argentina confirmaram a esmagadora vitória da presidente Cristina Fernández de Kirchner para um novo mandato de quatro anos. No país de 40 milhões de habitantes, 28,8 milhões estavam habilitados para votar.
Conforme os dados oficiais parciais e provisórios, Cristina ficou bem acima do 50,2% verificados nas eleições primárias realizadas em 14 de agosto. "Está claro que a presidente tem um amplo domínio do cenário político nacional, mas é preciso observar que há um setor do país que não está acompanhando o governo", disse o analista da consultoria Poliarquia, Fabian Perechodnik. Segundo ele, ainda não está claro quais setores da sociedade que resistem à Cristina. O fato é que esta parcela dos argentinos pulverizou seus votos entre os sete candidatos opositores que não conseguiram articular uma força alternativa à proposta oficial.
##RECOMENDA##O governador socialista de Santa Fé, Hermes Binner, foi o único que conseguiu melhor performance, ficando com o segundo lugar ao somar 17,2%. O desempenho, no entanto, não o coloca como o novo líder agregador da oposição. "O cenário político da Argentina tem uma dinâmica que se modifica de uma eleição a outra. E o segundo lugar não tem plasmado um líder definido", explicou o analista. Um exemplo disso é o caso da deputada Elisa Carrió, dirigente da Coalizão Cívica. Em 2003, ela conquistou o quarto lugar com 14% dos votos, subindo para o segundo, com 23%, em 2007, quando perdeu para Cristina Kirchner, mas conseguiu o posto de líder opositora.
A situação mudou completamente nos últimos quatro anos e Carrió ficou em último lugar com apenas 1,6%. "Alguns dirigentes políticos sofreram uma derrota muito grande nesse pleito e, creio que o ciclo político para eles se fechou. É o caso de Carrió e Duhalde", disse Perechodnik, referindo-se ao ex-presidente Eduardo Duhalde (Frente Popular), que obteve somente 5,6% dos votos. Conforme os dados provisórios, Ricardo Alfonsín (Udeso) obteve 13,2%; Alberto Rodríguez Saá (Compromisso Federal) 7,33%; e Altamira (Frente de Esquerda) 2,12%.