Tópicos | Didi Louzada

Uma das promessas do basquete nacional, Didi Louzada participou de uma videoconferência com jornalistas. O ala contou como foram seus anos na Austrália, o processo de adaptação à NBA e a seleção brasileira, entre outras coisas. Draftado na 35.ª posição em 2019, chegou somente agora na maior liga do mundo. Tinha seus direitos ligados ao New Orleans Pelicans, mas só foi requisitado nesta temporada e se apresentou para os três últimos jogos da temporada. Sua estreia aconteceu na último dia 12, contra o Dallas Mavericks, e ele contou como que foi essa experiência.

"Eu estava um pouco nervoso, assim como todo jogador que vai fazer sua estreia na NBA. Estava com um frio na barriga antes de entrar na quadra. Quando ele (técnico Stan Van Gundy) me chamou, disse 'vai lá e pega o Luka Doncic'. Fiquei muito honrado por marcar um dos melhores jogadores da liga, isso não tem preço", declarou Didi.

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Sobre os seus anos na Austrália, o novo camisa 0 dos Pelicans contou sobre o seu processo de evolução e coisas que aprendeu jogando no país da Oceania. Falou que os dois anos no Sydney Kings também foram importantes para ele crescer como atleta.

"Os dois anos que eu estive na Austrália foram os dois anos mais importantes na minha carreira como jogador e na minha vida. Aprendi bastante por lá. Desenvolvi mais o meu jogo defensivo por lá e o meu 'ball-handling' (controle de bola). Preciso continuar melhorando muito, mas nesses dois aspectos a passagem por lá me ajudou muito", destacou o brasileiro.

Outro assunto falado por Didi foram as diferenças entre as ligas. Começando pela brasileira, passando pela Austrália até chegar na NBA. Para ele, a velocidade do jogo é o que mais muda entre esses torneios.

"Sempre tem diferença entre as ligas. No Brasil, o jogo era mais fechado, mais tático. Na Austrália eu senti um pouco quando cheguei porque o jogo já era mais rápido, além de ainda ser muito tático. Mas o que eu mais senti quando cheguei na NBA foi a velocidade do jogo, que é maior do que no Brasil, na Austrália ou do que qualquer outro lugar, além de ser muito mais espaçoso. Então você sempre tem que estar atenTo, na defesa e no ataque para ver o que vai fazer. Em questão de segundos as coisas se resolvem", comentou.

Por fim, Didi falou sobre a seleção brasileira e a Olimpíada de Tóquio-2020. O Brasil ainda irá disputar o Pré-Olímpico em Split, na Croácia. Dentro da pré-lista de 25 jogadores do técnico croata Aleksandar Petrovic, ele falou sobre sua relação com a equipe nacional e o que espera para esse desafio, embora não saiba se será liberado para o torneio.

"Comecei com a seleção em 2015, em um Sul-Americano na Venezuela, e desde então vim numa crescente muito alta. Depois, na sub-21, tivemos um encontro com o Petrovic e ele falou que estava observando alguns jogadores jovens. Agora, estou feliz por estar pré-convocado, mas não sei. Preciso conversar com os Pelicans, ainda não tive tempo de respirar, mas espero resolver tudo nas próximas semanas", finalizou.

Didi Louzada queria apenas comer uma boa refeição com os amigos. O racismo e o preconceito não permitiram. O jogador da seleção brasileira de basquete e do Sydney Kings relatou em sua rede social o episódio ocorrido há 10 dias em um restaurante na Austrália. Os detalhes prefere não relembrar. Em entrevista exclusiva ao Estadão, o atleta de apenas 21 anos usou a sua voz para se unir ao movimento para combater o mal que sofreu e que é algo, infelizmente, ainda corriqueiro no mundo.

"O racismo existe pela ignorância. Com informação e atitudes, vamos conseguir mudanças", afirmou o jogador, que está tomando providências sobre o episódio, mas que não quer expor os detalhes pela imprensa. Escolhido no Draft da NBA de 2019, sendo trocado pelo Atlanta Hawks para o New Orleans Pelicans, o brasileiro comenta sobre como imagina que será a sua segunda temporada no basquete australiano (ainda sem previsão para começar), da seleção brasileira que ainda luta para ir aos Jogos Olímpicos de Tóquio e da expectativa de ser chamado para atuar na maior liga de basquete do mundo.

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O que fazer para combater o racismo, algo que está enraizado na sociedade?

O racismo é algo que precisa ser combatido, eliminado da sociedade. Mas não é fácil. Infelizmente, é um comportamento que está enraizado na sociedade, como você falou, e precisamos conscientizar as pessoas do mal que isso provoca, da dor e da tristeza que causa em milhões e milhões pelo mundo. Não é apenas um ato. E não é "só" um ato. Racismo, preconceito ou discriminação, seja lá contra quem for, pela cor, pelo credo, pela opção sexual, isso é inadmissível nos dias de hoje. E acontece todos os dias. Todos temos que levantar a voz, especialmente para os mais jovens, mostrar que precisamos acabar com as diferenças, porque não somos diferentes. Precisamos agir.

Neste sentido, como viu o comportamento dos jogadores da NBA, que atuaram fortemente contra o racismo na última temporada (principalmente na bolha), inclusive boicotando um jogo?

Foi importante. Foi necessário. A liga se posicionou, as equipes se posicionaram e isso aconteceu por uma motivação dos atletas. É mais do que um comportamento, é um exemplo de entendimento, de respeito. Tivemos muitas vozes ativas e me orgulho de estar num esporte que dá exemplo, vendo como os atletas, que são cidadãos antes de serem esportistas, se posicionaram, como conseguiram construir um movimento que ganhou o mundo e fez diferença. O "Black Lives Matter" foi um marco, foi histórico. O racismo existe pela ignorância. Com informação e atitudes, vamos conseguir mudanças. Não há mais espaço para esse tipo de comportamento.

Falando agora de basquete, como está sua expectativa para o início da temporada na Austrália?

Não vejo a hora de entrar em quadra e jogar. Estou com saudade da bola. Esse foi um ano difícil para todo mundo, mas é bom ver que, aos poucos, mesmo com todas as limitações, com os cuidados que precisamos ter nessa rotina que mudou bastante, as coisas estão voltando. Estou muito motivado para essa temporada, um ano de compromissos importantes não apenas aqui na Austrália, mas com a seleção brasileira também.

Acredita que já é o momento de voltar? Como lidou com o momento mais crítico da pandemia?

Acredito que a competição só comece com um planejamento bem feito, com protocolos que não ponham riscos equipes e todos os profissionais envolvidos. Temos muitos exemplos de esportes, em vários países, que estão retornando, recomeçando, a própria "bolha" da NBA, que servem de exemplo e passam segurança. Eu saí daqui de Sydney poucos dias antes das coisas fecharem, do "lockdown", para voltar ao Brasil. Assim que cheguei no Espírito Santo, fiquei em quarentena em casa, tomando todos os cuidados. Consegui adaptar uma programação para treinar sozinho por alguns meses e me manter ativo, isso foi importante demais para que eu amenizasse as perdas por não ter um treinamento adequado em razão da pandemia.

O que aprendeu em sua primeira temporada por aí?

Aprendi muito dentro e fora de quadra. Aprendi bastante com a experiência de ser um estrangeiro, na questão da cultura, da língua, do dia a dia, e aprendi muito dentro de quadra, com relação ao jogo, ao entendimento, estou trabalhando forte para melhorar em vários aspectos e me tornar um jogador cada vez mais completo. Todos me receberam muito bem, jogadores, equipe, torcida, estou muito feliz.

Como encarou a decisão do New Orleans Pelicans de deixá-lo mais uma temporada na Austrália?

Tenho conversado sempre com o pessoal dos Pelicans, eles estão acompanhando os meus passos aqui na Austrália. Quero aproveitar ao máximo essa temporada pelos Kings, continuar o que construímos no ano passado para chegar em condições de disputar o título da temporada.

Está ansioso para jogar na NBA? Há um plano de quando isso vai acontecer?

O meu foco está apenas no Sydney Kings nesse momento. Tenho o objetivo de chegar à NBA, claro, mas estou concentrado aqui na Austrália, motivado para fazer uma grande temporada. A NBL é uma liga forte, muitos jogadores estrangeiros, um nível altíssimo de competitividade e estou evoluindo o meu jogo. Tenho muito a crescer ainda e vou trabalhar ainda mais forte esse ano.

Tem conversado com o técnico Aleksandar Petrovic? Qual sua expectativa para o Pré-Olímpico?

Estou bem confiante. Temos um time forte, de muita qualidade e muito unido, jogadores mais experientes, com muita bagagem, outros mais jovens, mas já com rodagem, uma mescla que é importante para o grupo. O Pré-Olímpico vai ser duríssimo, é um torneio curto, adversários fortes e não podemos errar. Tenho certeza de que vamos fazer uma excelente preparação, temos condições de conquistar a vaga para levar o Brasil aos Jogos de Tóquio.

Como vê o fato de ser apontado até pelo Petrovic como o futuro da seleção brasileira?

Fico feliz, agradeço muito pelo carinho e pela confiança que o Petrovic deposita em mim. Tenho muito orgulho em representar o Brasil, era um sonho que eu tinha quando mais novo e uma honra poder fazer parte da seleção brasileira. Tenho apoio de todos, aprendo muito a cada convocação, em especial com os mais experientes, e o Petrovic tem uma atenção especial com os mais jovens, dando apoio e passando confiança.

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