Em janeiro de 2022, a professora universitária Michelle Murta defendeu a tese de doutorado usando a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Na ocasião, a docente contou com três intérpretes que traduziram as falas para a plateia virtual, que não dominam a linguagem, e pessoas com deficiência auditiva.
Após a defesa, em que foi aprovada, Michelle se tornou a primeira pessoa surda com o título de doutora na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). À Folha de São Paulo, a professora falou sobre a conquista. "Parece que estou num filme quando lembro a trajetória de vida que tive, escolar e pessoal. Penso como consegui chegar até aqui [...]o significado, para a minha vida, é gratidão", disse.
##RECOMENDA##Ao veículo, ele relembrou a trajetória escolar marcada por instituições em intérpretes ou acompanhamento especializado e, por isso, as reprovações no ensino fundamental. "Esses dias, eu conversei com uma professora que me deu aula e ela falou que nunca percebeu que eu era surda. Só fui ter atendimento em Libras na faculdade", relatou.
A finalização dos estudos só foi possível através da Educação de Jovens e Adultos (EJA), aos 23 anos. Após isso, Michelle foi aprovada no vestibular de Letras/Libras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e, em 2016, tornou-se professora da UFMG, a primeira da instituição.
"Tomei posse como professora efetiva na UFMG. Sabe aquele sonho de criança? O meu foi realizado. Eu sempre desejei estudar ali e, quem sabe, trabalhar. E veja que realizei os dois. Ai que maravilha tudo isso", contou à Folha de São Paulo.