Tópicos | Eliminatórias para a Copa do Mundo

Fernando Diniz continua seu período interino à frente da seleção brasileira com a ideia de transformá-la em um conjunto capaz de dar espetáculo e ganhar. O Brasil fez isso na estreia das Eliminatórias Sul-Americanas diante da Bolívia, com os 5 a 1 em Belém, e agora o técnico encara seu primeiro desafio fora de casa: o duelo com o Peru, em Lima, nesta terça-feira, às 23h (de Brasília).

Diniz não esconde que a sua referência é a seleção da Copa de 1982, que não ganhou aquele Mundial, mas encantou com o futebol-arte do melhor meio-campo do mundo, formado por Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico, sob o comando de Telê Santana.

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"Foi um time que encantou mesmo sem ganhar. Ela marcou, despertou o desejo de muita gente de querer ser jogador e gostar de futebol. Por isso, cumpriu muito bem o seu papel", justificou Diniz, que diz preferir a arte à ciência, embora goste do equilíbrio quando precisa escolher entre razão e emoção. "Não colocando a razão de lado, mas como acho que a vida é mais arte que ciência, no futebol também conseguimos fazer que as coisas aconteçam como a seleção de 82 fez".

O discurso de todos jogadores convocados para os dois primeiros compromissos das Eliminatórias é homogêneo: está sendo prazeroso, segundo eles, o começo do ciclo para a Copa do Mundo de 2026 sob as ordens de um treinador que prioriza o jogo bonito.

"É diferente, é novo... Está dando vontade. A gente acaba de treinar e todo mundo fica com aquele gosto que dá para treinar mais 15, 20 minutos. Todos estão gostando e a expectativa é a melhor possível e a gente esperar continuar da mesma maneira", resumiu Bruno Guimarães, um dos que já havia trabalhado com o técnico. No caso do meio-campista, titular contra a Bolívia, foi no Athletico-PR.

"Quem conhece o Diniz sabe a forma especial com que ele vê o futebol. Ele enxerga o futebol de uma maneira diferente, é um cara diferenciado", disse, exaltando o chefe.

Alijado da Copa do Catar, Matheus Cunha foi um dos que ganhou espaço com Diniz. Numa convocação de poucas caras novas, o atacante do Wolverhampton voltou a figurar entre os selecionados, ainda que seja reserva. "Por chegar onde chegamos, a gente tem dentro da gente um senso de aprendizado forte, todo mundo quer aprender. Quando vem com algo tão novo, inovador, desperta a curiosidade de querer assimilar", diz ele sobre o trabalho do treinador contratado interinamente até Carlo Ancelotti chegar.

Como Diniz, Cunha crê que a seleção atual pode emular a de 1982. "Eu não fui a fundo sobre o quanto foi bonito e marcante ter uma seleção de tantos craques (em 1982), mas eu acho que a gente pode ser tudo isso o que ele (Diniz) fala".

O jogo de mobilidade, dinâmico, sem posições guardadas, agrada de zagueiros a atacantes. Um dos líderes do elenco, Marquinhos está contente com as ideias do novo técnico na equipe, em esquema de enorme intensidade, no qual "todos os jogadores participam" e é possível ver, por exemplo, zagueiro de lateral e lateral fazendo a função de meia, flutuando entre linhas.

"É uma coisa interessante, é prazeroso, pois todos participam e sabemos o quanto é importante cada posição. Meia, volantes, terão a mesma concentração e responsabilidade de um defensor. E tudo isso será muito importante para o crescimento coletivo", acredita o defensor do PSG.

O grande craque dessa geração continua sendo Neymar, mais encantado pelas ideias de Diniz. Diante da Bolívia, o camisa 10 fez dois gols, passou Pelé na artilharia histórica da seleção (nas contas da CBF), deu assistência, dribles, quase marcou um gol de placa e mostrou estar à vontade sendo treinado por um profissional que "gosta de reinventar o futebol" e rejeita "fazer as mesmas coisas", nas palavras do craque do Al-Hilal.

"Foi um começo de um futuro brilhante que ele vai ter aqui na seleção e onde ele estiver", resumiu o técnico sobre o maior astro do grupo. Diniz vai repetir a escalação que goleou os bolivianos. Nem mesmo Richarlison, que destoou do resto do grupo, com gols perdidos, será retirado do time titular.

O Peru estreou com empate sem gols com o Paraguai fora de casa. O time do técnico Juan Reynoso, substituto de Ricardo Gareca, faz sua estreia em casa na competição. O time peruano ganhou apenas uma vez nos últimos cinco jogos.

Marquinhos foi um dos capitães da seleção brasileira sob a direção de Tite. Com Fernando Diniz, a tarja ficou com Casemiro na estreia das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 - 5 a 1 na Bolívia, sexta-feira. Um dos líderes do elenco, o defensor projetou um duro duelo de visita ao Peru nesta terça-feira, em Lima, mas celebrou as ideias do novo técnico na equipe, em esquema de enorme intensidade, no qual "todos os jogadores participam."

"O Diniz tem uma filosofia estabelecida de muita mobilidade e ao lado dele na seleção consegui enxergar bem as ideias", afirmou o jogador do Paris Saint-Germain, surpreso com o novo comandante. "Por vezes você verá zagueiro de lateral, um lateral como meia, flutuando entre linhas, um time de muita movimentação, mas nunca estaremos desprotegidos. É muita mobilidade para chamar atenção ao que quer e trazendo (o jogo) ao nosso objetivo. Ainda não me testou em outras posições, mas todos teremos de se acostumar com isso", afirmou.

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Sem querer desprezar o esquema do antecessor Tite, ao qual também elogiou, Marquinhos se mostrou bastante feliz com o início da nova trajetória da seleção brasileira rumo a mais uma Copa do Mundo.

"(O esquema de Diniz) É uma coisa interessante, prazeroso, pois todos participam e sabemos o quanto é importante cada posição. Meia, volantes, terão a mesma concentração e responsabilidade de um defensor. E tudo isso será muito importante para o crescimento coletivo."

Questionado se as mudanças impostas por Diniz podem ser a fórmula de sucesso para o Brasil findar com e jejum em Copas, Marquinhos focou no politicamente correto para evitar uma empolgação geral que pode atrapalhar neste novo ciclo.

"Não existe apenas uma fórmula para o sucesso. São muitas filosofias sendo campeãs, times que se dão bem dentro de campo, times com jogadores que nem se gostam, nem se olham, mas que lutam pelo mesmo objetivo... Aqui, tínhamos um ambiente maravilhoso, a gente focou, fizemos o melhor e por detalhes perdemos uma Copa do Mundo. Futebol é mágico, encantador, por essa surpresa e por não ter uma fórmula de sucesso", disse.

E foi além: "Muitas pessoas com dificuldade tiveram sucesso e outras com vida melhor também. Eu falo pelo que acredito, e para mim é trabalho, detalhes. Com a sorte não podemos contar. O que temos de fazer é minimizar erros com trabalho e concentração, e ter boa preparação para chegar bem e fazer o melhor. O resto é coisa divina lá de cima."

Mesmo com o Brasil se dando melhor nos últimos jogos com o Peru, Marquinhos pregou pelo respeito e cautela. "Brasil x Peru virou uma rivalidade grande nos últimos anos, jogos muitos disputados, difíceis e algumas vezes o resultado não traduziu o real jogo. O Peru vem crescendo com uma geração que sempre deu dificuldade para a gente nos jogos, com Paolo (Guerrero) fazendo parte dessa geração. O conheço desde o Corinthians e sei de sua grandeza. E agora, com a experiência, está ainda melhor. O sucesso passa pelo grande jogador que ele é."

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