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O presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Humberto Martins, suspendeu os efeitos de decisão que afastou do cargo, por 90 dias, o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, investigado por suposta contratação irregular de servidores públicos municipais. O despacho tem validade até a sentença final da ação civil pública, mas o prefeito vai continuar afastado do cargo em razão de decisão dada por juízo criminal - que não é alvo do entendimento de Martins.

Ao analisar pedido de suspensão de liminar e de sentença impetrado pela defesa de Pinheiro, o ministro entendeu que o afastamento cautelar de prefeito no âmbito de processo por improbidade é medida que deve ser aplicada em 'situações excepcionais'. Ainda segundo o magistrado, tal medida também deve ser 'fundamentada em elementos concretos que mostrem que a manutenção no cargo representa risco efetivo ao interesse público'. Para Martins, tal aspecto não restou comprovado no caso.

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"O afastamento cautelar de detentor de mandato eletivo por suspeita de prática de ato de improbidade administrativa deve ser medida excepcional, e não a regra, dependendo da demonstração robusta e inequívoca de que há cometimento de ilícitos aptos à condenação, tendo em vista, em contraponto, a necessidade de estabilidade institucional da municipalidade e do regular funcionamento de sua gestão administrativa, que também devem ser considerados com veemência", afirmou Martins em seu despacho.

Segundo o presidente do STJ, 'o exercício do cargo de prefeito não pode ser fragilizado em razão da propositura de ações judiciais, caso não haja prova robusta e que demonstre os atos ilícitos cometidos'.

Na ação civil pública contra Pinheiro, o Ministério Público de Mato Grosso acusa o mandatário de contratações ilegais na Secretaria Municipal de Saúde em 2018 e pagamento de valores vedados, a título de Prêmio Saúde. A Promotoria diz que o prefeito teria agido 'em reiterada desobediência à obrigação de regularizar a situação dos contratos temporários na Secretaria Municipal de Saúde'.

Ao STJ, a defesa pediu a suspensão da liminar que afastou Pinheiro da prefeitura - decisão de primeira instância que foi mantida pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso - sustentando que a contratação dos servidores temporários foi um problema herdado de gestões anteriores e alegando que há um esforço atual da prefeitura para adequar as novas contratações aos parâmetros estabelecidos pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas de Mato Grosso.

Os advogados do prefeito ainda argumentam que o objeto da ação civil pública teria sido superado, tendo em vista que os servidores temporários já foram exonerados.

Antes do afastamento decretado no âmbito da ação civil pública, Pinheiro foi alvo de uma ordem semelhante, mas proferida pelo desembargador Luiz Ferreira da Silva, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, no âmbito de inquérito que mira as mesmas supostas irregularidades na Secretaria Municipal de Saúde. A Promotoria aponta 'fortes indícios' de contratação irregular de servidores temporários entre março e dezembro de 2018 'possivelmente determinadas pelo prefeito e com a provável finalidade de angariar apoio político para si'.

O mandatário ainda foi alvo de mandados de busca e apreensão, assim como sua mulher, a primeira-dama de Cuiabá, Márcia Aparecida Kuhn Pinheiro, e o ex-coordenador de Gestão de Pessoas Ricardo Aparecido Ribeiro. As diligências integraram a Operação Capistrum, aberta no dia 19 de outubro. A ofensiva foi deflagrada por ordem de Silva, que também afastou outros dois servidores da prefeitura apontados como aliados de Pinheiro - a secretária adjunta de Governo e Assuntos Estratégicos Ivone de Souza e ao chefe de gabinete Antônio Monreal Neto. Esse último ainda foi alvo de mandado de prisão temporária.

O juiz Bruno D'Oliveira Marques, da Justiça de Mato Grosso, determinou na manhã desta quarta-feira, 27, um novo afastamento do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), por um período de 90 dias. A decisão foi proferida a pedido do Ministério Público do Estado, no âmbito de ação por improbidade administrativa que acusa o mandatário de contratações ilegais na Secretaria Municipal de Saúde e pagamento de valores vedados, a título de Prêmio Saúde.

"A medida de afastamento do cargo é indispensável, tanto para assegurar a utilidade do processo na apuração e responsabilização pelos graves fatos ora apresentados em Juízo, tanto para evitar a iminente prática de novos ilícitos", ponderou o magistrado no despacho. As informações foram divulgadas pela promotoria matogrossense.

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Marques considerou que os elementos apresentados pela Promotoria demonstram que o prefeito vem 'agindo com recalcitrância no cumprimento das determinações judiciais' e atuando 'com nítida intenção de dificultar a instrução processual'.

Na avaliação do magistrado, os indicativos são de que, 'se não obstado, Emanuel continuará a agir de modo a dar continuidade à prática de contratação temporária irregular e de pagamentos indevidos do denominado prêmio saúde'.

Emanuel já tinha sido afastado da prefeitura de Cuiabá no último dia 19, por ordem emanada no âmbito da Operação Capistrum. Na ocasião, outros dois servidores da prefeitura, apontados como aliados de Pinheiro, também foram afastados dos cargos - secretária adjunta de Governo e Assuntos Estratégicos Ivone de Souza e ao chefe de gabinete Antônio Monreal Neto. Esse último chegou até a ser preso.

Os promotores investigam denúncia de contratação de mais de 250 servidores temporários, em 2018, para supostamente atender interesses políticos de Pinheiro. De acordo com o ex-secretário de Saúde que chefiava a pasta à época - que fechou acordo de não persecução penal com o MP - o prefeito teria lhe dito que as contratações seriam um 'canhão político' e 'visavam retribuir ou comprar apoio político'.

Além disso, a investigação também se debruça sobre suposta irregularidade no pagamento de uma verba chamada 'Prêmio Saúde', 'sem parametrização alguma quanto ao valor, nem quanto aos cargos que fariam jus ao benefício, sendo determinados, livremente, pelo próprio Prefeito'.

O que o Ministério Público de Mato Grosso alega na ação de improbidade é que o prefeito teria agido 'em reiterada desobediência à obrigação de regularizar a situação dos contratos temporários na Secretaria Municipal de Saúde'.

Segundo a Promotoria, Emanuel já foi condenado em outra ação civil pública que trata do mesmo assunto, é alvo de ação de execução em razão do descumprimento de Termo de Ajustamento de Conduta, além de pesar contra ele o descumprimento de decisão do Tribunal de Contas.

O Ministério Público estadual sustenta ainda que, entre os documentos obtidos pela CPI da Saúde instalada para apurar o caso, há uma planilha, "onde se pode ver claramente na 7ª coluna, denominada de 'Referência', os nomes das pessoas (grande maioria políticos) que indicaram os servidores contratados".

A Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa de Cuiabá diz que, das 3.565 pessoas contratadas temporariamente, somente 421 (11,80%) são oriundos do Teste Seletivo. Os demais, 3.144 (88,20%), são oriundos de indicação política. Ainda segundo o MP, outras 574 pessoas aprovadas no Teste Seletivo, 'possivelmente nem foram chamadas porque suas vagas estão barganhadas politicamente'.

"Durante a investigação, foi apurado que o único processo seletivo realizado na Secretaria Municipal de Saúde foi deflagrado em 2019 e, muito embora tenham sido aprovados 1.033 candidatos, quando comparados os nomes dos contratados em atividade com os aprovados, é possível verificar que 'a grande maioria não consta na lista de classificados, indicando que o certame foi realizado apenas para ludibriar a Justiça'", diz a Promotoria.

COM A PALAVRA, A PREFEITURA DE CUIABÁ

A Prefeitura de Cuiabá informa:

- O prefeito em exercício, José Roberto Stopa, cumprindo aos preceitos legais inerentes ao desenvolvimento de suas atividades, absorveu a estrutura do Executivo;

- A Secretaria de Comunicação permanece comprometida com a ampla divulgação das ações desenvolvidas pelas 21 pastas do Executivo, assim como atendimento as demandas dos veículos de comunicação no que é pertinente ao desenvolvimento da gestão;

- As solicitações pertinentes ao prefeito afastado - temporariamente - Emanuel Pinheiro são conferidas à assessoria jurídica da autoridade;

COM A PALAVRA, O PREFEITO

Até a publicação desta matéria, a reportagem buscou contato com Emanuel Pinheiro, mas sem sucesso. O espaço permanece aberto a manifestações.

A Operação Malebouge, deflagrada nesta quinta-feira, 14, pela Polícia Federal realizou buscas na residência e no gabinete do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB).

A ação da PF foi ordenada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que acolheu requerimento da Procuradoria-Geral da República.

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Emanuel é um dos políticos que aparecem no vídeo gravado pelo ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB) pegando dinheiro supostamente de propina em uma sala da Casa Civil no Palácio Paiaguás, sede do Executivo estadual.

As cenas, gravadas em 2014, mostram Emanuel enchendo os bolsos do paletó de maços de dinheiro vivo. Era muito dinheiro que ele até se atrapalhou, notas caíram no chão, mas o peemedebista logo se agachou e recuperou tudo. O prefeito foi deputado estadual em Mato Grosso por quatro mandatos.

O ministro Fux chamou de "delação monstruosa" as revelações do ex-governador.

A Operação Malebouge mira também pelo menos sete deputados estaduais, cinco conselheiros do Tribunal de Contas de Mato Grosso e o ministro Blairo Maggi (Agricultura), ex-governador que antecedeu Silval Barbosa no Palácio Paiaguás.

Defesa

A Assessoria de Imprensa do prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB) informou que ele ainda não se manifestou sobre a operação da Polícia Federal.

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