"Vocês não precisam me pagar nada. Eu aceito", disse Emma Thompson após ser convidada para o papel da criadora de Mary Poppins no novo filme da Disney, Walt nos Bastidores de Mary Poppins, que estreia nesta sexta-feira, 07. "Eles me pagaram em chocolates e brinquedos", brincou a atriz britânica de 54 anos. "Foi um dos papéis mais difíceis de interpretar. Eu não conhecia a história de Mary Poppins na verdade", revelou a atriz, bem humorada, na coletiva de imprensa do filme em Londres.
O drama conta a história da batalha de Walt Disney pelos direitos do livro de Pamela-Lyndon Travers. Australiana de gênio indomável, a criadora da personagem Mary Poppins recusou-se a vender os direitos de seus livros por 20 anos. A historia é contada entre imagens da difícil infância de Travers na Austrália e as instáveis negociações com Disney, até a produção do filme, em 1964.
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Thompson revela que gostou de viver a inflexível escritora. "Eu deixei aflorar meu lado mais rude, um lado que eu escondo. É um alivio poder ser rude sem ter de se desculpar", disse ela. "Se eu dissesse por exemplo que eu não gostaria de ir na p** da coletiva de imprensa porque eu estou de saco cheio, você já pensou? Travers era assim. Ela dizia essas coisas. E foi libertador interpretá-la", revelou a atriz indicada ao Globo de Ouro por sua atuação no filme. Thompson, assim como PL Travers, também criou sua própria Mary Poppins em 2005, quando escreveu o roteiro - e estrelou - o filme Nanny McPhee - A Babá Encantada.
"Meu marido apontou essa semelhança. Certamente há algo de alter ego, de poder criar algo que você gostaria de ser. E eu certamente gostaria de poder ser assim", afirmou ela. "Mas, sobre Mary Poppins, eu acho que foi uma personagem que saiu da vulnerabilidade de PL Travers. Ela mesmo disse que não inventou Mary Poppins, mas que ela apareceu. Grandes gênios são assim", disse ela em defesa da autora. Thompson afirmou que entende porque Travers era relutante em entregar os direitos de sua criação a Walt Disney. "Eu sou roteirista. Meus personagens são feitos para sair das páginas para as telas. Eu sou implacável se eles não forem adotados da maneira que eu quero", disse.
Apesar de ter sido ignorado pelo Oscar (foi indicado somente na categoria de melhor trilha sonora), o longa foi bem recebido pela crítica, principalmente pelo trabalho de Emma Thompson - a atriz ganhou um Oscar por seu roteiro do filme Razão e Sensibilidade, de 1995. Também no elenco estão Colin Farrell, que vive o pai de Travers em flashbacks de sua infância na Austrália, e Tom Hanks, como o próprio Walt Disney. "Eu cresci com ele. Ele era onipresente em nossas vidas quando eu era criança - assim como o Tio Sam ou o próprio Mickey Mouse", disse o ator de 57 anos. "Porém, para interpretá-lo, eu não sabia por onde começar, a não ser pelas minhas próprias memórias. Claro, há muitos vídeos e áudios disponíveis, mas infelizmente a maioria é do Walt Disney como Walt Disney. É difícil encontrar momentos informais dele. Mas eu tive acesso à alguns deles, graças à sua filha", afirmou. O ator revelou que vê semelhanças com Disney. "Quando comecei nessa profissão, eu buscava um trabalho diferente do que eu tinha e ele também. Ele começou desenhando na garagem da sua casa com esperança de vender quadrinhos por US$ 5. Eu me identifico com a ideia. Você não sabe onde essas coisas vão te levar. Eu achava que esse trabalho de ator era algo que você fazia voluntariamente. Eu nunca me identifiquei com esse conceito de sonhar quando jovem. Não tinha um plano."
Walt nos Bastidores de Mary Poppins termina com a imagem de Travers emocionada, chorando enquanto assiste o filme. Apesar da autora não ter aprovado o longa de Walt Disney - ela não queria as cenas de animação -, o filme foi um estrondoso sucesso de bilheteria. Mary Poppins ganhou também uma versão na TV russa durante os anos 80 e um musical na Broadway, criado pelo irmãos Sherman (responsáveis pela trilha do filme), e hoje viaja em turnê pelo mundo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.