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O cohecido escritor e chargista jordaniano Nahed Hattar foi assassinado neste domingo (25), em Amã, quando saía de um tribunal onde era julgado pela difusão de uma caricatura considerada ofensiva ao Islã, informou a agência oficial Petra. O assassino, de 49 anos, um morador de Amã, foi detido pelas forças de segurança. Ele disparou três vezes contra Hattar, de 56 anos, quando ele subia as escadaria do tribunal de Abdali (centro da capital), onde devia comparecer.

O escritor, atingido na cabeça, morreu ao chegar ao hospital. Segundo testemunhas, o assassino era um homem barbudo que usava uma "thawb" - uma túnica tradicional até os tornozelos - de cor cinza. Disparou contra a vítima antes de se render aos policiais presentes frente ao tribunal.

Nahed Hattar, de religião cristã, foi detido em 13 de agosto depois de postar em sua página no Facebook uma charge na qual debochava dos extremistas do grupo sunita Estado Islâmico (EI). No desenho, é visto um jihadista no paraíso, cercado de duas mulheres, e que se dirige a Deus como se Este fosse um servo. O jihadista pede um copo de vinho e nozes e ordena que Deus mande alguém limpar a casa, advertindo-O que deve bater na porta antes de entrar.

A caricatura tinha por título "Deus de Dawaesh", em alusão aos jihadistas do Dáesh, acrônimo em árabe do grupo Estado Islâmico (EI).

- 'Insulto' al islam -

Hattar havia sido acusado pelas autoridades de "incitação ao ódioconfessional e insulto ao Islã". Em setembro passado, Hattar foi colocado em liberdade sob fiança, à espera do julgamento que aconteceria este domingo.

O Islã proíbe qualquer tipo de representação de Deus. Depois de ter causado grande comoção nas redes sociais, o escritor tirou a charge - que não é de sua autoria - de sua página.

Hattar explicou que a charge criticava "os terroristas e a forma que se imaginam no paraíso, e que de forma alguma ofende Deus". O governo jordaniano denunciou o assassinato do escritor como "um crime odioso" e prometeu processar o assassino.

A Irmandade Muçulana, primeira força de oposição na Jordânia, e a Dar al Ifta, a maior autoridade religiosa do país, também condenaram o crime. "A religião muçulmna é inocente deste crime odioso", indicou Dar al Ifta em um comunicado e pediu unidade aos jordanianos para combater "o terrorismo e a sedição".

A Jordânia é membro ativo da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos e combate o grupo EI no Iraque e na Síria. O reino, que há anos teme um contágio da ameaça extremista em seu território, foi cenário nos últimos tempos de dois atentados, um contra seus serviços secretos (5 mortos) e outro, reivindicado pelo EI, contra guardas da fronteira (7 mortos).

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