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Previsto para outubro de 2017, o Patteo Shopping, novo centro comercial que será erguido em Olinda, não é bem visto por todos. Um grupo de moradores da cidade Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade se organizou e criou o movimento “Mais Parques Olinda”, contrário a empreendimentos que deem prioridade ao privado em detrimento do público. Na área do futuro shopping, entre as avenidas Carlos de Lima Cavalcante e Getúlio Vargas, ao invés de lojas e salas de cinema, eles pedem arte, esportes e lazer.
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“Ali poderia ser um grande complexo cultural, esportivo da cidade, com vários tipos de aparelhos públicos que valorizassem aquela região. Pedimos à Prefeitura a possibilidade de rever esse projeto para uma maior integração social, já que a situação dos equipamentos culturais de Olinda está tão precária, como é o caso do Mercado Eufrásio Barbosa”, apontou um dos representantes do movimento, Alexandre Miranda.
De acordo com o movimento, a principal queixa é a do silêncio da Prefeitura do município. “Gostaríamos de saber como foi o processo de venda do terreno, como foi parar na mão da iniciativa privada. Também não sabemos se há um estudo de impacto ambiental, de trânsito. Fizemos um requerimento na Câmara e apenas alguns secretários afirmaram que tudo está em conformidade com a lei”, garantiu Miranda. Para o movimento, a gestão do atual prefeito, Renildo Calheiros, não se mostra aberta ao diálogo e não tem se preocupado com a vontade da população.
O terreno onde será construído o mall foi, durante muito tempo, um quartel do Exército. Agora, no terreno localizado na divisa dos bairros de Bairro Novo e Casa Caiada, uma extensa mata se formou, sendo o consequente habitat de várias espécies de animais, como aves e saguis. Morador das redondezas, o navegador aposentado Rafael Castro criticou veementemente a decisão de acabar com o espaço para transformá-lo em shopping.
“Foi uma barbaridade que fizeram aqui. Aos poucos, foram desmatando, queimando e acabando com as aves e os animais daqui. Percebo isso, com certeza, há no mínimo cinco anos. A população é muito passiva. Conheço vários lugares e poucas terras têm esta condição de Olinda, de o mar estar tão próximo do verde. E as pessoas parecem não estar nem aí”, assegurou o português que já mora na cidade-irmã do Recife há 15 anos.
Outras pessoas, entretanto, não veem problema em relação ao projeto. "Vejo com bons olhos e acho sim que vai valorizar a área. Antes era o quartel e não existia nada aí. Vai atender à população e gerar empregos", afirmou a moradora de um prédio vizinho ao terreno do novo shopping, Ailma Santos.
Prefeitura se diz aberta ao diálogo
Através da assessoria de imprensa, a Prefeitura de Olinda garantiu estar disposta a dialogar com a população, seja qual for o questionamento. Sobre a venda do terreno, uma das questões levantadas pelo Mais Parques Olinda, a Secretaria de Controle Urbano afirmou que todas as exigências e licenças foram tiradas, bem como a aprovação licença ambiental, aprovada pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH).
Inicialmente, o projeto do Patteo Shopping é orçado em R$ 500 milhões e a empreiteira responsável pelas obras é o Grupo CM. Em mais de 137 mil m², o centro de compras terá quatro pisos, além de estacionamento no subsolo e mais três pavimentos de garagem, totalizando 2.300 vagas.
Segundo o Grupo CM, o shopping vai gerar aproximadamente cinco mil empregos diretos e visa ser uma opção de compras, principalmente, para os moradores dos bairros de Casa Caiada, Bairro Novo, Amparo, Jardim Atlântico, Carmo e Varadouro. Atualmente, uma parte do terreno está totalmente parada, enquanto em outra é possível ver operários em atuação e, inclusive, uma usina de concreto em atividade.
Segundo Alexandre Miranda, do movimento Mais Parques, além do shopping, “dois espigões serão levantados” no terreno mais próximo da orla. Até a publicação desta matéria, o Grupo CM não havia confirmado a construção. Há uma coletiva de imprensa prevista para a próxima terça-feira (29) para maior detalhamento do projeto.