Dono de duas medalhas de ouro na Olimpíada de Tóquio, no ano passado, o nadador russo Evgeny Rylov anunciou nesta quarta-feira que não vai disputar o Mundial deste ano em protesto contra os atletas do seu país que foram impedidos de disputar outras competições internacionais nos últimos meses.
O banimento destes atletas foi uma retaliação de entidades esportivas contra a invasão russa na Ucrânia, que teve início no mês passado. Atletas paralímpicos russos foram impedidos de disputar a Paralimpíada de Inverno de Pequim enquanto Fifa e Uefa suspenderam a seleção russa, que agora não tem mais chances de se classificar para a Copa do Mundo do Catar, e times do país nas competições de clube na Europa, como a Liga dos Campeões.
##RECOMENDA##"Em apoio aos atletas paralímpicos russos, em apoio a todos os atletas russos que foram suspensos das competições internacionais, recuso-me a ir ao Campeonato Mundial de 2022 neste verão", disse Rylov, em suas redes sociais, antes de marcar o perfil da Federação Internacional de Natação (Fina) na publicação.
"Acredito que (os atletas) perdendo a competição, perde-se o desenvolvimento do esporte. Não importa o quão triste possa parecer, mas o esporte não pode se mover sem competidores dignos. Reflexões devem ser feitas pelas federações sobre a direção em que querem desenvolver o esporte e sobre se Pierre de Coubertin queria ver esta situação quando iniciou a organização dos Jogos Olímpicos, que deveriam unir as pessoas", comentou o russo, em referência ao francês que idealizou o atual formato da Olimpíada.
Rylov foi o maior destaque da natação russa nos Jogos de Tóquio, disputados em 2021. Ele foi campeão olímpico tanto nos 100 metros costas quanto na prova dos 200m do mesmo estilo. Festejado em seu país, chegou a ganhar um carro de presente do presidente Vladimir Putin em seu retorno à Rússia após estas conquistas.
O atleta de 25 anos, que é sargento da polícia em Moscou, também se tornou conhecido por ser um admirador do presidente, até com fotos publicadas em suas redes sociais. Na semana passada, Rylov virou notícia no mundo da natação por ser um dos atletas que participaram do evento protagonizado por Putin no estádio Luzhniki, em Moscou, onde o presidente fez uma demonstração de força local para exibir o suposto apoio popular à invasão da Ucrânia.
A presença do nadador no estádio causou repercussão imediata. Como consequência direta, perdeu um dos seus principais patrocinadores, a Speedo. Até nadadores russos recriminaram a participação de Rylov no evento político.
Diferentemente de outras entidades esportivas, a Fina não baniu os atletas russos de suas competições. Assim como no tênis, eles podem competir, mas sob bandeira neutra, sem referências ao seu país. O mesmo vale para esportistas de Belarus, nação que apoia a invasão russa na Ucrânia. Mas a entidade tirou da cidade russa de Kazan o Mundial de piscina curta, que seria disputado no país em dezembro.
O Mundial de piscina longa (50 metros) será disputado em Budapeste, na Hungria, entre 18 de junho e 3 de julho.