O ex-presidiário Donizeti Pascoal, 43 anos, morador de Sorocaba (SP), conseguiu localizar seus três filhos, adotados há 15 anos por um casal americano, com o auxílio da rede social Facebook.
Depois que saiu da prisão, ele entrou em um curso de alfabetização para adultos. Uma carta que escreveu à professora pedindo ajuda foi o caminho para o reencontro virtual com os filhos biológicos que, desde a adoção, vivem nos Estados Unidos. Agora, Pascoal quer ter um encontro pessoal com eles.
##RECOMENDA##O homem, que fabrica e vende cocadas em Sorocaba, viu a vida mudar quando, sob os efeitos da bebida, participou de um roubo e foi preso na década de 1990. Ele tinha três filhos pequenos com uma mulher que também vivia sob os efeitos do álcool. A família morava em uma favela, na zona norte da cidade, e não tardou para que as crianças ficassem em situação de abandono e fossem levadas pelo Conselho Tutelar a um abrigo. "Minha mãe queria ficar com as crianças, mas a mãe delas não permitiu", disse.
Chaira Cristina, na época com cinco anos, Jônatas, com três, e Naiara, com dois, foram adotados pelo casal americano. O marido e a mulher passaram um mês em Sorocaba convivendo com as crianças, antes de levá-las para o novo lar, no Estado de Oregon.
Pascoal saiu da prisão somente em 2004 e conta que, sem perspectiva de encontrar os filhos, voltou a beber e passou a viver na rua. Sua vida ganhou novo rumo quando conheceu a atual mulher, Luzia, há três anos. Ela o encaminhou a uma igreja e o incentivou a matricular-se no curso Alfa Vida, da prefeitura de Sorocaba, para aprender a ler.
Há um mês, a professora Tânia Aparecida Dias da Silva deu aos alunos a tarefa de escrever uma carta sobre tema livre. O ex-presidiário relatou seu drama e o desejo de encontrar os filhos. Com a ajuda de membros da igreja, conseguiu localizar o perfil de Chaira na rede social. A jovem usava o mesmo nome acrescido do sobrenome da família adotiva. "Eu tinha uma foto dela pequena e, quando vi a foto na internet, não tive dúvida de que era ela."
Chaira, que é formada e mora sozinha, respondeu às mensagens em português e, na semana passada, pai e filha se falaram pelo telefone. Em seguida, Pascoal conversou também com Jônatas, hoje com 18 anos, e Naiara, que tem 17. Ambos são universitários e moram com a família adotiva, mas falam mal o português.
"Quando minha filha disse que a vida toda esperou pelo meu contato, eu quase morri", disse Pascoal. Ele já começou a economizar para custear o reencontro. "Minha filha quer vir para Sorocaba, mas penso que o melhor seria eu ir para lá, assim vejo também o Jônatas e a Naiara."