A Rússia anunciou nesta sexta-feira (18) que fará no sábado, sob a supervisão do presidente Vladimir Putin, manobras de suas "forças estratégicas", incluindo disparos de mísseis balísticos e de cruzeiro, em meio à crise com países ocidentais sobre a Ucrânia.
"Em 19 de fevereiro, sob a direção do comandante supremo das Forças Armadas russas, Vladimir Putin, será organizado um exercício planejado das forças de dissuasão estratégicas", informou o Ministério da Defesa, citado pelas agências russas de notícias.
De acordo com Moscou, no âmbito desses exercícios, "serão realizados disparos de mísseis balísticos e de mísseis de cruzeiro". O treinamento também envolverá soldados do distrito militar Sul da Rússia, das Forças Aeroespaciais, das Forças Estratégicas e das frotas do Norte e do Mar Negro.
O objetivo dessas manobras é, segundo o ministério, "testar o nível de preparação" das forças envolvidas e a "confiabilidade das armas estratégicas nucleares e não nucleares".
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, garantiu que se trata de um "treinamento regular", o qual foi "notificado a diversos países por vários meios".
"Tudo está claramente regulado, e ninguém tem de ter dúvidas, ou preocupações, porque tudo foi notificado previamente", disse ele, acrescentando que são manobras "totalmente transparentes e totalmente compreensíveis para os especialistas estrangeiros".
"Não devem causar qualquer tipo de preocupação", reiterou.
Peskov acrescentou que Putin participará desses exercícios de um centro de comando especial.
Em sua definição mais ampla, as forças "estratégicas" russas servem para responder a ameaças, inclusive em caso de guerra nuclear. Estão equipadas com mísseis de alcance intercontinental, bombardeiros estratégicos de longo alcance, submarinos, navios de superfície e aviação naval com mísseis convencionais de longo alcance.
Estas manobras acontecerão em plena escalada das tensões com os países ocidentais, que acusam Moscou de ter estacionado cerca de 150.000 soldados na fronteira com a Ucrânia, com o objetivo de invadir esta ex-república soviética.
O presidente russo, Vladimir Putin, e altos funcionários de seu governo dizem que não planejam invadir a Ucrânia e que as tropas estão apenas realizando exercícios práticos.
Putin já deixou claro, porém, que o preço para remover qualquer ameaça seria a Ucrânia concordar em nunca se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e a aliança militar ocidental se retirar de uma faixa do Leste Europeu, efetivamente dividindo o continente em esferas de influência ao estilo da Guerra Fria.
Ontem, os Estados Unidos disseram ter recebido uma resposta de Putin às suas ofertas de uma solução diplomática para a crise, mas ainda não se pronunciaram a esse respeito.