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A Anistia Internacional denunciou nesta quarta-feira (2) um "frenesi de execuções" no Egito com a morte de pelo menos 57 pessoas nos últimos dois meses, o que revela uma "profunda crise de direitos humanos" no país.

"As autoridades egípcias embarcaram em um frenesi horrível de execuções nos últimos meses, matando uma multidão de prisioneiros", disse Philip Luther, chefe da ONG para o Oriente Médio e Norte da África, em um comunicado.

Segundo a Anistia, "somente em outubro e novembro, as autoridades egípcias executaram pelo menos 57 homens e mulheres", e esses números "provavelmente subestimam" o número real. Em 2019, 32 pessoas foram executadas, segundo a organização.

A ONG, que denuncia as condenações obtidas após "'confissões' marcadas pela tortura", também lamenta que as autoridades ataquem "corajosos defensores dos direitos humanos" que documentam estas violações.

A Anistia cita as prisões em novembro de três membros da Iniciativa Egípcia pelos Direitos Pessoais (EIPR), por questionamento sobre seu trabalho na documentação da justiça criminal.

De acordo com a Anistia, o "frenesi de execuções" começou depois de um incidente violento em setembro, no qual morreram quatro prisioneiros e outros agentes penitenciários. As execuções são "aparentes represálias" pelo que aconteceu, segundo a ONG.

A organização afirma que, além das 57 execuções que pôde constatar, “a mídia pró-governo noticiou que outros 31 homens e mulheres foram executados em outubro e novembro”. Essas execuções não foram verificadas pela Anistia.

Por sua vez, a ONG Human Rights Watch afirmou em 22 de outubro que naquele mês foram realizadas 49 execuções em 10 dias. Como a Anistia, o HRW pediu o "fim imediato" dessas práticas.

A Anistia também lamenta que, devido à “falta de transparência por parte das autoridades, seja desconhecido o número de presos ameaçados de execução”.

A organização cita o caso do monge copta Wael Tawadros, condenado em abril de 2019 pelo assassinato de um bispo, que sofreu "tratamento discriminatório e punitivo", como falta de correspondência com sua família ou acesso a um padre.

Desde a derrubada em 2013 pelo exército do presidente islâmico Mohamed Morsi e a chegada ao poder de Abdel Fattah al Sisi no ano seguinte, a oposição, islâmica ou liberal, tem sido alvo de uma repressão crescente.

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