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O embaixador do Brasil na França, Luis Fernando Serra, cancelou sua participação num evento de acadêmicos que fazem estudos sobre o Brasil, em Paris, após saber que o mesmo incluía na programação uma homenagem à vereadora Marielle Franco, executada a tiros junto com seu motorista, Anderson Gomes, no Rio de Janeiro em 2018. A revelação do fato levou o nome da vereadora aos temas mais comentados do Twitter neste sábado (18).

Segundo informações da coluna do jornalista Jamil Chade, as informações foram reveladas após parlamentares do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) solicitarem acesso aos telegramas internos, instruções e documentos do Itamaraty destinados a seus postos em outros países, para saber se há orientações de como tratar, internacionalmente, a morte da vereadora.

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Após a solicitação, o chanceler do governo Bolsonaro, Ernesto Araújo, foi obrigado a divulgar os documentos. Em 6 de agosto de 2019, o embaixador brasileiro Luis Fernando Serra indicou a realização do Congresso da Associação de Brasilianistas na Europa, reunindo cerca de 540 estudiosos do país no continente. “Convidado para assistir à cerimônia de encerramento do Congresso, fui informado de que o evento ocorrerá em local cedido pela prefeitura de Paris, com a presença da prefeita Anne Hidalgo (Partido Socialista)”, diz o embaixador em trecho de um telegrama oficial. 

Ele continua, explicando as homenagens que serão prestadas a Marielle e anunciando, em seguida, o cancelamento de sua participação e deixando claro que a homenagem é o motivo. Na ocasião, após a palestra final da conferência, deverá ser dada a palavra à prefeita para "prestar homenagem à brasileira Marielle Franco”. Na ocasião, a prefeita tornará pública a localização de jardim da capital francesa que receberá oficialmente o nome da vereadora brasileira. Ante o exposto, tomei a iniciativa de cancelar minha participação no referido evento", escreveu o embaixador.

A inauguração da praça francesa que leva o nome de Marielle foi feita em 22 setembro de 2019. No dia 26, um novo telegrama seria enviado de Paris ao Brasil informando que a diplomacia brasileira não foi convidada. A embaixada do Brasil não foi contatada ou convidada para a cerimônia de inauguração do Jardim Marielle Franco na capital da França", explicou Luis Fernando Serra.

Conflitos políticos internacionais

O embaixador brasileiro Luis Fernando Serra já havia se envolvido com temas ligados a Marielle em outra ocasião, e de uma forma conflituosa. No início de 2020, a senadora francesa Laurence Cohen, do Partido Comunista, que é também presidente do grupo interparlamentar de amizade França-Brasil, enviou uma carta à embaixada em Paris questionando o governo sobre as investigações relativas ao assassinato da vereadora. 

Um trecho da resposta recebida por ela foi publicado em seu Twitter no dia 3 de fevereiro. De forma agressiva, Luis Fernando Serra alegou “profunda consternação” diante dos questionamentos ao observar que “o assassinato de Celso Daniel e o ataque à vida de Bolsonaro não tiveram o mesmo eco na França que o assassinato de Marielle, que foi objeto até de mobilização na Assembleia Nacional”. 

Monitoramento e intimidação à imprensa estrangeira 

Os telegramas internos do Itamaraty entregue após pedido de parlamentares revelaram também que a diplomacia do Brasil monitora constantemente o que a imprensa estrangeira fala a respeito de Bolsonaro e sua ligação com o caso Marielle, chegando até a enviar notas de repúdio a redações de veículos de comunicação diante da publicação de matérias que considera inadequadas ou caluniosas. Um exemplo foi o do jornal sueco Dagens Nyheter, que segundo comunicação do Itamaraty, trazia "graves insinuações de vínculos do senhor presidente com facções criminosas do Rio supostamente envolvidas no crime", realizando uma “investida irresponsável e leviana” ao apontar que dois policiais envolvidos na morte de Marielle faziam parte do “esquadrão da morte - as chamadas milícias”, e “podem estar associadas ao presidente”, e apontar que um dos filhos de Bolsonaro, Flávio, “apoia as milícias do Rio”. 

"Tenciono enviar nova carta de repúdio ao referido periódico em que condenarei os ataques feitos à pessoa do presidente Jair Bolsonaro", escreveu o embaixador do Brasil no país, Nelson Antonio Tabajara de Oliveira.

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