Quem acompanha a TV Cultura de São Paulo reparou que a programação foi alterada sem prévio aviso. Além de não contar com o tradicional telejornal do meio dia, a emissora passou a retransmitir o sinal dos jogos paralímpicos da TV Brasil. Isso se deve a paralisação dos funcionários que teve início na última quinta-feira (8) para reivindicar melhores salários e condições de trabalho.
Os problemas financeiros da emissora vêm de longa data. Em agosto de 2010, o então secretário da Cultura de São Paulo, Andrea Matarazzo, declarou em uma entrevista que pretendia encerrar as atividades da TV Cultura. Em petição online, funcionários e ex-funcionários da casa conseguiram reverter a decisão e, ainda em novembro daquele ano, o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo enviaram uma carta ao Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo solicitando a abertura de um diálogo sobre o futuro do canal e as condições dos empregados.
##RECOMENDA##Em novembro de 2014, mesmo após ter sido reconhecida e premiada internacionalmente como a emissora com a segunda melhor programação mundial, atrás apenas da britânica BBC, novamente os problemas financeiros ameaçaram o funcionamento. O presidente da TV Cultura na época, Marcos Mendonça, solicitou uma “verba extra” ao governo paulista, mantenedor da Fundação Padre Anchieta, para pagar salários atrasados.
Desde 2011 a TV Cultura têm sofrido com frequentes cortes de funcionários e atrasos de salário. Em 2014, ex-funcionários fizeram uma campanha pedindo ajuda à população para que o canal fosse mantido pelo governo. Apresentadores e atores com passagens pela casa, como Luciano Amaral e Sabrina Parlatore, cederam suas imagens para produzir uma campanha nas redes sociais em que alertavam que era hora de “salvar” a TV Cultura. Em agosto de 2015, atrações como “Viola, minha viola”, “Provocações”, “É tudo verdade” e até mesmo o carro-chefe da emissora, o infantil “Cocoricó”, deixaram de ser produzidas. A ex-vj da MTV e então apresentadora do programa “Metrópolis”, Marina Person, não teve seu contrato renovado e encerrou sua participação no canal emocionada, declarando no ar que estava “profundamente triste” com a situação da TV Cultura.
Os funcionários em greve pedem reajustes salariais para radialistas (congelados desde 2014) e jornalistas (congelados desde 2013). A Justiça do Trabalho intermediará a negociação que será feita entre os sindicatos e a Fundação Padre Anchieta.
Por Wagner Silva