O ex-juiz e pré-candidato à Presidência Sérgio Moro (Podemos) prometeu divulgar nesta sexta-feira, 28, seus rendimentos no período em que atuou na área de compliance da consultoria americana Alvarez & Marsal. A informação foi divulgada em sua rede social. Desde que se lançou na política, Moro tem sido cobrado a dar explicações sobre sua trajetória na iniciativa privada.
O valor é questionado em investigação do Tribunal de Contas da União e petistas ensaiaram colher assinaturas para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre eventual conflito de interesses durante o período em que Moro trabalhou na consultoria americana.
##RECOMENDA##Em dezembro do ano passado, o ministro Bruno Dantas, do TCU, determinou que a consultoria Alvarez & Marsal apresentasse os documentos ligados à saída do ex-juiz da empresa, quando se lançou na política. Provocada pelo subprocurador Lucas Furtado, a Corte quer saber os termos do contrato e valores previstos no encerramento, incluindo o salário que Moro recebia na empresa, uma vez que a Alvarez & Marsal presta serviços a empresas envolvidas na Lava Jato.
No vídeo, o presidenciável do Podemos diz que a divulgação não é uma forma de ceder aos pedidos do tribunal. "Não estou cedendo ao TCU. O TCU está acabando, mas eu quero ser transparente com você, com a população brasileira, como toda pessoa pública deve ser", disse. Em entrevista ao Estadão, na segunda, 24, ele negou ter cometido qualquer irregularidade e disse que revelaria os valores apenas à Justiça Eleitoral: "Eu vou revelar meu salário, vou apresentar meu imposto de renda, declarar todos meus ganhos".
Ainda na segunda, a Alvarez & Marçal divulgou nota afirmando que o contrato assinado pelo presidenciável impedia a prestação de serviços a empresas ligadas à Lava Jato. O ex-juiz reafirmou o mesmo no vídeo divulgado hoje: "Vou mostrar também que não recebi nada de empresa investigada na Operação Lava Jato", disse.
Em outra frente, lideranças do PT passaram a avaliar a criação de uma CPI para apurar a existência de conflito de interesse na contratação do ex-ministro da Justiça. Contudo, o partido recuou da ideia. Nas redes sociais, o ex-juiz afirmou que a criação do colegiado seria um "tiro no pé".
"(O PT) percebeu que além de não haver justificativa legal, seria um tiro no pé, pois a CPI seria uma oportunidade de relembrar aqueles que realmente receberam suborno das empresas investigadas na Lava Jato", escreveu o presidenciável do Podemos.