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O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Tiago Correia, apresentou nesta terça-feira, 18, os primeiros cálculos oficiais para o rombo nas contas das empresas geradoras causado pelo déficit de geração das usinas hidrelétricas em 2015. De acordo com dados fornecidos pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) a conta em 2015, até agora, chega a no máximo R$ 10,3 bilhões. A estimativa é de um saldo negativo de mais R$ 2,24 bilhões até o fim do ano.

De acordo com Correia, o rombo acumulado em 2015 até agora é de R$ 4,65 bilhões para a usinas com contratos no ambiente regulado (ACR) e de até R$ 5,65 bilhões para a energia direcionada ao mercado livre (ACL). "Para o ACL, trata-se de uma estimativa como se toda essa energia estivesse contratada, o que não é o caso", ponderou.

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Até o fim do ano, o rombo para as geradoras estimado é de mais R$ 1,06 bilhão no mercado cativo e de até R$ 1,18 bilhão no mercado livre. "Com base no histórico do risco hidrológico entre 2001 e 2014, o evento de 2015 poderia ser previsto precificado pelos geradores. Considerando essa análise, os agentes deveriam estar preparados para um ano duas vezes pior do que o que está acontecendo", completou Correia.

O diretor explicou ainda que os cálculos excluem cerca de um terço da energia gerada pelas hidrelétricas brasileiras, referente à eletricidade de Itaipu e das usinas cujas concessões já foram renovadas que já tem o risco hidrológico bancado pelos consumidores.

Correia lê nesta tarde seu relatório sobre a proposta de regulamentação da repactuação do risco hidrológico. O governo publicou hoje em edição extra do Diário Oficialda União a Medida Provisória 688, que repassa o risco hidrológico dos geradores (GSF) de energia elétrica para os consumidores, por meio das bandeiras tarifárias. Essa repactuação do risco hidrológico também abre a possibilidade de extensão dos prazos das concessões das usinas por até 15 anos.

Com o risco hidrológico passando para os consumidores, o déficit na geração de energia será custeado pelos consumidores a partir das bandeiras tarifárias, sempre que os níveis dos reservatórios das hidrelétricas impedirem as usinas de produzirem toda a eletricidade exigida delas conforme suas garantias físicas. Mas, da mesma forma, quando houver excedente de geração, os ganhos que a usinas teriam no mercado secundário também serão revertidos para as contas de luz.

De acordo com a MP, a transferência do risco hidrológico para os consumidores exigirá contrapartida da parte dos geradores, que deverá vir por meio de um desconto nas atuais tarifas de geração. Desta forma, os atuais contratos dos agentes que aderirem à medida serão convertidos para a modalidade de energia de reserva.

Além disso, o rombo atual do setor de geração com o risco hidrológico será transformado em um ativo financeiro que será compensado ao fim dos atuais contratos, que poderão ser prorrogados por ate 15 anos, na proporção do déficit que vem sendo suportado pelas empresas. Como condição para aderir à medida, o governo exige que as geradoras desistam das suas dezenas de ações judiciais que buscavam livrar as empresas da responsabilidade por essa conta.

A geração hidrelétrica registrada em agosto foi a pior dos últimos nove anos. Ao todo, 40,5 mil megawatts (MW) de energia foram injetados no sistema elétrico no mês passado. Resultado mensal mais fraco do que esse só foi registrado em julho de 2005, quando 30,2 mil MW foram entregues, de acordo com informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Se observado o desempenho verificado nos meses de agosto, somente em 2004 foi registrado um desempenho tão fraco quanto o de agora. A gravidade da situação fica mais evidente quando os números são contrapostos à evolução da geração hidrelétrica neste mesmo período.

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Os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam que, em 2004, o Brasil tinha 79,6 mil MW de energia baseada em hidrelétricas e as chamadas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) - são as usinas que geram até 30 MW. Dez anos depois, a geração de energia extraída dos rios saltou para 87,6 mil MW, um crescimento de quase 10%. Isso significa que, passada uma década, e após uma ampliação significativa do potencial de geração, as hidrelétricas estão gerando hoje a mesma quantidade de energia de dez anos atrás.

Usinas em operação

Atualmente, há 1.137 hidrelétricas em operação no Brasil, responsáveis por entregar 67% da capacidade total do País - ou 136,7 mil MW. Os números da Aneel apontam que há 44 hidrelétricas em construção no País, as quais vão adicionar 14,8 mil MW ao sistema. Outros 193 projetos hidrelétricos já foram outorgados pela agência, mas ainda dependem da conclusão de processos de licenciamento ambiental ou realização de leilão pelo governo federal.

A geração térmica a gás, óleo, carvão e biomassa cresceu consideravelmente nos últimos dez anos. Em 2004, a energia extraída por essas usinas chegava a 19,5 mil MW, respondendo por 21,5% do potencial energético naquele ano. Atualmente, há 39,2 mil MW de geração térmica no sistema elétrico, o que corresponde a 29% do parque instalado. Outros 4% estão atrelados às usinas eólicas e nucleares. Ao todo, o sistema elétrico é abastecido por 3.350 usinas, entre todos os tipos de fontes de geração. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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