Tópicos | risco hidrológico

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil terá um novo "problema sério" pela frente em razão da falta de chuvas. Em conversa com apoiadores nessa segunda-feira (10), o chefe do Executivo disse prever nova "dor de cabeça" com a "maior crise que temos notícia". "Estamos com um problema sério pela frente. Estamos vivendo a maior crise hidrológica da história. Eletricidade. Vai ter dor de cabeça. Um choque, né? Maior crise que temos notícia. Demos mais um azar", disse.

O presidente frisou, ainda, que as chuvas previstas até março foram abaixo da expectativa, o que fez o cenário se agravar. "Vamos tentar aí, ver como que a gente pode se comportar", disse.

##RECOMENDA##

Desde meados de abril especialistas vêm falando em risco de desabastecimento por conta da falta de chuvas e ameaças de que se repita. No primeiro trimestre de 2021, o volume das chuvas que caem na região que abastece o Sistema Cantareira, em São Paulo, foi o mais baixo desde o final da última crise hídrica, em 2016.

As declarações do presidente foram feitas na tradicional interação com apoiadores que o esperam retornar ao Palácio da Alvorada, no início da noite. O presidente, porém, não mencionou nenhuma ação ou estratégia para atacar o problema.

A lei que dispõe sobre a repactuação do risco hidrológico de geração de energia elétrica e institui a bonificação pela outorga foi sancionada e publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira, 9, com dois vetos. A Lei 13.203 é resultado da conversão da Medida Provisória 688, aprovada pelo Senado no dia 24 de novembro, véspera do leilão das usinas hidrelétricas, o que viabilizou o certame.

A Lei permite que os geradores hidrelétricos repactuem o risco de seus contratos decorrentes de anos de baixa hidrologia. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou uma metodologia para permitir que os geradores troquem o risco de não conseguirem gerar o equivalente a suas garantias físicas por um "bônus de risco" a ser calculado para cada usina. Quanto maior a proteção que o gerador quiser garantir, maior será o bônus a ser pago.

##RECOMENDA##

Além disso, a repactuação do risco hidrológico permitirá que atual rombo do setor de geração hídrica - decorrente da estiagem de 2015 - seja convertido em um ativo regulatório que resultará em um aumento do prazo das concessões ao fim dos atuais contratos. Uma das condições para que os geradores possam aderir à repactuação do risco hidrológico é a desistência de dezenas de ações judiciais que hoje travam o sistema de liquidação de contas da Câmara Comercializadora de Energia Elétrica (CCEE).

Vetos

A Lei foi sancionada com dois vetos. O primeiro deles, ao inciso III do artigo 2º, que diz que a Aneel deverá estabelecer, a partir de 2016, a valoração e as condições de pagamento pelos participantes do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) do custo do deslocamento de geração hidrelétrica decorrente da geração de energia de reserva para os empreendimentos estruturantes reconhecidos pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

Segundo as razões do veto, também publicadas no Diário Oficial da União, o Ministério de Minas e Energia entendeu que "ao especificar que a valoração do custo do deslocamento de geração de energia elétrica deverá considerar a geração de energia de reserva para os empreendimentos estruturantes, o dispositivo limitaria a atuação da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, competente para a regulamentação do tema para todas as usinas hidrelétricas."

O segundo veto foi a um dispositivo inserido pelo artigo 10 do projeto de lei de conversão que trata das condições para os consumidores participarem das licitações. Segundo a exposição de motivos do veto, os Ministérios da Fazenda e do Planejamento se posicionaram contrários ao dispositivo por entenderem que ele "contrariaria a lógica de separação entre os Ambientes de Contratação Livre e Regulada, criada pela Lei 10.848, de 15 de março de 2004. Além disso, a proposta implicaria prejuízo aos consumidores cativos, uma vez que os colocaria em concorrência desequilibrada com consumidores livres na obtenção da energia fornecida."

Em uma vitória do governo, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na noite dessa terça-feira (10) a Medida Provisória (MP) 688/2015. Entre outras coisas, a proposta transfere o risco hidrológico (falta de chuvas) na geração hidrelétrica de energia ao consumidor final e prorroga contratos das usinas ou suas concessões, para compensar os prejuízos que tiveram neste ano com a geração menor.

Na votação, apenas uma emenda foi aprovada. A matéria agora segue para análise do Senado Federal. A MP foi editada pelo governo para compensar o déficit na geração das usinas, em razão da escassez de chuvas dos últimos anos.

##RECOMENDA##

Pelo texto aprovado, as geradoras poderão agora escolher se querem assumir um risco pela energia contratada a partir de 2016. Parte desse risco será coberta por um prêmio pago pelos geradores aos distribuidores como um seguro (que será utilizado para reduzir a tarifa), por meio de repasses da conta de bandeiras tarifárias, cobradas dos consumidores. A outra parte será coberta por investimentos em nova capacidade para as usinas.

A proposta é considerada fundamental para a continuidade dos planos de negócios das usinas hidrelétricas do Brasil. Na avaliação do governo federal, a MP também é essencial para o sucesso do leilão de 29 hidrelétricas antigas, que foi adiado de 6 de novembro para 25 de novembro, em razão do atraso na votação da matéria.

A meta do Executivo é captar até R$ 17 bilhões com o pagamento de outorga pela concessão dessas usinas, sendo R$ 11 bilhões ainda este ano e R$ 6 bilhões no primeiro semestre de 2016.

A aprovação também representa um alento ao governo depois que Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) suspendeu a liquidação de energia no mercado de curto prazo. Isso porque a medida provisória destrava o mercado de energia, ao propor que as empresas do setor repactuem as dívidas ao longo dos próximos meses e exigir que as companhias desistam de discutir a suspensão da liquidação na Justiça. A liquidação que estava marcada para esta semana era referente à energia produzida no mês de setembro.

Votação

O texto-base da MP foi aprovado por 257 votos a 173. Houve ainda cinco abstenções. A votação foi marcada por várias tentativas de obstrução da oposição, que alega que os R$ 17 bilhões que as usinas pagarão pelas outorgas serão repassados pelas empresas aos consumidores.

Emenda

Na votação, a única emenda aprovada foi a que suprimiu do texto dois parágrafos do artigo 6º que previam outorga de até 30 anos, prorrogáveis por igual período de tempo, sem precisar de licitação, e que condicionava à venda de pelo menos 50% de energia do empreendimento no mercado regulado. O trecho tinha sido incluído no texto-base durante análise na comissão especial e foi retirado após acordo entre a liderança do governo e o DEM.

O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Tiago Correia, apresentou nesta terça-feira, 18, os primeiros cálculos oficiais para o rombo nas contas das empresas geradoras causado pelo déficit de geração das usinas hidrelétricas em 2015. De acordo com dados fornecidos pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) a conta em 2015, até agora, chega a no máximo R$ 10,3 bilhões. A estimativa é de um saldo negativo de mais R$ 2,24 bilhões até o fim do ano.

De acordo com Correia, o rombo acumulado em 2015 até agora é de R$ 4,65 bilhões para a usinas com contratos no ambiente regulado (ACR) e de até R$ 5,65 bilhões para a energia direcionada ao mercado livre (ACL). "Para o ACL, trata-se de uma estimativa como se toda essa energia estivesse contratada, o que não é o caso", ponderou.

##RECOMENDA##

Até o fim do ano, o rombo para as geradoras estimado é de mais R$ 1,06 bilhão no mercado cativo e de até R$ 1,18 bilhão no mercado livre. "Com base no histórico do risco hidrológico entre 2001 e 2014, o evento de 2015 poderia ser previsto precificado pelos geradores. Considerando essa análise, os agentes deveriam estar preparados para um ano duas vezes pior do que o que está acontecendo", completou Correia.

O diretor explicou ainda que os cálculos excluem cerca de um terço da energia gerada pelas hidrelétricas brasileiras, referente à eletricidade de Itaipu e das usinas cujas concessões já foram renovadas que já tem o risco hidrológico bancado pelos consumidores.

Correia lê nesta tarde seu relatório sobre a proposta de regulamentação da repactuação do risco hidrológico. O governo publicou hoje em edição extra do Diário Oficialda União a Medida Provisória 688, que repassa o risco hidrológico dos geradores (GSF) de energia elétrica para os consumidores, por meio das bandeiras tarifárias. Essa repactuação do risco hidrológico também abre a possibilidade de extensão dos prazos das concessões das usinas por até 15 anos.

Com o risco hidrológico passando para os consumidores, o déficit na geração de energia será custeado pelos consumidores a partir das bandeiras tarifárias, sempre que os níveis dos reservatórios das hidrelétricas impedirem as usinas de produzirem toda a eletricidade exigida delas conforme suas garantias físicas. Mas, da mesma forma, quando houver excedente de geração, os ganhos que a usinas teriam no mercado secundário também serão revertidos para as contas de luz.

De acordo com a MP, a transferência do risco hidrológico para os consumidores exigirá contrapartida da parte dos geradores, que deverá vir por meio de um desconto nas atuais tarifas de geração. Desta forma, os atuais contratos dos agentes que aderirem à medida serão convertidos para a modalidade de energia de reserva.

Além disso, o rombo atual do setor de geração com o risco hidrológico será transformado em um ativo financeiro que será compensado ao fim dos atuais contratos, que poderão ser prorrogados por ate 15 anos, na proporção do déficit que vem sendo suportado pelas empresas. Como condição para aderir à medida, o governo exige que as geradoras desistam das suas dezenas de ações judiciais que buscavam livrar as empresas da responsabilidade por essa conta.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando